domingo, 27 de outubro de 2024

1851 - PIONEIRISMO HISTÓRICO-DOCUMENTAL

Os primeiros fazendeiros e as fazendas pioneiras 
Foto representativa: formações das primeiras fazendas
Acervo Luiz Carlos de Barros - 'Mateiros' - 1900
Exclusivamente anotações para a região pioneira formadora da territorialidade santa-cruzense-do-rio-pardo, em 1862, abrangendo:
"As divisas combinadas com os moradores, e as mais apropriadas devem ser: Principiando na foz do rio Pardo com o Paranapanema, subindo este até frontiar em linha reta com o ribeiro Santa Clara, descendo este a entrar no Turvo, descendo este athe onde principiou a divisa." (ACMSP, Cartas do Padre João Domingos Figueira, 1862/1864, Documentos Diversos para Santa Cruz do Rio Pardo, resgatados, a pedido dos autores, por José Carlos Pereira de Souza). 
Sobre este acordo de 1862, com acrescimentos, uma década depois oficializadas as divisas santa-cruzenses:
"Principiando-se no rio Alambary, no logar chamado dos Cardosos, procuram o espigão e por este abaixo até frontear o ribeirão de Santa Clara. E por este ribeirão acima até ultimas cabeceiras e d’aqui, o rumo, ao rio Pardo por entre as terras de Manoel Baptista e Antonio de Oliveira Marinho e por estas, a rumo, até o rio Paranapanema, divisando sempre com a Freguezia de S. Domingos e pelo lado opposto com o sertão." (Câmara Municipal de Lençóis Paulista, sessão de 26 de outubro de 1872).
O Governo da Província de São Paulo aprovou a decisão camarária lençoense, por Ato de 09 de novembro de 1872, com a redação:
—"Da barra do rio Pardo no Paranapanema e por aquele acima até a barra do rio Turvo, por este acima até a barra do Alambary, por este acima, compreendendo todas as vertentes de ambos os lados, até a barra do ribeirão das Antas, deste ponto quebrando para o lado direito, a rumo à barra do ribeirão de Santa Clara, por este acima até a sua ultima cabeceira, desta a rumo a Barra Grande na Fazenda do Capitão Mattosinho, pelo ribeirão Barra Grande acima, até a barra do ribeirão do Óleo, compreendendo todas as suas vertentes, daí à esquerda pelo espigão, seguindo as divisas da Freguezia de São Sebastião até frontear a barra do rio Itararé no Paranapanema e por este abaixo até a barra do rio Pardo, revogadas as disposições em contrário." (ALESP, EE 77.29.1).
No princípio não constava para Santa Cruz do Rio Pardo o 'Bairro do Turvo' - Espírito Santo do Turvo ou Rio Turvo, com formação histórica original independente.

1. Assentados no Turvo/Alambari
Considerados os acertos que dariam a formação primitiva oficial para o futuro território santa-cruzense, pelo Turvo, anotados desde logo os primeiros apossamentos e apossadores, a partir da barra do Alambari, acercando-se das vertentes e contravertentes, inclusas as dos ribeirões Vermelho e Antas. Nos registros ou citações das propriedades, no Turvo/Alambari não constam os nomes das fazendas, apenas dos apossadores e as primeiras transações.  

1.1. José Theodoro de Souza
Terras assumidas no lugar denominado 'Rio do Alambary', posse informada desde 1847:
"Principiando no lado de cima divizando com Messias José de Andrade, e pelo alto com quem direito for té encontrar com terras de Manoel Alves dos Reis, e pelo espigão abaixo com o mesmo Alves té o rio, e pelo veio do rio acima té encontrar o principio desta diviza." (AESP: RPT/BTC nº 518: 170-v).

