Clóvis, médico financeiramente estável, buscou formação política firmada em sua personalidade populista e autoritária, para alguns até contravertida, a partir das condições culturais por ele adquiridas sem abrir mão da sua estabilidade e respeito profissional, à vivência direta dos problemas humanos na sociedade mais pobre, ou seja, no aliciamento das classes sociais menos favorecidas, através do assistencialismo facilitado pela profissão.
Frequentava ambientes comuns à população, os bares e lugares não sofisticados. Somente o título de 'doutor', por tradição, o tornava diferente e defensor dos mais fracos. Isto fazia bem aos pobres, estar num lugar ao lado daquele que se fazia igual. Tinha discurso empolgante daquilo que poderia fazer, caso tivesse autoridade, com uso e abuso da propaganda pessoal, boca a boca.
Bebia 'alcoolicamente bem', se dizia e agia como pobre e gostava de pescarias em caravanas, além de ser torcedor do Corinthians - paulista, time de massa, e liderava torcidas quando a equipe fazia bom campeonato.
A classe média achava interessante a atitude de Clóvis, em relação aos pobres. Aparentemente não mostrava inclinações políticas, mas não evitou quando representantes de comunidades carentes pleitearam seu nome para disputar as eleições em 1982, num momento político favorável aos candidatos do PMDB, com Franco Montoro e Quércia disputando do governo paulista.
Optou em sair candidato a vice-prefeito de Onofre Rosa de Oliveira - o 'Caboclinho', hábil político. Para garantir-se mais, Clóvis também foi candidato a vice na chapa de Manoel Carlos 'Manezinho' Pereira, um jovem e inexperiente político, na época, que se mostrava a grande sensação. A legislação permitia-lhe isto num mesmo partido que podia lançar até três candidatos por sigla partidária.
Onofre ganhou a eleição e Clóvis assumiu a 'Secretaria da Saúde - então Serviço Integrado de Saúde - SIS', e o controle da Assessoria de Imprensa, garantindo espaço no semanário 'Santa Cruz Notícias - jornal do prefeito', conquistar a Promoção Social e firmar-se na Educação.
Bem relacionado nos altos escalões do governo estadual, Clóvis trouxe conquistas de impactos: 'padaria para a merenda escolar' cujo excedente distribuído aos pobres, a 'vaca mecânica' para a produção de leite de soja, para os estudantes e os menos favorecidos da sociedade.
Antecedido de propaganda de mais de um ano, promoveu a 'Municipalização da Saúde' como se fosse proposta sua junto ao Governo de São Paulo, e através de sua equipe auxiliou planos diretores de municípios vizinhos.
A sorte lhe foi favorável, com acréscimo de dois anos aos quatro de mandato de Onofre. Clóvis teria condições de preparar-se melhor.
O médico vice-prefeito influenciou Onofre para a instalação da 'Usina de Lixo', pregando à população a importância daquela aquisição.
Clóvis, naquilo que lhe era dado autonomia, tomava medidas radicais, por exemplo, o fechamento do matadouro municipal sem consultar órgãos federais responsáveis pelo assunto.
O vice-prefeito valera-se do ardil: se o prédio era municipal e este estava interditado, e ele defendia a saúde da população, então o órgão da união que fosse montar matadouro noutro lugar. Com este ato mostrou coragem, como o homem que enfrentava 'os grandes'.
Com o apoio de Onofre, em 1988, ninguém duvidava que Clóvis fosse o prefeito eleito, candidato popular que encontrou em Eduardo Blumer, para vice, representante das elites, nascido de tradicionais famílias santa-cruzenses, militantes outrora da União Nacional Democrática - UDN.
Ganhou as eleições e, bem ao 'gosto do povão', mostrou certos arroubos de autoritarismo, desprezando posições e títulos de terceiros, mas exigindo os seus. Clóvis no poder fez canal direto com o movimento político por ele controlado, em desprezo às associações de classes e dos partidos políticos, e a câmara lhe ficou refém.
A equipe de Clóvis, bastante afinada, soube neutralizar com eficiência as distinções e conflitos de classes, e governava pregando que quatro anos seriam pouco para suas realizações. Politicamente rompia com o passado retrógrado, prometia avanços, e transitava como esperança para as esquerdas, sobrepondo-se à direita, embora o seu chefe de obras, Eduardo Blumer, fosse representante e membro da elite santa-cruzense.
Clóvis sabia que não faria de Eduardo Blumer o seu sucessor, em 1992, mas fez com que este acreditasse na vitória. Retornaria quatro anos depois, para fazer um governo pífio, sem realizações e criticado.
