Recorte de jornal - final de futebol em 15 de maio de 1932 O 'Operário foi o campeão do ano Acervo: Geraldo Vieira Martins Junior |
Até se pode imaginar, no final do século dezenove e os primeiros anos do seguinte, com os avanços do leito ferroviário já nas imediações do território municipal santa-cruzense, os famosos 'rachas' entre os operários da Sorocabana, com os lados formados no 'par e ímpar', em finais de tardes ou nos dias de descansos.
Bastasse alguém passar por lá, de trole ou a cavalo, assistir ao 'peladão' e 'tirar um papo' para inteirar-se das 'regras', um vale tudo, menos mão na bola, exceto o goleiro; sem tempo para terminar a disputa, geralmente até o escurecer ou uma chuva forte; um 'campo' mais ou menos plano e retangular, sem medidas definidas, com as 'traves' de cada lado marcadas por dois tocos ou varas fincadas - estabelecidas na base dos passos ou conforme o tamanho do 'guarda-metas'; um numero igual de disputantes para cada lado, vencendo quem marcasse mais gols. Sabendo isto, o expectador já estaria apto para introduzir a novidade esportiva em seu lugar de origem.
"Chamamos a attenção dos amadores para uma circular do Club Foot-ball, inserta na seção competente desta folha. Esta util associação sportiva, como suas congeneres, tem por fim proporcionar aos associados agradável distração e boas horas de prazer. (...)." (Correio de Santa Cruz, 26/07/1908: 3).
"CLUB DE FOOT-BALLEstando quazi organizado este club, contando já avultado numero de socios jogadores, que contribuiram com suas joias, convida pois aquelles que quizerem fazer, virem alistar se antes de cheio o numero.Aceita-se qualquer donativo que quizem [quizerem] dar a esta sociedade sportivo [a].Domingo proximo publicar-se-a a lista dos socios e pessoas que contribuiram com donativos a esta sociedade.Santa Cruz, 25-07-908.Romulo Baptista"(Correio de Santa Cruz, 26/07/1908: 3).
Embora Romulo e José Maria estivessem numa mesma época em Santa Cruz, não consta em nenhum documento que ambos tenham juntos se empenhado na introdução do futebol local, cumprindo a informar que, em maio de 1908, inclusive, José Maria, embora engenheiro civil, respondia interinamente pelo Ministério Público da comarca enquanto o tempo de afastamento do titular (Correio Paulistano, 15/05/1908: 1).
Romulo Baptista não deve ser confundido com o Romeu Baptista, outro célebre incentivador do esporte santa-cruzense, no entanto, em época posterior.
Avós paternos de Rômulo: Manoel Franklin Baptista e dona Guilhermina da Silva Baptista; avós maternos: Henrique Xavier de Souza e dona Lucinda Adelaide [Xavier] de Souza.
Olga Campos, a jovem em questão, ante sua 'desonra' - critérios da época, suicidou-se, conforme ampla reportagem no estado do Rio de Janeiro: "O caso da rua Barão de Mesquita" (A Época, RJ, 20 de janeiro de 1914: 4, e, o Correio da Manhã, 16/01/1913: 1); ambas as publicações sobre os acontecimentos de 1911, exemplos aleatórios.
O professor Bellarmino Franklin Baptista, pai do Rômulo, desgostoso com os acontecimentos, suicidou-se aos 27 de maio de 1912, no edifício da 'Escola Normal da Capital - Rio de Janeiro' (O Paiz, 30/05/1912: 3); e Romulo esteve presente no sepultamento do pai, noticiado em todos os jornais da grande imprensa.
Rômulo uma das mais brilhantes inteligências de sua época, concursado e aprovado para o cargo de Juiz de Direito, no estado de Goiás, 'pronunciado pelo crime de defloramento', suicidou-se em São Paulo aos 05 de novembro de 1914, com apenas 25 anos de idade, no rumoroso e suspeito caso que ficou conhecido como o 'Suicídio no Hotel/Pensão Eiras', noticiado a exaustão pela grande imprensa, citados como exemplos o jornais paulistanos 'Gazeta' (06/11/1914: 3) e o 'Correio Paulistano' (07/11/1914: 6); e os cariocas 'O Século' (07/11/1914: 1) e o 'Jornal do Comercio' (08/11/1914: 5).
