domingo, 27 de outubro de 2024

OUTROS POLÍTICOS DESTACADOS*

1. Dr. Cleophano Pitaguary de Araujo
Cleophano, mineiro nascido em 1867 (Correio Paulistano, 02 de maio de 1902: 2; Homens Públicos), filho de Cleophano Pitaguary de Araujo e Maria da Anunciação Lemos Cordeiro (Igreja Católica, Caldas - MG 12/01/1861 Matrimônio, 1857/1875: 29), casado com Maria Melchior, de família itapetiningana, residente em Santa Cruz, sendo ela filha do fazendeiro coronel Salvador José Domingues Melchior e Maria Joaquina de Jesus.
Formado advogado, Pitaguary de Araujo exerceu as funções de 'Juiz Municipal e de Órfãos', em Avaré, até 1892, quando nomeado 'Promotor Público' para a Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo, pelo Decreto de 23, publicado aos 25 de dezembro de 1892. Solicitou e teve concedida sua exoneração em 1894.
Meteu-se na política local, candidato ao cargo de vereador, em 1896, para a legislatura 1897/1899, não conseguindo eleger-se, nem se esforçando para tanto.
Pouco depois, pelo 5º Distrito, Cleophano candidatou-se a deputado estadual, pelo Partido Republicano Paulista - PRP, legislatura 1898/1900, por influência da força jovem perrepista santa-cruzense, comandada pelo coronel João Baptista Botelho, e reeleito nas eleições de 1900, mandato de 1901 a 1903.
Com a morte do coronel Botelho, a atuação política de Cleophano Pitaguary voltou-se politicamente para outras localidades da região, como São Pedro do Turvo, Agudos e, especialmente, Ipaussu, para cujo lugar não mediu esforços políticos e prestígios lembrados na história, pelas reivindicações junto ao governo paulista para elevar Ilha Grande [Ipaussu] à categoria de Distrito de Paz (Prefeitura Municipal de Ipaussu - Histórico).
Indisposto com o coronel Tonico Lista - Antonio Evangelista da Silva, abandonou a política para ser fazendeiro em Ipaussu.
Tem seu nome dado a uma avenida em Agudos - SP.
Cleophano, já falecido em 1920 (DOSP 09/10/1920: 6145 - 1ª Coluna), teve pelo menos um irmão residente em Santa Cruz, o capitão Antonio Sanches Pitaguary, estabelecido no ramo de farmácia.