1.2. Messias José de Andrade
Adquiriu terras no 'Alambary', por compra de José Theodoro de Souza em dezembro de 1852, divisas naturais/geográficas, a partir de um córrego que divide no Alambari e por este acima até frontear uma lagoa e daí, à esquerda, rumo ao espigão divisando com Joaquim Bernardes da Silva, outra vez à esquerda cercando as águas divisas com Francisco de Souza Ramos, e daí a descer dividindo com Joaquim Tavares Leite, até onde iniciou sua demarcação (AESP: RPT/BTCT nº 121: 50-v).

1.3. Manoel Alves dos Reis
Ocupou terras no Turvo/Alambari, posse informada desde 1848:
"(...) que se divide da maneira seguinte, da parte de cima divide com Bernardino de Souza, por contravertentes, e decendo o Ribeirão do Turvo abaixo pelo lado esquerdo procurando a barra do Alambary, segue o mesmo acima divizando com Joaquim Tavares, e decendo o Turvo abaixo tudo quanto verte de um e outro lado té a barrinha de Correguinho que se acha do lado esquerdo, faz diviza do lado direito pelo espigão mais alto, e por este acima com João Vicente de Souza, segue o dito Turvo abaixo divizando com João Baptista até a diviza feita com o mesmo em uma lage de pedra que tem na estrada, segue o espigão mais alto por contravertente té onde teve principio esta diviza. (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 475: 158-a).
Afora as descrições imprecisas, este registro apresenta dificuldades na interpretação, pois seu detalhamento acha-se a partir de um ponto não precisado no Turvo e por ele abaixo, pelo lado, esquerdo procurando pelo despejo do Alambari que se sabe, à direita do Turvo. Difícil, apenas pelo descritivo, identificar o lugar do apossamento.
Consultando outros assentos paroquiais de terras, os de números 121, 195, 251 e 515, para a mesma região do Turvo/Alambari e, ainda, a do Ribeirão Santa Clara, percebidos entre eles alguns nomes em comum com o Registro 475, a concluir que estas terras de Manoel Alves dos Reis ocupavam espaço definido no pontal Alambari/Turvo e Turvo à esquerda, para se ter a compreensão dimensional, largueza e profundidade, do todo informado. 
As dimensões desta posse de Manoel Alves dos Reis, nas confrontações descritas refere-se ainda a uma 'estrada', sabidamente preexistente, desde o Século XVIII, da Serra Botucatu ao Salto Grande, traspassando o Turvo pouco abaixo do despejo do Alambari, trecho recuperado e usado pelos pioneiros de 1850.
Outras colocações adiante mostram que o Registro Paroquial de Terras nº 475, do Alves dos Reis, pelo Turvo à esquerda, chegava ao desague do Córrego da Jacutinga, depois recuando até a margem direita do Córrego Barreiro do Turvo, por venda das terras confinadas na largueza desde o Ribeirão do Cuba, que tornou-se Cubas, ao Barreiro e deste ao Jacutinga margem direita, cujos detalhes serão vistos.

1.3.1. Pequeno histórico sobre o Manoel Alves dos Reis
Personagem de importância, porém quase esquecida, no desbravamento do Sertão do Pardo - Turvo e adiante, o bugreiro Manoel Alves dos Reis figura como o posseiro com maior número de dimensões de terras (Livro de Registro Paroquial nº 123, Botucatu), à exceção de José Theodoro de Souza. 
Alves dos Reis ocupou grande parte das terras que viria formar o território de Santa Cruz do Rio Pardo, pelo Pardo/Turvo, em 1862, e depois, oficialmente no ano de 1872 o acréscimo das terras do Turvo/Alambari até o Ribeirão das Antas ou 'Lugar dos Cardosos' fara fechar o confinamento com o Ribeirão de Santa Clara.
igualmente detentor de grandes posses no Turvo/Alambari e Jacutinga - região santa-cruzense, bem como no Pardo, às duas margens, desde o Capivara, ao Ribeirão Grande, na atual divisa entre Santa Cruz do Rio Pardo e Ipaussu.
Manoel Alves dos Reis teve domicílio registrado no ano de 1852 em São Domingos, 14º Quarteirão Eleitoral de Botucatu, idade informada de 40 anos, casado que foi com Francisca Theodora de Jesus (Botucatu - Livro de Batismos 1856/1859: 81). 
Melhor entendido na história, Manoel Alves dos Reis, foi bugreiro e homem de confiança de José Theodoro de Souza, repassador de propriedades por simulações, sistema de posses articuladas, depois com ativa participação nas conquistas de terras adiante do Ribeirão do Capim - São Pedro do Turvo/Campos Novos Paulista, e na formação do bairro Dourado, atual território de Assis - SP, juntamente com o irmão João Martins dos Reis; o cunhado João Hipolito Alves de Barros (Giovannetti, 1943: 52, notas), este último um dos mais impiedosos bugreiros, desde a 'guerra aos indígenas' no bandeirismo de 1850/1851; e outro seu cunhado, o Manoel Hipolito Alves de Barros.