"SPORT CLUB SANTA CRUZ
No dia 31 do mes de outubro proximo findo, ás 6 horas da tarde, no Teatro S. Luis, reuniram-se em assembleia geral os socios dessa prospera agremiação recreativa, afim de eleger a sua directoria. Esta ficou constituida pelos seguintes srs. todos eleitos por unanimidade de votos: - Presidente - dr. José Maria de Lacerda, Vice-presidente - Manoel Pereira Tavares, Director - Augusto Swenson, Tesoureiro - Bichara Elias Eid, Secretario - Francisco Antonio Ravedutti, e Juiz de Campo - João Firmo de Oliveira." (Cidade de Santa Cruz, 07/11/1912:1).
Aos 24 de abril de 1913 o 'Sport Club Santa Cruz' é noticiado, agora numa missa que fez celebrar 'pela alma de Arthur Martins', morto por afogamento no rio Pardo (Correio Paulistano, 24/04/1913: 2), falando em nome do clube o seu presidente José Maria de Lacerda - engenheiro civil e agrimensor.
Os clubes possuíam, geralmente, duas equipes, '1º e 2º team' sendo o segundo para a partida preliminar e o primeiro para a disputa de fundo ou principal.
Não raramente, na ausência de adversários, os 1º e 2º times de uma mesma agremiação jogavam entre si, com reservas em comum, consoante matéria publicada pelo 'O Contemporaneo', de 08 de maio de 1915: 2, ao anunciar convocação das duas equipes do 'Sport Club Santa Cruz', para embate no dia 09 de maio, às 17,00 horas, a primeira equipe formada por 'José, Alexandre, Rocha, Ataliba Aristides, Francisco, Cruz 1, Castro, Cruz 2, Jayme e Flávio; a segunda com Castellete, Dias, Octavio, Jango, Jandyra, Totó, Cassio, Leite, Luiz, Accacio e Paulo'; e os reservas 'A. Nogueira, J. Santos e Chico'.
A chamada trazia, ainda, a observação: "Os captains pedem por nosso intermedio que todos os jogadores compareçam competentemente uniformisados".
Aos 31 de julho de 1915 novamente as equipes do 'Sport Club Santa Cruz' se enfrentaram, desta vez, em maioria, com diferentes jogadores: '1º time - José, Oscar Cyrillo, Accacio, Vieira, Dionísio, Cesar, Castro, Nino, Jayme e Cruz; 2º quadro - Castello [certamente o mesmo Castellete], Benedicto, Octavio, Flávio, Jango, Vicente, Leite, Luiz Adauto, Umberto e Paulo. As diferentes escalações demonstravam a importância do clube e não os participantes.
Havia toda importância e formalidades para os clubes de futebol. Uma reunião a realizar-se a 15 de agosto de 1915 para discutir assuntos do 'Sport Club Santa Cruz', por exemplo, foi convocada, via imprensa, pelo secretário Francisco Antonio Raveduti, por ordem do presidente da agremiação, nas dependências do 'Clube Social Tabajara' (O Contemporaneo, 28/08/1915: 3).
Imagina-se Santa Cruz, para a época, cidade pequena onde todos se conheciam e os recados facilmente repassados, até com eficiência maior que as convocações formais pela imprensa. Era, mesmo, para ninguém alegar ignorância.
"A associação 'União Esportiva' desta cidade em assembléa geral realizada no dia 3 do corrente, elegeu para seu presidente o cidadão Avelino Taveiros, que acceitando o cargo, tomará posse na próxima reunião. – Communicação que tivemos, o 'Sport Club Operario', de Ipaussú, virá a esta cidade, com seus teams, disputar um jogo amistoso, consolidando a solidariedade existente entre essas duas associações." (Cidade de Santa Cruz, 06/02/1921: 2).