2. Antonio Carlos de Abreu Sodr
é

Antonio Carlos nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo, aos 05 de abril de 1898, filho do fazendeiro e líder político Francisco de Paula de Abre Sodré e dona Idalina de Macedo Costa.
Aos 20 de dezembro de 1919 graduou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais do Largo de São Francisco, hoje incorporada à Universidade de São Paulo.
Durante o período universitário, pelas 'Arcadas', Antonio Carlos foi presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, eternizado como o fundador da 'Assistência Judiciária Acadêmica - Departamento Jurídico', para proporcionar simultaneamente atendimento gratuito à população pobre e experiência advocatícia aos futuros causídicos, sob a supervisão de professores.
Antonio Carlos, como principal nome da 'Liga Nacionalista' ou 'Liga Antianarquista', teve participação na greve da Light de 1919, reprimida a tiros, e sobre a qual declarou:
"Membros de uma sociedade conservadora, futuros cultores do direito, não poderíamos tolerar que elementos indesejáveis, na sua própria Pátria, venham aqui para dar expansão às suas idéias de desorganização social." (Estado de São Paulo, edição vespertina Estadinho, 31/12/1919: 42. Prefeitura Municipal de São Paulo, Documentos - Bibliografia de Patronos de Escolas Municipais, Antonio Carlos de Abreu Sodré, página 42).
O jornal Estado de São Paulo lançara em 1915 sua edição vespertina denominada 'Estadinho', suplemento cultural, que circularia até 1919. 
Outra identificação polêmica, Antonio Carlos como integrante e árduo defensor dos princípios da Sociedade Secreta [Estudantil] de Direito [da Faculdade de São Francisco], a 'Burschenschaft' paulista, a 'Bucha' - abrasileiramento por comodismo prosódico, a tratar-se de sociedade estudantil na Faculdade [de Direito] de São Paulo e secreta nos moldes e inspirações das congêneres existentes na Europa iluminista do bávaro Weishaupt.
Indiscutível o Antonio Carlos à frente da Liga Nacionalista de São Paulo - LNSP, de inspiração bilaquiana e formada por alguns dos integrantes da 'Bucha', em 1916/1917, e, nisto, a dissenção entre bucheiros - prós e contras: "A fundação da Liga Nacionalista e, subseqüente, do Partido Democrático, por dissidentes da Bucha, veio acelar o seu processo de deterioração." (Carta Forense, Bucha: A sociedade secreta do Direito, 01/08/2005).
A LNSP originara-se no trinômio 'escola - reforma do voto - serviço militar',  já na decadência perrepista, posicionando-se pela total abstenção das Forças Armadas nas lutas político-partidárias, no entanto, contradizente, ao solidarizar-se com a revolta militar em São Paulo, no ano de 1924, em detrimento do esperado apoio incondicional ao governo, o que levou Arthur Bernardes proibir-lhe o funcionamento, conforme depreendido em Silvia Levi-Moreira (1982: 68-74) e, por extensão, o impedimento da própria 'Bucha', cujos documentos depois apreendidos pela polícia política - 'especial' - de Vargas, quando da invasão da Faculdade de Direito.
Antonio Carlos ganhou destaques tanto na carreira jurídica quanto política, como Promotor Público em Olímpia e Botucatu - SP, sendo nesta última localidade eleito vereador e, a partir daí, alavancado sua carreira política.
Ingressou na política pelo Partido Democrático - PD, do qual fundador, em 1926, juntamente com o conselheiro Antonio Prado, Francisco Morato, Paulo Nogueira Filho e Marrey Júnior, em defesa do voto secreto e autonomia do poder judiciário. Integrou-se ao Diretório Central do PD e aderiu à formação da Aliança Liberal para o apoio a Getúlio Vargas.
Vargas derrotado nas urnas encontraria em Antonio Carlos e outros paulistas o apoio necessário para a conspiração político-militar que, pela Revolução de 1930, o conduziu ao poder.
Com certeza foi a razão do distanciamento de Antonio Carlos Abreu Sodré da política santa-cruzense, cujo líder, o tenente-coronel Leônidas do Amaral Vieira, que confrontava o 'varguismo'. Ainda, sobre Antonio Carlos, em Santa Cruz do Rio Pardo pesava-lhe a imagem política negativa do pai.
O Correio de S. Paulo, em 1935, publicou matéria propagandista pró reabilitação do nome do patriarca dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, como político santa-cruzense, com inverdades históricas, e responsabilizando o coronel Antonio Evangelista da Silva - Tonico Lista, como causador das desgraças políticas e econômicas do município (Correio de S. Paulo, 05/12/1935: 3-5).
Mas, em 1932, Antônio Carlos fez-se partícipe da 'Revolução Constitucionalista' ao assumir a organização da 'MMDC - Martins, Miragaia, Drausio e Camargo', os estudantes mortos numa manifestação anti-Vargas em 23 de maio de 1932, estopim para a conflagração.
Deputado constituinte em 1934, e federal em 1937, Antonio Carlos consagrou-se político atuante, conquistando melhoramentos para o interior paulista junto ao governador estadual de São Paulo, Dr. Armando Salles de Oliveira.
Consta que Antônio Carlos tinha possibilidades em se tornar o governador de São Paulo, pois o ex-governador Armando Salles de Oliveira "apoiava sua candidatura a este posto de comando", enquanto o próprio Salles de Oliveira pretendia a presidência do país (Lopes da Cunha, 2009: 182, referência 32). O golpe de Getúlio implantando o totalitário Estado Novo interromperia as pretensões.
Antonio Carlos teria tido a segunda oportunidade para chefiar o governo paulista, no 'queremismo getulista' de 1945, oferta do próprio Getúlio, recusada pelo convidado ao intermediário da proposta, o dr. Oswaldo Aranha. De outra forma, o 'queremismo' fracassou e Getúlio foi deposto (CD: A/A).
Outras notas informam que Antonio Carlos sofrera perseguições no 'Governo Vargas' e acometido de moléstia que precocemente ceifaria sua vida. O nome de Antonio Carlos consta em Registros do DEOPS (PROIN - Prontuário: 3587 Caixa: 22).
Antonio Carlos faleceu em São Paulo aos 14 de novembro de 1946, e já o Decreto Estadual de nº 16.350, de 27 de novembro do mesmo ano, em seu artigo 1º declarava: "O Grupo Escolar de Bernardino de Campos passa a denominar-se - Grupo Escolar "Dr. Antônio Carlos de Abreu Sodré." (DOSP, 28/11/1946: 1).
Dois anos depois a lei municipal botucatuense, de 09 de abril de 1948, ao reconhecer o valor e préstimos de Antonio Carlos àquele município, determinou: "Fica denominada Rua Dr. Antonio Carlos de Abreu Sodré, a atual rua Amazonas sita no Bairro Alto desta Cidade."
Quando o irmão caçula, Roberto Costa de Abreu Sodré era o governador paulista (1967/1971), Antonio Carlos recebeu duas outras homenagens, políticas. A primeira, dando o seu nome à Escola Municipal de Vila Sabará, São Paulo, quando da sua construção em alvenaria, em 11/08/1968, pelo então chefe do executivo municipal paulistano, o brigadeiro Faria Lima.
Para a Escola Municipal de Ensino Fundamental "Dr. Antonio Carlos de Abreu Sodré", foi determinada a data de 11 de agosto para Comemoração Cívica do seu dia e, por força do Artigo 1º do Decreto 13.428, de 15/07/1976, ficou instituído como o dia do patrono a data do seu nascimento, ou seja, 05 de abril.
A seguinte homenagem ocorreu em Ourinhos - SP, para denominar o Museu Histórico e Pedagógico de Ourinhos com o seu nome, sob a justificativa "que entre as figuras a serem cultuadas nos museus, como patronos de suas atividades educacionais e cívicas, e da mesma forma credoras de homenagem pública pela maneira abnegada, sincera e combativa com que serviram a pátria, sobressai o nome de 'Antonio Carlos de Abreu Sodré'-.", pelo Decreto nº 52.034, de 12 publicado aos 13 de junho de 1969, assinado pelo vice-governador, Dr. Hilário Torloni.
Antonio Carlos de Abreu Sodré também foi homenageado na cidade de Ipaussu, com o nome de uma Avenida, mas não consta nenhuma homenagem ou mesmo referência sua em Santa Cruz do Rio Pardo, sua cidade natal.

