O poder político/partidário santa-cruzense-do-rio-pardo, nos tempos do império, era representado pelo seu prestigioso chefe, conservador ou liberal, nome de maior proximidade junto à esfera provincial, cargo ocupado quase sempre com violentas disputas de mando, às vezes internas, além dos golpes, ardis, tocaias, assassinatos e dissidências.
Alheio às altercações para o mando político local, o então tenente-coronel, depois coronel, Marcello Gonçalves de Oliveira, filiado e representante do Partido Republicano Paulista - PRP, pelo qual vereador em 1886, viu-se guindado à condição de 'prestigioso chefe político' com o golpe militar de 1889 que revogou o império para implantar a república no Brasil.
O natural crescimento perrepista santa-cruzense, desde então, abrigou duas alas conflitantes, a 'velha guarda' - aqueles filiados ao partido antes da Proclamação da República liderados pelo coronel Marcello, e os da 'nova guarda' ou 'adesistas' - ingressos posteriormente, cuja expressão maior o tenente-coronel João Baptista Botelho, latifundiário egresso do extinto Partido Liberal, homem ávido pelo poder.
Botelho em 1890, na ausência prolongada do coronel Marcello à frente do PRP, aproximou-se do presidente da Província de São Paulo, Prudente de Moraes, apresentando-lhe uma série de problemas no município santa-cruzense, causado pela ‘displicência’ do chefe político local, para então assumir a direção perrepista, num tumultuado período de perseguição aos adversários e contestadores. Contrapôs-lhe o deputado [federal] constituinte, Antonio José da Costa Junior, em 1892, quando o vice-presidente do estado paulista, José Alves de Cerqueira César, assumiu interinamente o poder nomeado por escolha indireta.
O fazendeiro Costa Junior, com interesses e residente intermitente em Santa Cruz do Rio Pardo, era político poderoso e muito próximo de Cerqueira César, e fez destituir Baptista Botelho e retornar o coronel Marcello ao poder.
Com a morte de Marcello, em 1896, Botelho, vinculado ao Campos Salles - o novo presidente da província, assumiu o diretório municipal como 'prestigioso chefe político', consolidando-se no poder em janeiro de 1897 ao receber sua nomeação como 'Coronel Comandante da Guarda Nacional da Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo' (DOSP, 10/02/1897: 5).
O natural crescimento perrepista santa-cruzense, desde então, abrigou duas alas conflitantes, a 'velha guarda' - aqueles filiados ao partido antes da Proclamação da República liderados pelo coronel Marcello, e os da 'nova guarda' ou 'adesistas' - ingressos posteriormente, cuja expressão maior o tenente-coronel João Baptista Botelho, latifundiário egresso do extinto Partido Liberal, homem ávido pelo poder.
Botelho em 1890, na ausência prolongada do coronel Marcello à frente do PRP, aproximou-se do presidente da Província de São Paulo, Prudente de Moraes, apresentando-lhe uma série de problemas no município santa-cruzense, causado pela ‘displicência’ do chefe político local, para então assumir a direção perrepista, num tumultuado período de perseguição aos adversários e contestadores. Contrapôs-lhe o deputado [federal] constituinte, Antonio José da Costa Junior, em 1892, quando o vice-presidente do estado paulista, José Alves de Cerqueira César, assumiu interinamente o poder nomeado por escolha indireta.
O fazendeiro Costa Junior, com interesses e residente intermitente em Santa Cruz do Rio Pardo, era político poderoso e muito próximo de Cerqueira César, e fez destituir Baptista Botelho e retornar o coronel Marcello ao poder.
Com a morte de Marcello, em 1896, Botelho, vinculado ao Campos Salles - o novo presidente da província, assumiu o diretório municipal como 'prestigioso chefe político', consolidando-se no poder em janeiro de 1897 ao receber sua nomeação como 'Coronel Comandante da Guarda Nacional da Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo' (DOSP, 10/02/1897: 5).
A chegada de Campos Salles à presidência da república, em 1898, solidificou o domínio do coronel Baptista Botelho na direção política perrepista local, fazendo eleger deputado estadual o advogado ‘santa-cruzense’ Cleophano Pitaguary de Araujo, na legislatura de 1898/1900, e, reeleito para o mandato de 1901/1903.