A equipe, oficialmente 'União Esportiva', já era vista e tratada como 'Associação' face sentido mais amplo que 'União', assim, Associação Esportiva Santacruzense - este último como indicativo de local e/ou procedência.
O avareense Jandyra Trench, o terceiro grande nome influenciador de esportes em Santa Cruz do Rio Pardo, em 1915 jogava pelo 'Sport Santa Cruz', e, enquanto residiu no lugar, seu nome sempre esteve ligado às diversas agremiações e práticas esportivas, não apenas no futebol. Jandira e José Maria de Lacerda, sem dúvidas se conheceram nos tempos em que, juntos, se dedicavam aos desportos santa-cruzenses.
Jandira fez-se lembrado também em Penápolis - SP e seu nome dado ao 'Recinto de Exposições' daquela localidade, onde trabalhou como escrivão interino no fórum daquela comarca (DOSP, 01/12/1929), e prefeito municipal eleito - administração de 01/01/1952 a 31/12/1955 (Prefeitura de Penápolis: Galeria de Prefeitos).
"(...). De trem especial chegaram os jogadores de Avaré, acompanhados dos membros da diretoria, sendo recebidos nesta estação pela banda de musica 'União dos Artistas' e hospedados na 'Pensão Moraes'.
O jogo foi iniciado ás 16 horas, com grande enthusiasmo e enorme assistencia. Da bancada, o jovem poeta Hermes Rolando dirigiu uma breve saudação aos nossos visitantes." (Cidade de Santa Cruz, 07/01/1923 - gentileza do acervista Edilson Arcoleze Ramos de Castro).
O time santa-cruzense foi vitorioso, por dois a zero, e o time avareense retornou de trem à cidade de origem.
As dificuldades financeiras assolavam os pequenos clubes, precisando sua diretoria, quase sempre, arcar com as despesas de seus atletas, e, até estes mesmos auxiliavam os seus clubes com contribuições, e, então, literalmente pagava-se para jogar. Muitos clubes não iam adiante.
O futebol interiorano - geralmente formado por pequenos clubes, apenas ganhou incentivo maior a partir dos anos de 1930, quando o 'Governo Vargas' promoveu decretos e leis de amparos aos trabalhadores, com inclusões das classes não abastadas ao convívio social, pelo esporte e lazer, destacando-se o futebol como forma interativa entre as diversas classes de trabalhadores.
A exemplo de outras grandes empresas, a Estrada de Ferro Sorocabana aderiu à onda propagada, incentivando cada companhia sua, ou onde as gares, organizar times de futebol que promoveriam disputas entre si, com a vantagem da locomoção gratuita.
Em Santa Cruz do Rio Pardo tornou-se conhecido o time ferroviário, '7ª Companhia', mais voltado para disputas entre as gares [estações] estabelecidas, como Bernardino de Campos e Ipaussu, pouco depois Chavantes e Ourinhos, Salto Grande, Ibirarema, Palmital, Assis, Paraguaçu Paulista e adiante, chegando até Presidente Epitácio, formando a imensa 'Zona Sorocabana', desde Botucatu, que, se rivalizaria com a Noroeste - Bauru, e a Paulista - Marilia.
"Está fundado mais um clube de futebol nesta cidade – Commercial F.C. – constituido de elementos esforçados e modestos, sem o rotulo de figurões.A primeira directoria foi eleita na assembléa da fundação do club, dia 25 deste mez [25 de maio de 1931], ficando constituida da seguinte maneira: Presidente – Theophilo J. de Queiroz; Vice Dr. J. de Queiroz; Secretarios – Clovis Carvalho e Pedro Catalano; Thesoureiros – prof. Abilio Fontes e José Osiris Piedade; Orador Dr. Braz di Francesco. Commissão Fiscal – Fco. Villas Bôas, A. Dalmatti, prof. Mario Gualberto Camargo e Ricardo Campbell – Commissão Syndicancia, Humberto Magdalena, Olavo Madureira, A. Pelligrini e Jacomo Olivatt[i] – Commissão de Esportes - João M Filho, Americo Roder, José Felix e Elias Saliba. Director Esportivo – prof. Albino Mello Oliveira.O campo de esportes do novo Club acha-se localisado em terreno visinho às praças de esportes da A.O. [Associação Operária] Santacruzense e A.A. [Associação Atlética] Santacruzense.Está sendo preparado convenientemente, apresentando aspecto muito promissor e em breve se tornará, tambem, numa praça de esportes digna de fazer jús ás demais existentes nesta cidade." (A Cidade, 31/05/1931: 4).