3. Juvenal Lino de Mattos

Juvenal Lino de Mattos, filho de Bento Lino de Mattos e Eliza da Conceição Silvinho [Silvino], nasceu aos 28 de março de 1904 numa fazenda entre Ipaussu e Chavantes, no então município de Santa Cruz do Rio Pardo, em cuja sede a família viria residir, pouco depois, e aí Lino passou parte da infância e estudou.
Transferiu-se, ainda jovem, para São Paulo. Na capital paulista Lino fez o curso secundário e depois a faculdade, formando-se em Contabilidade e Economia, para tornar-se professor e ser presidente do Sindicato dos Trabalhadores de São Paulo e Secretário Estadual de Educação.
Aos 42 anos disputou cargo eletivo para deputado estadual, eleito para a legislatura 1947/1951, e reeleito para 1951/1955. Como deputado foi colega de Leônidas Camarinha.
Eleito senador da república nas eleições de 1954, para o período de 1955 a 1963, no entanto a coligação PSP do ex-governador paulista Adhemar de Barros, com o PTB do ex-presidente Getúlio Vargas, lançou o seu nome à prefeitura de São Paulo para mandato de 22 meses.
Ocorrera que, em 1953, São Paulo conquistara autonomia para eleger o prefeito, pelo voto popular, sendo eleito o dr. Jânio da Silva Quadros que, um ano depois, renunciou para disputar o governo de São Paulo, para o qual eleito em outubro de 1954.
O vice-prefeito, general Porfírio da Paz, não assumiu a prefeitura posto candidato a vice-governador, assim, conforme legislação da época, o presidente da câmara, William Salém, assumiu interinamente o cargo de prefeito, até nova eleição para mandato dos 22 meses restantes. Foram eleitos, aos 22 de maio de 1955, o 'ademarista' Lino de Mattos para prefeito e o dr. Wladimir de Toledo Pizza para vice, sendo este janista e membro radical do PTB, num tempo em que o vice concorria separadamente do titular.
Para a posse em 02 de julho de 1955, Lino de Mattos requereu e obteve licenciamento do Senado para o período em que estaria à frente da municipalidade paulistana, mas Jânio Quadros entrou com representação junto ao Tribunal Eleitoral, e Lino de Mattos, após o exercício de nove meses, como Prefeito, teve que escolher entre a prefeitura e o senado, optando em renunciar ao cargo de prefeito, para então Toledo Piza completar o quatriênio iniciado em 1953.
Concluído o tempo de senador, Lino foi reeleito para até mandato até 1971, sendo um dos grandes nomes da política brasileira, com muitas condecorações. Juvenal Lino de Mattos faleceu aos 04 de junho de 1991.