1.4. Joaquim Antonio da Silva
Primitivo possuidor de terras no Ribeirão das Antas, conforme Registro Paroquial lavrado em Botucatu aos 19 de abril de 1856, com as seguintes confrontações observadas em 1912:
"Começa na barra do Ribeirão da Peroba no ribeirão das Antas, segue pelo veio desse ribeirão acima até um Salto Grande e d'ahi, pelo espigão formado por dois corregos que se acham logo para cima do Salto até a serra, confrontando com uma outra fazenda das Antas [ilegível] Jose Mar [ilegivel] a esquerda pela serra, o espigão do ribeirão Vermelho até frontear a cabeceira do ribeirão da Peroba, confrontando com as fazendas Rio Feio e Ribeirão Vermelho, segue a esquerda procurando a nascente do Ribeirão da Peroba, e pelo veio desta agua abaixo até o ponto onde tiveram inicio estas divisas" (Cidade de Santa Cruz, 30/05/1912: 2).
O Registro Paroquial de Terras em nome de Joaquim Antonio da Silva, sob nº 224, 'Ribeirão das Antas', informa divisas originais com Antonio Joaquim Pimentel, aquisição de José Cardozo de Lima, o primeiro possuidor (AESP: RPT/BTCT, nº 224: 84-a/v).

1.5. Antonio Cardoso da Silva
Mais conhecido por Antonio Cardoso, posseiro no histórico 'Logar dos Cardosos', também conhecido como 'Ribeirão das Antas', no início das divisas para o município de Santa Cruz do Rio Pardo, em 1872: "Principiando no rio Alambary, no logar chamado dos Cardosos, procuram o espigão e por este abaixo até frontear o ribeirão de Santa Clara (...)." (Câmara Municipal de Lençóis Paulista, 07/11/1872). 
No Registro Paroquial de Terras consta sua posse primitiva:
"Principiando em um corrego pelo veio dagua a cima divizando conmigo mesmo até suas cabeceiras, seguindo um espigão que desse por este, divizando com Manoel Dutra Pereira até o Rio Alambary, atravessando este para o outro lado divizando com o mesmo Dutra, a rumo direito ao espigão, sendo tudo o que verte até ao Alambary. (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 395: 134-a). 
A melhor descrição do lugar, no entanto, foi dada pelo sucessor Manoel de Oliveira Cardozo, em edital de 1909:
"(...) principia no ribeirão das Antas, e d’ahi sobre pelo espigão da Gralha acima, que contraverte com o espigão do ribeirão da Rosa até o alto encontrando o espigão do ribeirão Vermelho, dividindo com as terras d. Rosa de Tal, e depois dividindo com as terras de Telles Netto e Cia, sempre pelo espigão do ribeirão Vermelho, até o alto da serra dos Agudos, ahi comprehendo todas as vertentes e corregos e aguas affluentes do ribeirão das Antas e limitando-se com quem de direito sempre pelo cume da serra dos Agudos até encontrar as divisas das terras vertentes do ribeirão do Saiote, e descendo pelo espigão deste abaixo comprehendendo as terras da fazenda de Eduardo Porto, pelo espigão que contraverte com o corrego da Barra Bonita até o ribeirão das Antas, e d’ahi por elle abaixo até onde tiveram princípio estas divisas" (Cidade Santa Cruz, 18/09/1909: 3).