Na história do XX de Janeiro consta uma mulher, Anna Maria Cotrim Monteiro "Presidente do time de futebol do Bairro São José, o 'Esporte Clube XX de Janeiro'-" (Debate, 30/01/2011, Anna, a pioneira, por Sonia Maria Monteiro - Seção Cartas), a saber que a mesma Anna, conhecida festeira na Comunidade do Bairro São José, e, também, a primeira mulher a disputar vaga na Câmara Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo.
Os autores eximem-se de qualquer polêmica ou responsabilidades, por colocar alguns nomes omitindo outros. Prado, jogador, não tem nenhum grau de parentesco conhecido com os autores, e os apanhados, sem paixões, foram através de jornais da época (CD: A/A).
"Jandyra Trench, presidente; José Pelegine, vice-presidente; Luiz Octavio de Souza, 1º Secretario; Romario Alves da Silva, 2º Secretario; Augusto Totti 1º Thezoureiro; José Amorim Ribeiro 2º Thezoureiro; Theophilo Queiroz 1º Director Esportivo; Marcello Lorenzetii, 2º Director Esportivo; Dr. HernandeBrasil, orador. A posse da Directoria será á 1º de Maio p. vindouro." (Gentileza de Edilson Arcoleze Ramos de Castro).
-Jogo contra o Clube Santos Dumont, time da capital (A Cidade, 26/04/1924: 6);-Disputa com equipe da Vila América de São Paulo (A Cidade, 10/05/1924: 4);-Excursão a Tietê - SP, para o jogo contra o Tietense (A Cidade, 24/05/1924: 2);-Jogo em Tietê jogo contra o Clube Comercial (A Cidade, 07/06/1924: 2).
"Realizou-se dia 31 p.p. a assembléa da fundação do 'ATHLETICO SANTACRUZENSE', sociedade esportiva para a pratica do futebol nesta cidade. Perante grande numero de esportistas deu-se a installação da mesa que deveria presidir os trabalhos e em seguida precedida a eleição da 1ª directoria. Foi, então, apresentada u'a moção, por um grupo de esportistas, pedindo fosse dispensada a eleição e se acclamasse a seguinte directoria:Presidente - Cap. Avelino Taveiros, Prefeito Municipal e director da Escola Normal; Vice-presidente - Prof. Dario Queiroz, Inspector - fiscal da Escola Normal; 1º e 2º secretários - Prof. Mario Gualberto de Camargo, director do Grupo Escolar e Braulio França Mello; 1º e 2º tehsoureiros - José Rocha e José Rios Massa.Commissões de esportes: - Joaquim Monteiro, Turreno Scuccuglia e Pedro Catalano.Comissão Fiscal: - Agenor de Camargo, Dr. José Carqueijo e Benedicto Carlos da Silva".Consultado pela mesa, todos presentes apoiaram a indicação, ficando assim constituida a 1ª directoria do ‘Athletico Santacruzense’, lavrando-se a respectiva acta." (A Cidade, 06/04/1930: 1).
"Nada mais havendo, foi encerrada a sessão, tendo antes, o Sr. Presidente cap. Avelino Taveiros communicado haver conseguido o terreno necessário para a construcção dum novo campo de futebol, o qual, deverá ser num dos terrenos do Sr. Joaquim Paulino, nesta cidade, que gentilmente não se recusou a emprestar assim o seu concurso aos esforços dos esportistas locaes".