4. Agenor Lino de Mattos
Irmão de Juvenal Lino de Mattos, nasceu em 1907, numa fazenda entre Ipaussu e Chavantes, na época território municipal de Santa Cruz do Rio Pardo.
O próprio informa que cresceu e estudou na sede do município até os 17 anos, indo para São Paulo e seguindo os passos do irmão, cursando a faculdade de contabilidade para ser professor e envolver-se na política, como oficial de gabinete da Secretaria Estadual da Educação em 1951, depois eleito vereador pelo Partido Social Progressista em 1951, legislatura 1952/1955 e reeleito em 1955 - 1956/1959; também deputado estadual eleito em 1967 e reeleito em 1971, 1975 e 1979.
Bom deputado, no entanto, destacou-se melhor como vereador paulistano, dono de discursos inflamáveis e de críticas mordazes aos adversários e às autoridades do executivo, também se celebrizou por atitudes populistas, visitando escolas municipais, em jejum, e nelas provar das merendas oferecidas aos escolares. Marcou sua carreira política como lutador pelas causas dos funcionários públicos, incentivador dos esportes de várzea e amador, e, também, árduo defensor das comunidades agrícolas na grande São Paulo, atuante na defesa dos produtores de hortifrutigranjeiros.
Consta que por ocasião de um de seus pronunciamentos na tribuna da Câmara, Agenor foi agredido Gabriel Quadros, o pai de Jânio da Silva Quadros, e revidou, em verdadeira cena de pugilato.
Gabriel foi morto a tiros, em maio de 1957 pelo marido de sua amante (Glaurama, 17/06/2015 - Direto da Revista J.P: o assassinato do pai de Jânio Quadros - https://glamurama.uol.com.br).
Quando deputado estadual, numa sessão legislativa em homenagem ao falecido ex-deputado santa-cruzense Leônidas Camarinha, Agenor se pronunciou num aparte concedido pelo seu homólogo Pinheiro Junior:
"Leonidas Camarinha, como disse o nobre deputado Pinheiro Junior, era filho de Santa Cruz do Rio Pardo e, consequentemente, meu conterrâneo. Também sou filho de Santa Cruz do Rio Pardo, e sendo filho de Santa Cruz do Rio Pardo posso testemunhar as boas ações praticadas por aquele que colocou acima de seu interesse pessoal, acima do seu interesse de grupos, o interesse maior da comunidade santa-cruzense. Convivi com a família santa-cruzense até a idade de 17 anos. Como disse, posso testemunhar porque até os 17 anos eu senti aquela época a execução de uma política condenado por todos nós, que era aquela política de jaguncismo, do trabuco, das famílias que se defrontavam e se matavam pela incompreensão e pela falta de patriotismo e de civismo. (...)." (DOSP, 27/08/1971: 58). 
O deputado Antonio Pinheiro Camargo Junior, em seu discurso, havia declarado o seu forte vínculo com o falecido ex-deputado santa-cruzense Leônidas Camarinha, justificando: "porque sou de Santa Cruz do Rio Pardo. Residi naquela cidade durante muitos anos." (DOSP, 27/08/1971: 57-58).
Antonio Pinheiro [de] Camargo Junior, mais conhecido como Pinheiro Junior, nasceu em Ribeirão Claro - PR, aos 22 de abril de 1913, e, em seu histórico, até onde possível, não consta passagem por Santa Cruz do Rio Pardo (CD: A/A).
Agenor foi homenageado com o nome de uma escola, 'EMEF Deputado Agenor Lino de Mattos', em Barueri - SP, propositura do deputado Afanazio Jazadi.
"Agenor Lino de Mattos, foi contabilista, formado pela antiga Faculdade de Ciências e Letras de São Paulo, tornou-se parte ativa da Revolução de 1924. Em 1949 foi nomeado diretor da primeira recebedoria de Rendas da Capital. No ano de 1951 trabalhou como oficial de Gabinete do Secretário da Secretário da Educação. Foi eleito em 1952, vereador na Câmara Municipal de São Paulo, reelegendo-se em 1955. Diretor em 1960, do setor de despesa da Secretaria da Fazenda, foi também auxiliar de gabinete da Secretaria do Governo na Administração Carvalho Pinto. Em 1962, reelegeu-se Senador por São Paulo. (...)." (Portal Barueri – EMEF... - biografia do patrono).
Biografia errada, Agenor não foi senador; muitos confundem o seu histórico com o do irmão Juvenal Lino de Mattos.