1.6. José Luiz Correa [Dutra]
Não consta nenhum registro paroquial de terras originariamente em nome de José Luiz Correa - sobrenome à vezes acrescido Dutra, e ou de sua mulher Maria Theodora Pereira; no entanto, surge como vendedor de terras a Manoel Ferreira Nantes, aos 28 de dezembro de 1857, no Alambari, divisas com Joaquim Antonio da Silva, Manoel Moreira, Antonio Cardozo [da Silva] e Manoel Dutra Pereira (Pupo e Ciaccia, 2005: 248 - F 92 e Mapa).
Esse José Luiz trata-se de pessoa envolvida em posses articuladas, visto no mesmo 'Alambari' limitando com Antonio Moreira da Silva (AESP: RPT/BTCT nº 79: 35v); ainda no Alambari nas 'Cabeceiras do Ribeirão Serrote' como vendedor ao Luis Correa dos Santos (AESP: RPT/BTCT nº 363: 124-v/125-a); no 'Barreiro' com Antonio Nantes (AESP: RPT/BTCT nº 134: 55-v/56-a), e, também, dono de terras divisas com Manoel Martins da Costa, nas proximidades do Itararé/Paranapanema (AESP: RPT/BTCT nº 23, pelo Aviso-Circular, Imperial, de nº 22/10/1858).

1.7. Manoel Dutra Pereira
Adquiriu terras de posseiros diversos, para a formação da fazenda Correntes, citando primitivas divisas com Antonio Cardozo da Silva, Joaquim Braz de Souza, Manoel Pedro do Nascimento e viúva do finado Silverio [Maria Thereza d'Avilla:
"(...). Huma fazenda de campos e mattos no lugar denominado = Alambary, = suas divizas são as seguintes = Principia no Rio Alambary do lado esquerdo divizando com Antonio Cardozo da Silva pelo espigão e a cima até o alto, d'ahi para diante dividindo com Joquim Braz de Souza até o alto da Serra pelo fio da Serra divizando com quem direito for até encontrar com terras de Manoel Pedro Nascimento, dessendo pelo espigão abaixo procurando cabeceiras do corrigo da diviza decendo pelo veio abaixo até fazer barra do Alambary, atravessando para o outro lado aprocurar o epigão que contraverte com terras de Manoel Pedro e com o ribeirão da porteira, subindo por este espigão acima até devizas com a viuva do finado Silverio Gomes sempre pelo espigão que contraverte para o Turvo e para o Alambary onde teve principio esta deviza. (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 132: 55-a).
O Córrego da Porteira não é aquele mencionado pelo sertanista José Theodoro de Souza em sua posse nº 516, de 31 de maio de 1856.
Noutra transação, Manoel Dutra Pereira adquiriu terras de José Francisco de Mendonça, no mesmo Alambari:
"Principiando no rio Alambary do lado esquerdo divizando com José Luiz Correa e por ele acima divizando com elle mesmo até passar a barra da [ilegivel], e por elle acima até apanhar o espigão, e pelo espigão acima sempre divizando com o mesmo José Luiz, e subindo pelo mesmo espigão até o espigão mais alto, e decendo pelo espigão mais alto divizando com quem direito for até rodear outra cabeceira que faz barra no mesmo Alambary sempre pelo espigão que desse para o rio Alambary, e por este abaixo divizando com quem direito for até o rio Alambary pelo rio acima divizando com quem direito for até onde teve principio e fim estas divizas. (...)." (AESP, RPT/BTCT nº 237: 88-v e 89-a, de 04 de maio de 1856).
Antonio Dutra Pereira, um dos filhos de Manoel Dutra Pereira e Anna Custódia do Carmo, casado com Flauzina Maria de Jesus - filha de Antonio Manoel da Costa e Rita Maria de Jesus, foi, depois, morador em Conceição de Monte Alegre (Cartório do Registro Civil do Distrito de Conceição de Monte Alegre, 1913 - CD: A/A).