A primeira crise da Associação surgiu logo, com o resultado adverso da 'Revolução de 1930', desfavorável a Santa Cruz, necessitando a entidade reorganizar-se, aos 11 de novembro de 1930, com nova diretoria, pois os principais nomes foram afastados da vida pública.
Independente da destituição dos políticos locais pela 'Revolução de 1930', a palavra empenhada para a construção do campo de futebol para a 'Associação Atlética Santacruzense' foi mantida, assim como os gastos da municipalidade, e o estádio inaugurado aos 07 de junho de 1931, com torneio eliminatório entre equipes da região e a renda revertida para obras do 'Hospital Santa Casa' (O Trabalho, edição de 07/06/1931: 2).
O semanário 'A Cidade' (31/05/1931: 4), reportando os acontecimentos, descreveu o estádio:
"O campo é todo fechado de madeira, caprichosamente cercado, com aspecto sóbrio e elegante. A fachada principal é mais imponente. Mais alta, traçada symetricamente, de forma vistosa.Ha duas entradas para o campo, aos lados, e ao centro um portão grande para vehiculos além das 2 bilheterias.Interiormente a vista geral é magestosa area grande, ampla.O recinto destinado à pratica do futebol, isto é, o campo propriamente dito, possue as dimensões estabelecidas pelo regulamento da A.P.E.A. [Associação Paulista de Esportes Atléticos, atual Federação Paulista de Futebol]. Separa a assistencia dos jogadores em toda a extensão do campo, um gradil caprichosamente assentado, solido e vístoso, formado por ripas de madeira colocadas verticamenete, escoradas por palanques fortes e presas em travessas horizontaes tambem de madeira.Num dos lados do fundo o espaço é maior, bem disposto, de forma a comportar os automoveis estacionados e permittir sejam manobrados á vontade.Cogita, ainda, a actual directoria, construir uma confortavel archibancada, bem talhada e nos moldes às que existem nos bons campos de futebol. Isso, porem, não será já e já, mas, estamos certos, muito em breve será uma realidade victorisosa.Finalmente, logo à entrada dessa bella praça de esportes, na parte interna, foi construido um optimo reservado, bem alto, de sorte a permittir aos convidados especiaes, autoridades etc. ficarem em boa posição para assistirem ao desenrolar dos jogos sem importunação alguma.
A sede da Associação seria transferida, depois, para a Praça 13 de Maio - atual Octaviano Botelho de Souza.
"Proporcionar aos seus associados toda sorte de exercicios esportivos e ao ar livre, especialmente futebol, remo, natação, polo aquatico, tennis, bola, jogos licitos, jogos de salão, leitura de livros, revistas e jornaes, promover festas esportivas entre os associados, ou com o concurso de outras sociedades, cobrar entradas a estranhos, quando estas festas tiverem caracter publico, promover reunião intima das familias".
Este era o local próximo onde prefeito Leonidas Camarinha (1938/1946) pretendia o estádio municipal de futebol, de acordo com o pacote desapropriatório de terras de Joaquim de Souza Campos:
"Decreto-Lei Municipal nº. 12, de 20 de dezembro de 1940. (...) sobre desapropriação de um terreno necessário à construção de um Parque Infantil e do Estádio Municipal." (A Cidade, 29 de dezembro de 1940: 2).
Leonidas Camarinha pensava num 'time de futebol municipal', vinculado à sua política, com isto, em 1945 intentar a fusão das 'Associações - Atlética Santacruzense, Operária Santacruzense e União Esportiva' para a formação de nova força futebolística.
A reunião de diretorias ocorreu num celebre encontro em janeiro de 1945, entre as partes interessadas, com aprovação da unificação das entidades esportivas, sob a denominação 'Associação Esportiva Santacruzense' (A Cidade, de 14 de janeiro de 1945: 1-2).
O mesmo semanário, na ocasião referiu-se ao 'bello campo da Vila Sidéria', da 'Associação Operária Santacruzense' - atual 'Estádio Municipal Leônidas Camarinha', e o time, pré-existente, já era carinhosamente chamado de 'tricolor santacruzense'.