O coronel Baptista Botelho, no ano de 1900, dominava a política na comarca, quando, em 1901, o presidente Campos Salles rompeu o compromisso assumido com Prudente de Moraes em apoiar José Alves de Cerqueira Cesar para o governo de São Paulo, ao impor o nome de Bernardino de Campos, gesto visto como interferência na política estadual, compromissos rompidos e quebra da unidade partidária, agravada, sobremaneira, com a disposição de Rodrigues Alves, chefe do executivo paulista, apoiar Campos Salles, sob a promessa de ter o seu nome indicado para a presidência do Brasil. Revoltou-se o Baptista Botelho, rapidamente a contagiar outros coronéis no Médio Paranapanema.
Costa Junior, político habilidoso, há tempos vinha colecionando acusações contra o Botelho, por improbidade e desvios de recursos públicos, situações agravadas com o encabeçamento de revolta dissidente regional, já inevitável. Com as denúncias aceitas pela Comissão Central do PRP, Botelho foi apeado do poder, e, em seu lugar, o médico Francisco de Paula de Abreu Sodré, genro de Costa Junior.
Dissidência criada, início de um período político sangrento na história local, com violência deflagrada entre grupos encarabinados, os 'pica-paus' defendendo os novos chefes, Costa Junior/Abreu Sodré, e os 'jagunços' lutando pela manutenção do Botelho no cargo, brigas a pau e a tiros, tocaias e atentados, vidas ceifadas, famílias enlutadas e divididas politicamente, e foram às urnas nas eleições de 16 de dezembro de 1901, com fraudes e abusos de ambos os lados, na denominada 'bacanal eleitoral', e o grupo de Botelho fragorosamente derrotado.
Contra o Botelho, ainda naquele nefasto 1901, graves problemas financeiros com a primeira crise dos cafeicultores, "difficuldades que vêm de longe, creadas pela crise financeira do paiz, aggravadas neste momento pela baixa do preço do café" (RG, U 1156, 1901: 5). A não bastar, também denunciado pelos vencedores, através de Costa Junior, por desvio de recursos públicos, falcatruas contra o Tesouro do Estado quando no cargo de coletor de rendas, desfalques e desvios de verba pública municipal, malversação do erário, dilapidação dos bens municipais, formação de quadrilha, corrupção e exacerbado despotismo.
Condenado por sindicâncias, camarária e independente, Botelho seria levado às barras do judiciário santa-cruzense, onde o juiz de direito Augusto José da Costa, irmão e genro de Costa Junior, além de tio, por afinidade, e concunhado de Francisco de Paula de Abreu Sodré. Empobrecido, sem influência política e ciente da condenação judicial, Botelho optou por atentar contra a vida, a 02 de julho de 1902, vindo a óbito seis dias depois.
Costa Junior, político habilidoso, há tempos vinha colecionando acusações contra o Botelho, por improbidade e desvios de recursos públicos, situações agravadas com o encabeçamento de revolta dissidente regional, já inevitável. Com as denúncias aceitas pela Comissão Central do PRP, Botelho foi apeado do poder, e, em seu lugar, o médico Francisco de Paula de Abreu Sodré, genro de Costa Junior.
Dissidência criada, início de um período político sangrento na história local, com violência deflagrada entre grupos encarabinados, os 'pica-paus' defendendo os novos chefes, Costa Junior/Abreu Sodré, e os 'jagunços' lutando pela manutenção do Botelho no cargo, brigas a pau e a tiros, tocaias e atentados, vidas ceifadas, famílias enlutadas e divididas politicamente, e foram às urnas nas eleições de 16 de dezembro de 1901, com fraudes e abusos de ambos os lados, na denominada 'bacanal eleitoral', e o grupo de Botelho fragorosamente derrotado.
Contra o Botelho, ainda naquele nefasto 1901, graves problemas financeiros com a primeira crise dos cafeicultores, "difficuldades que vêm de longe, creadas pela crise financeira do paiz, aggravadas neste momento pela baixa do preço do café" (RG, U 1156, 1901: 5). A não bastar, também denunciado pelos vencedores, através de Costa Junior, por desvio de recursos públicos, falcatruas contra o Tesouro do Estado quando no cargo de coletor de rendas, desfalques e desvios de verba pública municipal, malversação do erário, dilapidação dos bens municipais, formação de quadrilha, corrupção e exacerbado despotismo.