1.8. Silverio Gomes dos Reis
Silverio apossou terras na região do Turvo/Alambari e adquiriu outras de José Theodoro de Souza, no ano informado de 1848 o apossamento e 1852 a aquisição. Em 1856 o Silvério Gomes dos Reis estava morto, e o registro paroquial das terras foi provido pela viúva herdeira e meeira:
"Terras que possue dona Maria Thereza d'Avilla nesta Villa de Botucatu. Eu abaixo assignada sou Senhora e possuidora das terras seguintes nesta Villa de Botucatu. Huma parte da fazenda de mattos de cultura, e serrados denominado Ribeirão das Antas e Ribeirão Vermelho e suas divizas são as seguintes principiando no Ribeirão das Antas onde diviza com os orfãos de Manoel Moreira até onde chegar com a diviza de Miguel Rodrigues de Moura de cendo pelo espigão abaixo até o Ribeirão Vermelho, subindo pelo veio d'agua até o corrego da Varginha, subindo pelo veio d'agua acima até ás cabeceiras divizando com Francisco Ferreira até o espigão, e decendo pelo espigão rodeando as aguas que vertem para a barra do Ribeirão Vermelho com as Antas, e subindo pelo veio d'agua das Antas acima até onde deo principio esta diviza. (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 77: 34-v e 35-a).
Aos 14 de agosto de 1857 dona Maria Thereza d'Avilla alienou parte de sua propriedade a Joaquim Antonio da Silva, conforme escritura de compra e venda datada de 14 de agosto de 1857:
"Principiando na barra do Vermelho, pelo veio do Alambary acima, até chegar ao espigão da barra das Antas, e por ele acima até as vertentes do Corgo do Cumbahy, sobe pelo espigão, até ganhar a cabeceira do Corgo da Onça, dividindo com Antonio Moreira da Silva rodeando e descendo pelo Espigão, divisando com Miguel Rodrigues de Moura, até o Ribeirão Vermelho, subindo pelo veio d’água, até o Espigão do Corgo do Carneiro, subindo, divisando com o mesmo Moura, pelo Espigão, até o alto, rodeando, divisa de quem de direito for, até encontrar divisa de Antonio Vicente, e descendo até o Alambary, subindo pelo veio, até onde teve princípio esta divisa." (Pupo e Ciaccia, 2005: 232, Mapa F-74).

1.9. Manoel Moreira da Silva
Manoel Moreira da Silva, pai e tutor dos filhos órfãos de mãe, Antonio, Vicente, Vigilato, Francisco e Bonifácio, deteve posses nas cabeceiras e vertentes do Córrego Cumbahy e do Córrego da Onça, até o Ribeirão das Antas:
"(...). Uma fazenda de mattos e campos de criar no lugar denominado Lambary e Rio das Antas = suas divizas ão as seguintes, principiando no Rio Lambary, subindo espigão acima passando em Santa Cruz, divizando com José Joaquim Cezario até o alto e até cercar hua cabeceira que tem no Ribeirão da Congonha e ahi diviza com Joaquim Braz e mais para baixo com Francisco Pires, mais para baixo com Joaquim Roza, e polando o Ribeirão das Antas subindo pelo espigão diviza com o mesmo Joaquim Roza até o alto, e ahi subindo rodea as cabeceiras do Ribeirão da Gralha con o Miguel Rodrigues de Moura e pelo espigão abaixo diviza com o mesmo digo abaixo até o ponto onde se fiser diviza até as Antas subindo por elle acima até o espigão do corgo Congonha divizando com José Luis Correa até o alto da serra e depois diviza pelo espigão abaixo até o Lambary devizando com o mesmo José Luis Correa, passando o Lambary pelo espigão diviza com o mesmo José Luis até o alto e com Antonio Cardozo até o Rio Lambary onde teve principio esta esta diviza. Esta fazenda foi possuida por doação aos mesmos orfãos , e de José Joaquim Cezareo e sua mulher Anna Ferreira em mil oito centos e quarenta e nove. (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 79: 35-v).