"A valorosa entidade esportiva local, A. Athletica Santacrusense, acceitou as propostas que lhe foram feitas pela valorosa e pujante associação esportiva da Capital, Argonautas F. Clube, pertencente a divisão Municipal da APEA, onde conseguiu destacada posição.Assim por todo este mez, na 'cancha' dos rubros, dar-se-á a mais bella e empolgante batalha pébolistica, pois o conjuncto visitante além dos ‘players’ valorosos que possue, trará, integrando-o astros de primeira grandesa de futebol paulista, que nesta cidade pela primeira vez, farão exhibição de technica'.Por um requinte de gentilesas a direcção da poderosa agremiação esportiva da Capital, offerecerá aos vencedores onze bellissimas medalhas e uma rica taça.Eia, avante Santacrusenses". (O Trabalho, 18/05/1932: 2, significando APEA: Associação Paulista de Esportes Atléticos, atual Federação Paulista de Futebol).
A despeito do cansaço e das condições do time adversário, o tripudio dos torcedores do 'Operário' sobre os atleticanos envolveu as diretorias, numa crise sem precedentes entre os clubes, rompendo entendimentos campo e extracampo, um não jogava mais contra o outro, e assim permaneceram por dois anos.
De 1935 a 1937 estavam cessadas as grandes disputas entre a 'Associação Atlética Santacruzense' e a 'Associação Operária Santacruzense', até prevalecer a esportividade e o bom senso em agosto de 1937:
"O Athletico e o Operario medirão forças, dia 29 do corrente.O futebol santacruzense terá novamente os seus dias de glória, revivendo as memoraveis partidas desenroladas nos campos desta cidade.Depois de um prolongado afastamento, novamente os velhos rivaes da cidade, Associação Athletica Santacruzense e Associação Operaria Santacruzense conseguiram entrar em entendimentos honrosos, ficando assentado que esses clubs alinharão seus esquadrões, no próximo dia 29, no campo da Chacara Joaquim Paulino na primeira disputa da série 'Melhor das Trez'.Dizer-se da grande expectativa em torno desse esperado encontro, é tarefa difficil. Ambos os quadros estão em completa forma. Entrarão em campo, perfeitamente compenetrados da grande responsabilidade assumida pelas Directorias e serão os defensores disciplinados de suas cores.Nada poderá deslustrar o brilho invulgar da partida do proximo dia 29.Para isso, os directores do Operário e Athletico, em reunião realizada quinta-feira, entraram em perfeito accordo, resolvendo todos os pontos e idéias que apresentaram.Para a partida do dia 29, no campo do Athletico, actuará o snr. José Patrocinio, digno director esportivo daquella Associação e veterano do futebol santacruzense. O 2º jogo, a realizar-se dia 5, no campo do Operario, será actuado pelo snr. Romeu Rodrigues, esforçado treinador do quadro tricolôr.Grande é a animação que reina no meio esportivo. O Athletico e Operario farão novamente Santa Cruz voltar aos seus dias de gloria, revivendo, naquellas tardes, as memoraveis partidas desenroladas em outros tempos.Esperemos. (A Cidade, 15/08/1937: 4).
O alcaide acenara isto em 1940, ao editar o Decreto-Lei Municipal nº 12, de 20 de dezembro de 1940 "sobre desapropriação de um terreno necessário à construção (...) do Estádio Municipal" (A Cidade, 29 de dezembro de 1940: 2), de propriedade de Joaquim de Souza Campos, onde um campo de futebol desde 1931, a título precário, primeiro ocupado pelo Comercial Futebol Clube até sua extinção, e, depois, pela Associação Atlética.
"A Associação Esportiva Santacruzense foi fundada em 1931, por um grupo de funcionários da extinta Estrada de Ferro Sorocabana que trabalhava na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo. A 'Locomotiva', como apelidada, disputou sua primeira competição oficial, profissional, em 1954, no Campeonato Paulista da Terceira Divisão (atual Série A3), onde permaneceu até 1958. Neste meio tempo, em 1956 [ano referência 1955], o clube alcançou sua melhor classificação em uma competição até então: o vice-campeonato." (Federação Paulista de Futebol – FPF/Associação Esportiva Santacruzense).