Condenado por sindicâncias, camarária e independente, Botelho seria levado às barras do judiciário santa-cruzense, onde o juiz de direito Augusto José da Costa, irmão e genro de Costa Junior, além de tio, por afinidade, e concunhado de Francisco de Paula de Abreu Sodré. Empobrecido, sem influência política e ciente da condenação judicial, Botelho optou por atentar contra a vida, a 02 de julho de 1902, vindo a óbito seis dias depois.
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1. Joaquim Manoel de Andrade
2. Emygdio José da Piedade
2.1. Suspicácias sobre o coronel deputado
3. Joaquim José Botelho
4. Marcello Gonçalves
1. Histórico familiar e sócio-comunitário
2. Prestigioso 'chefe político'
3. O poder contestado - dissidência 'perrepista'
4. Grave crise financeira
5. Conflito conjugal
6. A esposa dona Guilhermina Brandina da Conceição
7. Desvios de dinheiro público
8. Falcatruas contra o Tesouro do Estado
9. Desfalques e desvios de verba pública municipal
10. Acontecimentos precedentes à tentativa suicida
Aconteceu em Santa Cruz do Rio Pardo
1. Dr. Olympio Rodrigues Pimentel
1.1. Um homem violento
2. Dr. Antonio José da Costa Junior
3. Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré
Algumas palavras
1. Um nome anterior
2. Matou um soldados e feriu outro no meretrício
3. Tunda num sargento e intimidações aos adversários
4. O assassinato do capitão Jacob Antonio Molitor
5. Lista: chefe político firmado na violência
6. O assassinato do coronel João Pedro Teixeira Coelho Junior
7. O assassinato do coronel Emygdio José da Piedade Filho
8. O ultimato ao juiz de direito Francisco Cardoso Ribeiro
9. Possível confronto entre os coronéis Lista e Sancho
10. A morte do capitão José Antonio de Moraes Peixe
11. Ondas de violências, atentados e mortes
12. Mais feridades: o Lista ensandecido
13. O caso Foschini/Dr. Giraldes
14. A tríade assassina contra o Lista.
15. Mancomunações políticas e jurídicas para suprimir Tonico Lista
16. O delegado Coriolano no encalço de Lista
17. O espancamento do dr. Giraldes
18. Foschini assassinado
19. A morte de José Rocha
20. A prisão de Lista
21. O tiroteio defronte à Câmara Municipal
22. Pressagiando o final
23. Atentado fatal contra o coronel
24. Ataliba Leonel cumpliciado
25. A farsa do julgamento no tribunal do júri
26. Algumas versões sobre as trocas de tiros e a morte do Lista
26.1. Versão 'oficializada'
26.2. Duelo por tentativa de suborno
26.3. De uma testemunha manifesta
26.4. Crime por empreita
26.5. Execução sob encomenda
26.6. Pós-morte de Lista
27. A vida pessoal e familiar de Lista
27.1. A amante Maria Antonia
27.2. Um filho não reconhecido
27.3. Casamento com Dona Guilhermina, a viúva do coronel Botelho
27.3.1. Dos descendentes com dona Guilhermina
Das novas revelações
1. Antecedentes criminais do coronel Tonico Lista
1.1. Folha de Antecedentes - transcrição
2. Da viúva dona Guilhermina - vida que seguiu
2.1. Um terceiro relacionamento
2.2. Victor de Almeida Resse - informações familiares em 2022
3. Nova versão sobre o assassinato de Tonico Lista
3.1. Das versões anteriores
3.2. As duas únicas testemunhas presenciais
3.3. Acontecimento conforme informado
3.4. A família Valença deixou Santa Cruz do Rio Pardo
3.5. Opiniões de quem sabe
Tn-cel Leonidas do Amaral Vieira
1. Os escangalhos políticos pós-morte de Lista
2. Câmara eleita em 1922
3. Leônidas, um nome forte 'Revolução de 1924'
4. Duas prefeituras - duas câmaras
5. Leônidas, o fraudador de eleições
6. Nome atuante nas 'Revoluções' de 1930 e 1932
7. Fustigando autoridades e o fim de Leônidas
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Contato: pradocel@gmail.com