1.9.1. Pequeno aparte
Valdeci Correa de Freitas, professor e historiador, no título 'Lucianópolis: sua terra e sua gente', destacou:
"O antigo Patrimônio de São Pedro das Antas, depois distrito Policial de Gralha e atualmente Lucianópolis, surgiu da doação de terras feitas por Manoel Moreira da Silva. A escritura de doação foi lavrada no ano de 1862 no cartório da extinta Freguesia de São Domingos (...)."
Manoel foi casado com Francisca Romana de Jesus e, dentre filhos e filhas nasceu-lhes o Antonio Luiz da Silva que se uniu, em matrimônio, com a prima Anna Severina de Jesus, ambos ascendentes do coautor Celso Prado, lado materno.

1.10. Antonio Moreira da Silva 
Não consta nenhum registro paroquial de terras em nome de Antonio Moreira da Silva, irmão de Manoel Moreira da Silva, porém, identificado possuidor de terras no Córrego Cumbahy, em direção ao espigão, e no Córrego da Onça fazendo divisas com Silverio Gomes dos Reis - depois a viúva deste, Maria Thereza D’Ávila.
"Terras no Ribeirão Vermelho, deixadas por seu finado marido, Silverio Gomes dos Reis. Principiando na barra do Vermelho, pelo veio do Alambary acima, até chegar no Espigão da barra das Antas, e por ele acima, até despontarem as vertentes do Corgo do Cumbahy, sobe pelo Espigão, até ganhar a cabeceira do Corgo da Onça, divisando com Antonio Moreira da Silva, rodeando e descendo pelo Espigão, divisando com Miguel Rodrigues de Moura, até o Ribeirão Vermelho, subindo pelo veio d’água, até o Espigão do Corgo do Carneiro, subindo, divisando com o mesmo Moura, pelo Espigão, até o alto, rodeando, divisa de quem de direito for, até encontrar divisa de Antonio Vicente, e descendo até o Alambary, subindo pelo veio, até onde teve princípio esta divisa." (Pupo e Ciaccia, 2005: 232 - F 74 e mapa).

1.10.1. Pequeno aparte
O Antonio Moreira da Silva, nascido em Alfenas, MG, em 1830, foi casado com Emerenciana Maria de Jesus, e faleceu em Conceição de Monte Alegre, hoje distrito de Paraguaçu Paulista - SP, no ano de 1901, conforme consta em 'Processo de Inventário', matrícula sob nº 33, iniciado em 25 de novembro de 1902, no 'Juízo de Direito/Escrivão de Órfãos, Provedoria da Comarca de Campos Novos do Paranapanema'.
Dentre os herdeiros mencionados em referido inventário consta a filha Anna Severina de Jesus, representada pelo primo e marido Antonio Luiz da Silva, cabeça do casal ascendente do coautor Celso Prado, lado materno.

1.11. Miguel Rodrigues de Moura
Dos sobrenomes Moura, Miguel Rodrigues destaca-se posseiro no 'Ribeirão Vermelho', divisando terras com Maria Thereza d'Avilla e Antonio Cardozo da Silva (AESP: RPT/BTCT nº 576: 188-a, citado como divisante).
Parente de João Albino de Moura, vinculados pela proximidade das propriedades, sendo o João dono de terras desde o Cumbahy pelo espigão, "até ganhar a cabeceira do Corgo da Onça, divisando com Antonio Moreira da Silva, rodeando e descendo pelo espigão, divisando com Miguel Rodrigues de Moura, até o Ribeirão Vermelho" (Pupo e Ciaccia, 2005: 231 e 232 - F 74).