Nenhum documento atesta o histórico acima.
"A Associação Esportiva Santacruzense foi fundada no dia 25 de janeiro de 1935 por um grupo de atletas amadores da cidade de Santa Cruz do Rio Pardo. O objetivo era competir com outras agremiações do município. Com o passar do tempo o clube foi conquistando o carinho dos torcedores e se tornou o time oficial da cidade." (Associação Esportiva Santacruzense - AES: História - CD: A/A).
A despeito de tal informação figurar na oficialidade da AES, nenhuma documentação localizada, e, por não constar em notícias esportivas santa-cruzenses, entre os anos 1930 a 1944, essa sua origem deve ser descartada.
A publicação, já à primeira vista aponta preexistência de outro plantel futebolístico local, que não a 'Associação Operária Santacruzense' nem a 'Associação Atlética Santacruzense', posto identificado pela sigla 'AES', que seria, por assimilação, 'Associação Esportiva Santacruzense', a tratar-se de clube reorganizado, na época, cuja diretoria também presente na citada reunião."Associação Esportiva SantacruzenseSob os melhores auspicios está sendo reorganisada a A. E. S., lider do futebol em nossa terra, legitima e tradicional expressão do nosso nome esportivo. Os antigos associados do clube juntamente com um pugilo de outros esportistas de bôa vontade tomaram o encargo de reorganisar o clube aproveitando todos os bons elementos que militavam antigamente no 'Operario e Atletico' e num laço de fusão surge a nova Associação com um programa novo e com novas diretrizes. É grande o entusiasmo. Os elementos são valorosos dos quais muito se pòde esperar, portanto, é justa a confiança de todos no ressurgimento do nosso futebol de alta classe.No domingo p.passado realizaram-se as eleições da Diretoria que irá dirigir a A.E.S. no corrente ano, ficando constituida da seguinte fórma:-Presidente - Cleophano Mota; vice - Carmelo Comegno; 1º secretario - Xisto Rios; 2º [secretario] Cornelio Campbell; 1º tesoureiro - Dante Saleme; 2º [tesoureiro] Arlindo Luiz Pereira.-Comissão de Sindicancia - Sebastião Marques de Oliveira; João Fleury e Cristovam Perez.-Comissão Fiscal - Italo Balielo, Manoel de Campos e Benjamim Benedito de Oliveira.-Consultor e Orador social - Pedro Catalano.A Diretoria deverá tomar posse hoje às 14 horas na séde social A Praça da Republica, após irá iniciar as suas atividades com empenho e orgnisará o regulamento interno, os quadros de amadores de futebol, escolherá os diretores esportivos e o treinador, recorrendo a elementos capazes e de bôa vontade e que satisfaçam plenamente aos interesses da Associação e sejam bem colhidos por todos." ('A Cidade', 14/01/1945: 1-2).
Houve dissidência na 'Associação Atlética Santacruzense', quanto a decisão tomada pela diretoria, e o time de futebol, com nova diretoria e reorganização estatutária de 1945, continuou com o mesmo nome e campo a disputar jogos amadores na cidade e região, inclusive participando de campeonatos oficiais; depois transferiu seu campo para próximo do Clube Náutico.
Já a 'Associação Operária Santacruzense' encerrou atividades, seu uniforme tricolor foi adotado pela Associação Esportiva Santacruzense, inclusive o seu estádio [campo] de futebol.
Do 'União Sportiva Santacruzense', com esse nome, nada mais se ouviu após 1944.
"Senão vejamos: Para o campeonato de 1950 sabe-se que a Federação Paulista de Futebol não permitirá que os clubes filiados disputem o certamem sem cumprir as exigencias que determina o Regulamento da entidade maxima paulista, quais sejam, entre outras, cercamento da praça de esportes de ‘propriedade do clube’, por alambrado, campo gramado, dois vestiarios com chuveiros, vestiario em separado para árbitros que porventura sejam designados pelo Departamento de Juizes para dirigir prélios do torneio interiorano."