5. José Abelardo Guimarães Camarinha
O advogado, professor e tabelião José Abelardo Guimarães Camarinha - conhecido por Abelardo Camarinha, nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo, aos 22 de março de 1952, para destacar-se político progressista no município de Marília - SP, onde eleito vereador, prefeito por três mandatos, deputado estadual em duas legislaturas, e federal (2007/2010 e 2011/2014).
Nascido de tradicionais famílias políticas rivais em Santa Cruz, a Guimarães - pela mãe Maria do Carmo e a Camarinha - herdado do pai Josué Francisco, Abelardo ganhou notoriedade política quando à frente do executivo mariliense, como responsável pelas realizações de grandes obras, como a solução do problema de abastecimento de água, a construção da rodoviária, viadutos e a ação social de retirada de crianças das ruas.

Considerado político realizador e carismático, ao mesmo tempo em que truculento e típico coronel, por isto polêmico, Abelardo também é conhecido pelas dezenas de processos sofridos, desde crimes contra a honra de adversários quanto aqueles classificados como crimes eleitorais, crimes contra a ordem tributária, crimes de responsabilidades administrativas, de formação de quadrilhas e por violações à lei de licitações.
Não são crimes apenas aqueles 'naturais de campanha' como insiste em esclarecer publicamente, nem tão somente acusações infundadas de adversários ou inimigos políticos. Em setembro de 2005, por exemplo, aconteceu o incendiamento da Central Marília de Notícias - CMN, onde instalado o Jornal Diário de Marília, do jornalista José Ursílio de Souza, de forte oposição a Abelardo Camarinha.
Abelardo e Ursílio foram sócios, sendo o jornalista 'emprestador do nome para ocultar a identidade do fraudador Camarinha' em casos de desvios de dinheiro público em Marília. Camarinha teria abandonado Ursílio e este cobrou-lhe a fidelidade nos negócios e compromissos assumidos.
Romperam e o incêndio foi o acontecimento primeiro de uma série de outros atentados e revelações de crimes. Segundo o jornalista mariliense Oswaldo Machado, Abelardo Camarinha seria o real proprietário do Diário de Marília:
"(...) e que o atentado teria sido realizado em função de uma disputa societária envolvendo o jornal - Camarinha teria os direitos sobre o Diário 'sub judicie' e estaria irritado com a postura agressiva que vem sido adotada contra ele próprio desde meados do ano passado." (Observatório da Imprensa, 21/09/2005).
José Ursílio acusou Abelardo Camarinha de ser o mandante do atentado, e as investigações levaram à prisão de Anderson Ricardo Lopes que assumiu autoria do crime, e a polícia suspeitou do envolvimento de Rafael Camarinha, filho de Abelardo, e foi pedida sua prisão, negada pela justiça.
Rafael morreu assassinado aos 14 de março de 2006, quando três homens encapuzados e armados invadiram sua casa e o executaram, e o pai acusou o inimigo José Ursílio de mandante do crime.
Ainda em 2006 o jornalista José Ursílio, juntamente com o motorista Almir Adauto, sofreu tentativa de homicídio por Evandro Quini, sob encomenda do advogado João Simão Neto, suspeita-se, defensor do Camarinha.
Entre as acusações diversas, que o fogo na CNM se constituiu farsa, o assassinato de Rafael queima de arquivo ou problemas de drogas, e que o atentado contra Ursílio uma montagem, Abelardo foi eleito deputado federal, com mais de 78 mil votos, em 2006, depois reeleito em 03 de outubro de 2010.
Abelardo Camarinha é tido caudilho ou dono de feudo político, cujo poder faz tremer as autoridades e torna inerte o Poder Judiciário:
"A troca de favores e os privilégios vigoram em Marília com força total. A vida política parece feudal. A conivência da elite econômica, dos políticos e do Judiciário é sufocante. Suborno, surras, ameaças e agora empastelamento são usados para manter as mais terríveis maracutaias longe dos olhos da população - sem qualquer apuração. Nem o Ministério Público costuma encarar o cerne da questão." (Observatório da Imprensa 19/09/2005).
Outro filho de Abelardo, Vinicius Camarinha, milita a política, no mandato de deputado estadual desde 2002, reeleito em 2010, deixando o cargo para disputar e ser eleito prefeito de Marília em 2012. Também já acusado de ser pessoa intermediária em transações fraudulentas do pai e teve decretada a indisponibilidade de seus bens.
Das citações avocadas, comprovam-nas páginas do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. Aliás, o Camarinha foi condenado pelo STF em 08 de março de 2012, por uso indevido do dinheiro público, pena prescrita pois a condenação ocorreu mais de dois anos após o recebimento da denúncia pelo juiz de primeiro grau, em 2006.
Apesar de santa-cruzense, Abelardo não empolga o eleitorado de sua terra natal; do total de 71.637 votos recebido nas eleições de 2010, teve apenas 349 votos em Santa Cruz do Rio Pardo.