1.12. Joaquim Manoel de Andrade Junior
O Andrade Junior foi citado divisante numa transação de terras entre o vendedor Alexandre Theodoro Garnier e o adquirente Hylario Leite da Cunha, aos 28 de dezembro de 1857:
"Terras nas Vertentes do Rio Turvo. Principiando no Rio do Turvo, onde faz divisa com Joaquim da Eugenia, descendo pelo rio, do lado direito estão as terras que vende, até encontrar a divisa de Miguel de Tal, e daí subindo o espigão do Alambary, onde faz divisa com Joaquim Manoel de Andrade Junior, subindo pelo espigão do Turvo e Alambary, ficando as vertentes do Turvo para o comprador, até encontrar as divisas do mesmo Joaquim da Eugenia, desce pelo espigão, até chegar ao ponto onde teve início esta divisa." (Pupo e Ciaccia, 2005: 247 F 91 e mapa). 
Pela data da transação, Joaquim Manoel de Andrade Junior era o filho de Joaquim Manoel de Andrade e Anna Rodrigues da Silva, estabelecidos no Turvo.
As terras pertenciam antes a um todo, 'Fazenda Sam Pedro', de Jeronymo José de Pontes, cunhado de José Theodoro de Souza, que a permutou com sobrinho por afinidade, Jesues ou Josué Antonio Diniz, genro de José Theodoro de Souza (AESP: RPT/BTCT nº 83: 37-a).

1.13. Alexandre Theodoro Garnier
Terras adquiridas de Jesues Antonio Diniz, originariamente de Jeronymo José de Pontes, no lugar denominado 'Margem esquerda do Ribeirão São Pedro e São João do Turvo':
"Principiando no barranco do Ribeirão defronte a barra do Corrego, e d'ahi procurando rumo direito ao alto do espigão que divide vertentes das aguas pertencentes a José Antonio Rodrigues, seguindo pelo alto divizando sempre com o mesmo José Antonio Rodrigues, cercando todas as vertentes do corrego da esperança divizando nas cabeceiras com quem direito for té encontrar com a diviza de José Ignacio Pinto que é feito pelo alto do espigão até divizar junto [indecifrável] entre a barra do Ribeirão da esperança, e decendo pelo Ribeirão de São Pedro até onde tem principio esta diviza." (AESP: RPT/BTCT nº 549: 180-a/v).
Existe uma escritura de compra e venda de terras, datada de 28 de dezembro de 1857, na qual Garnier repassa a Hilario Leite da Cunha uma porção de terras:
"(...) nas Vertentes do Rio Turvo. Principiando no Rio do Turvo, onde faz divisa com Joaquim da Eugenia, descendo pelo rio, do lado direito estão as terras que vende, até encontrar a divisa de Miguel de Tal, e daí subindo o espigão do Alambary, onde faz divisa com Joaquim Manoel de Andrade Junior, subindo pelo espigão do Turvo e Alambary, ficando as vertentes do Turvo para o comprador, até encontrar as divisas do mesmo Joaquim da Eugenia, desce pelo espigão, até chegar ao ponto onde teve início esta divisa. (...)." (Pupo e Ciaccia, 2005: 247 - F 91 e Mapa).
Aparentemente as propriedades não seriam as mesmas, em todo ou em parte.