A 'Associação Esportiva Santacruzense', em 1956 sagrara-se campeão da Série A - 3ª Divisão de Profissionais, campeonato de 1955, indo para a final do estadual contra o Ituano.
O acontecimento gerou equívoco, que a AES teria sido campeã estadual em 1955/1956.
A elite do futebol, formada por grandes clubes e outros classificados em campeonatos regionais, era denominada de 'Divisão Especial'.
"Os repasses ilegais de dinheiro público à Esportiva Santacruzense começaram em 2004, quando o prefeito Adilson Donizeti passou a usar politicamente o time profissional de futebol. Na época, o presidente do time, Pedro Lombardi, foi nomeado diretor de esportes. Como a lei proíbe o repasse de recursos oficiais a clube de futebol, o prefeito elaborou leis indicando que o dinheiro seria para fomentar 'categorias de base' da Esportiva. As primeiras transferências foram pequenas, mas no ano passado o prefeito elaborou lei para entregar R$ 120 mil ao clube. Na Câmara, os vereadores aprovaram uma emenda determinando prestação de contas. Os balanços, todavia, sempre foram feitos com atraso, contrariando a própria lei do prefeito. Mas as notas fiscais que apareceram deixaram claro que havia fraude. Além de gastos com hotéis e restaurantes nas cidades onde a Esportiva jogava com o time profissional, as prestações exibiram notas de mercados indicando compra de produtos totalmente incompatíveis. Em muitas delas, o clube teria adquirido toneladas de mantimentos, entre lingüiça, carne bovina, centenas de litros de leite e óleo. Estava claro que a Esportiva não possuia sequer local adequado para armazenar tantos produtos. Recibos de técnicos de "categoria de base" também foram apresentados, com fortes indícios de fraude. Em depoimentos, o Ministério Público descobriu toda a armação." (Debate, 04/11/2007).
"A conduta revela extrema audácia e abuso de poder, desvio de finalidade e malbaratamento da coisa pública. Manter o requerido Adilson no cargo é tolerar, até o fim de seu mandato, a presença de um perigo constante ao erário que, como se sabe, após lesado, dificilmente é reparado em sua integridade”, sem se esquecer de "outras condutas ímprobas do atual alcaide." (Debate, 04/11/2007).
"(...) a prestação de contas apresentada, nos termos do art. 33, III, 'b', da Lei Complementar Estadual nº 709/93, e condeno a Entidade Beneficiária: Associação Esportiva Santacruzense, na pessoa de seu representante legal, à pena de devolução do valor recebido, devidamente corrigido, nos termos do artigo 36 do mesmo diploma legal, ficando, até o efetivo recolhimento, proibida de receber novos benefícios, na forma do disposto no artigo 103, da referida Lei." (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, repasses públicos, Processo nº 002480/004/07).
Existem outras lendas mais ou menos iguais a esta, sobre clubes que um dia rejeitaram Pelé, inclusive o Esporte Clube São Bento, de Sorocaba, cujo diretor Flávio Guariglia, no início de 1957, que teria procurado pela direção do time da Vila Belmiro para contratar, por compra ou empréstimo, alguns reservas do Santos, que tinha quatro jogadores disponíveis, entre eles o Pelé, que não despertou qualquer interesse do São Bento (https://escanteiosp.com.br/noticias/rei-alviceleste-o-dia-em-que-o-sao-bento-rejeitou-pele-em-1957/ gentileza do jornalista Aurélio Fernandes Alonso).— A lenda é dos anos 1960, conforme se contava em 1977, fato confirmado, mas não documentado, por Lucio Casanova Neto que disse ser tudo uma brincadeira.
O Sport Club Corinthians também rejeitou Pelé, antes de ser levado para o Santos, numa das maiores mentiras do futebol brasileiro.