6. Benedito Pinheiro Ribeiro - o 'Dito Soarema'
Advogado e político, Benedito Ribeiro residiu por anos em Santa Cruz do Rio Pardo, na infância e juventude, quando seu pai prestava serviço público no lugar.
Assíduo frequentador do Clube Soarema, em Santa Cruz, ganhou apelido local de 'Dito Soarema'.
'Soarema' foi chefe de gabinete dos vice-governadores Orestes Quércia (Governo Franco Montoro), Almino Afonso (Governo de Orestes Quércia) e Aloysio Nunes (Governo de Luiz Antonio Fleury); presidiu a extinta 'FEPASA' - Ferrovia Paulista Sociedade Anônima; e a 'EMPLASA' - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A, ligada a Secretaria Estadual dos Negócios Metropolitanos de São Paulo.
Algumas vezes candidato a deputado estadual, 'Dito Soarema' foi suplente de deputado pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB, legislatura de 1983/1986, e ocupou cadeira por alguns meses em 1985. Teve grande votação em Santa Cruz, pleito de 1982, somente em 2006 superado em números pelo candidato Luciano Aparecido Severo - 'Sargento Severo', não eleito.
Inicialmente ligado ao prefeito Onofre Rosa de Oliveira, rompeu laços em 1985, consequentemente perdendo votos nas eleições de 1986, quando novamente candidato a Deputado Estadual.
Ainda nas eleições de 1986, 'Soarema' teve o concorrente Israel Zekcer, que também por anos residira em Santa Cruz.

3.7.7. Israel Zekcer
Médico e político, Israel Zekcer, nascido em São Paulo, no ano de 1935, foi criado em Santa Cruz do Rio Pardo.
Zekcer tinha 18 anos de idade quando a família se mudou para Santo André - SP, e no mesmo ano ingressou na Faculdade Paulista de Medicina.
Destacado profissional de saúde estreou na carreira política, em 1982, como vereador pelo PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, e foi deputado estadual por três legislaturas seguidas (1987/1990, 1991/1994 e 1995/1998). Ocupou a Secretaria de Esporte e Turismo na gestão do governador Mário Covas (1995/1998).
Não se reelegeu deputado nas eleições de 1998, porém continuou na militância política, eleito vereador, em 2008, para a Câmara Municipal de Santo André, e sua mulher Dinah Zekcer elegida vice-prefeita.