Já não havia mais lugar para o populismo autoritário, conforme o seu jeito de ser. Experimentou candidatura para deputado estadual em 2002 e foi um fracasso. Em 2008 disputou e perdeu a prefeitura, como vice de outro médico, Otacílio Parras Assis, e repetiria o malogro em 2012 como vice de Luciano Aparecido Severo - 'Sargento Severo'.
Frequentava ambientes comuns à população, os bares e lugares não sofisticados. Somente o título de 'doutor', por tradição, o tornava diferente e defensor dos mais fracos. Isto fazia bem aos pobres, estar num lugar ao lado daquele que se fazia igual. Tinha discurso empolgante daquilo que poderia fazer, caso tivesse autoridade, com uso e abuso da propaganda pessoal, boca a boca.
Bebia 'alcoolicamente bem', se dizia e agia como pobre e gostava de pescarias em caravanas, além de ser torcedor do Corinthians - paulista, time de massa, e liderava torcidas quando a equipe fazia bom campeonato.
A classe média achava interessante a atitude de Clóvis, em relação aos pobres. Aparentemente não mostrava inclinações políticas, mas não evitou quando representantes de comunidades carentes pleitearam seu nome para disputar as eleições em 1982, num momento político favorável aos candidatos do PMDB, com Franco Montoro e Quércia disputando do governo paulista.
Optou em sair candidato a vice-prefeito de Onofre Rosa de Oliveira - o 'Caboclinho', hábil político. Para garantir-se mais, Clóvis também foi candidato a vice na chapa de Manoel Carlos 'Manezinho' Pereira, um jovem e inexperiente político, na época, que se mostrava a grande sensação. A legislação permitia-lhe isto num mesmo partido que podia lançar até três candidatos por sigla partidária.
Onofre ganhou a eleição e Clóvis assumiu a 'Secretaria da Saúde - então Serviço Integrado de Saúde - SIS', e o controle da Assessoria de Imprensa, garantindo espaço no semanário 'Santa Cruz Notícias - jornal do prefeito', conquistar a Promoção Social e firmar-se na Educação.
Bem relacionado nos altos escalões do governo estadual, Clóvis trouxe conquistas de impactos: 'padaria para a merenda escolar' cujo excedente distribuído aos pobres, a 'vaca mecânica' para a produção de leite de soja, para os estudantes e os menos favorecidos da sociedade.
Antecedido de propaganda de mais de um ano, promoveu a 'Municipalização da Saúde' como se fosse proposta sua junto ao Governo de São Paulo, e através de sua equipe auxiliou planos diretores de municípios vizinhos.
A sorte lhe foi favorável, com acréscimo de dois anos aos quatro de mandato de Onofre. Clóvis teria condições de preparar-se melhor.
O médico vice-prefeito influenciou Onofre para a instalação da 'Usina de Lixo', pregando à população a importância daquela aquisição.
Clóvis, naquilo que lhe era dado autonomia, tomava medidas radicais, por exemplo, o fechamento do matadouro municipal sem consultar órgãos federais responsáveis pelo assunto.
O vice-prefeito valera-se do ardil: se o prédio era municipal e este estava interditado, e ele defendia a saúde da população, então o órgão da união que fosse montar matadouro noutro lugar. Com este ato mostrou coragem, como o homem que enfrentava 'os grandes'.
Com o apoio de Onofre, em 1988, ninguém duvidava que Clóvis fosse o prefeito eleito, candidato popular que encontrou em Eduardo Blumer, para vice, representante das elites, nascido de tradicionais famílias santa-cruzenses, militantes outrora da União Nacional Democrática - UDN.
Ganhou as eleições e, bem ao 'gosto do povão', mostrou certos arroubos de autoritarismo, desprezando posições e títulos de terceiros, mas exigindo os seus. Clóvis no poder fez canal direto com o movimento político por ele controlado, em desprezo às associações de classes e dos partidos políticos, e a câmara lhe ficou refém.
A equipe de Clóvis, bastante afinada, soube neutralizar com eficiência as distinções e conflitos de classes, e governava pregando que quatro anos seriam pouco para suas realizações. Politicamente rompia com o passado retrógrado, prometia avanços, e transitava como esperança para as esquerdas, sobrepondo-se à direita, embora o seu chefe de obras, Eduardo Blumer, fosse representante e membro da elite santa-cruzense.
Clóvis sabia que não faria de Eduardo Blumer o seu sucessor, em 1992, mas fez com que este acreditasse na vitória. Retornaria quatro anos depois, para fazer um governo pífio, sem realizações e criticado.
Já não havia mais lugar para o populismo autoritário, conforme o seu jeito de ser. Experimentou candidatura para deputado estadual em 2002 e foi um fracasso. Em 2008 disputou e perdeu a prefeitura, como vice de outro médico, Otacílio Parras Assis, e repetiria o malogro em 2012 como vice de Luciano Aparecido Severo - 'Sargento Severo'.
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