3.7.8. Vanderlei Siraque
Nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo aos 15 de fevereiro de 1960 e trabalhou na lavoura - zona rural, dos 9 aos 14 anos, conforme fez constar em propaganda política de 2010 (Debate, 01/10 2010, Caderno D, informe político).
Bacharel em direito pela 'USP - Universidade de São Paulo', mestre em Direito Constitucional e Doutorando pela 'PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo', em 2010 estava advogado licenciado do 'Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista'.
Seu nome consta entre os fundadores do 'Partido dos Trabalhadores - PT e da Central Única dos Trabalhadores - CUT'.
Ativista político e religioso, segundo sua biografia, participou da 'Comunidade de Jovens de Utinga - COMUT', da Igreja Santa Maria Goretti; um dos organizadores das 'Comunidades Eclesiais de Base - CEB-s' da Igreja Católica, além de presença marcante em diversos movimentos sociais e sindicais, como de saúde, de educação, de prevenção à violência urbana, por moradia digna, pela acessibilidade ao judiciário, sindicato dos frios, bancários, metalúrgicos, da pró-CUT, pelo Orçamento Participativo Estadual, pela sociedade controlando o poder. 
Sempre pelo Partido dos Trabalhadores, foi três vezes vereador em Santo André, presidente da câmara, e deputado estadual em 1998.
Em 2008 disputou a prefeitura de Santo André, com 49% dos votos válidos no 1º turno, porém perdeu no segundo.
Como deputado, segundo anunciado em sítio eletrônico da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo:
"(...) coordenou o programa de segurança pública do PT para o Estado de São Paulo e participou da elaboração do projeto de segurança pública para o Brasil, do Instituto Cidadania. É integrante da Comissão de Segurança Pública e vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa. É autor do pedido de CPI para investigar a maquiagem dos boletins de ocorrência policial (BO's) e da Lei dos Desmanches. É o atual líder da Minoria nesta Casa Legislativa." (ALESP - 2010: Vanderlei Siraque).
Político atuante, nunca teve votação significativa em Santa Cruz do Rio Pardo.
Não se elegeu deputado federal em 2010, com 93.314 votos, no entanto, assumiu a vaga de Aldo Rebelo indicado para a chefia do Ministério dos Esportes, em 27 de outubro de 2011.
Não foi eleito em 2014 para a câmara dos deputados, culpando ausência de apoio partidário. Deixou o Partido dos Trabalhadores - PT, para filiar-se ao PCdoB.
Com fraco desempenho na campanha de 2018, para a Assembleia Legislativa de São Paulo, não foi eleito.

3.7.9. Ricardo Madalena - o novo deputado santa-cruzense
Em 2014 Ricardo Madalena foi candidato a deputado estadual de São Paulo, pelo Partido da República - PR e eleito com 45.771 votos, o terceiro mais votado de partido.
Engenheiro civil, casado, nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo aos 05 de março de 1965, filho de Mario Augusto Madalena e Delourdes Rossi [Madalena]. Seu pai foi prefeito em Ipaussu - SP, em duas oportunidades.
Conhecido como o representante do deputado Milton Monti na região de Santa Cruz, Ricardo teve experiência no serviço público ainda em Ipaussu, como 'Secretário de Obras', em concomitância com Santa Cruz do Rio Pardo, para depois experimentar uma frustrada disputa política em 2004, como vice-prefeito em Santa Cruz do Rio Pardo.
Em 2007 foi indicado para ocupar a chefia da 'Superintendência Regional [São Paulo], do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT', na cota política de Ricardo Monti, cargo exercido por aproximadamente sete anos, com grande desenvoltura.
Nos tempos de superintendente do DNIT, Ricardo conquistou a simpatia e respeito dos líderes políticos regionais promovendo melhoria da infraestrutura de transportes em todo o estado paulista, inclusive reurbanizações de trevos rodoviários.
Fez uma boa legislatura 2015/2018, abraçando causas de grande interesse público, como a reforma e em partes a duplicação da rodovia Raposo Tavares; a defesa da 'Fosfoetanolamina - conhecida como a pílula do câncer', atuando como relator de CPI a respeito, ocasião em que denunciou os grandes laboratórios e empresas de saúde, nas falhas dos testes da pílula.
Entre outros feitos como parlamentar, conseguiu para Santa Cruz do Rio Pardo o grau de 'Município de Interesse Turístico - MIT'.
Reelegeu-se em 2018 (legislatura 2019/2022) com expressivos 77.554 votos, curiosamente com votação menor em Santa Cruz - 13.889, do que no pleito anterior - 14.029. Reeleito também em 2022, com 90.630 votos um aumento de mais de 16% em comparação com o pleito de 2028, ampliando o número de municípios votantes.
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*Os comentários neste capítulo, juízos e críticas, são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião pública santa-cruzense.
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