1.14. Miguel de Tal
Citado posseiro, em 1857, divisando terras com Alexandre Theodoro Garnier (Pupo e Ciaccia, 2005: 247 - F 91 e Mapa).
No registro paroquial de terras (AESP: RPT/BTCT nº 492: 163-a) o Miguel de Tal aparece dividindo terras com o registrador Salvador Antonio Leite, no espigão do alto São João com o Turvo.
Antes, nada se sabia a respeito desse Miguel, cujos levantamentos atuais apontam-no, 'Miguel Francisco Soares', o primogênito de Manoel Francisco Soares e Ignacia Porcina de Senne, pioneiros no Pardo santa-cruzense.

1.15. Joaquim da Eugênia
Outrora desconhecido na história santa-cruzense, Joaquim foi dono de terras divisas a Alexandre Theodoro Garnier, em 1857 (Pupo e Ciaccia, 2005: 247 - F 91 e Mapa).
O Joaquim da Eugênia, é o Joaquim Francisco Soares, por relatos de família confundido com primo homônimo,  então distinguido pelo prenome de sua mulher Eugenia Maria de Jesus. 
Documento de Óbito de descente atesta o casal Joaquim e Eugenia (Documento e informações de Francisco Soares Sobrinho - CD: A/A).

1.16. Domiciano José de Andrade
Dono de uma fazenda na região do Alambari, permutada com Gabriel Archanjo de Faria, cujas descrições dentro da propriedade de Gabriel Archanjo de Faria (AESP: RPT/BTCT nº 487, 30/05/1856).
-o-
Outros proprietários de terras no Turvo/Alambari e Turvo, dentro da territorialidade para São Pedro do Turvo, constam nos registros como divisantes, proprietários adquirentes ou posseiros, não relacionados diretamente com Santa Cruz do Rio Pardo (AESP: RPT/BTCT), também aqueles para os municípios adjacentes.

2. Ocupantes à margem esquerda do 'Turvo santa-cruzense'
Alguns posseiros ou adquiridores de terras, assumiram porções à margem esquerda do Turvo, adiante do Ribeirão de Santa Clara, região santa-cruzense desde 1862, conforme citação, parte integrante do território santa-cruzense, cujas dimensões oficialmente acrescidas pelas  mencionadas terras do Pontal Turvo/Alambari 26 de outubro de 1872 (Câmara de Lençóis Paulista, 16 de outubro de 1872 e Ato Provincial de 09 de dezembro do mesmo exercício - CD: A/A).

2.1. Manoel Alves dos Reis
Manoel Alves dos Reis foi o grande posseiro, ou detentor de título primário de terras em seu nome, às duas margens do Turvo, respeitadas as divisas com outros posseiros e adquirentes de títulos.
Além de apossador primário ou registrador de terras, em outras declarações consta vendedor ou divisante. Na região 'Santa Clara' o Alves dos Reis aparece como proprietário de terras divisando com os associados Antonio Joaquim e Joaquim Antonio Oliveira (AESP: RPT/BTCT nº 195: 75-v).
Alves dos Reis igualmente divisava terras com Joaquim Bernardes da Silva, sendo este o mesmo Bernardes citado na região do Turvo/Alambari (AESP: RPT/BTCT nº 251: 93-a).
As terras do Alves dos Reis, originariamente, chegavam ao Pardo.
Para o território de Santa Cruz do Rio Pardo admite-se que Alves dos Reis teve registro articulado de posses desde o Ribeirão de Santa Clara ao Jacutinga, confinadas entre o Turvo e o Pardo, além de terrenos dimensionados em seu nome no Pontal Turvo/Alambari e outras regiões originariamente santa-cruzenses.
Manoel Alves dos Reis obteve registros diversos de terras, às vezes como posseiro, e noutras como permutador, comprador ou vendedor de terras, desde o Correguinho da Porteira, início da 'grande posse' de José Theodoro de Souza, ao Córrego da Jacutinga, além de outros assentos esparsos na região.

2.2. Antonio Joaquim de Oliveira e o sócio Joaquim Antonio de Oliveira
Apossadores de terras no 'Santa Clara', principiando na barra do mesmo, no Turvo à margem esquerda, no lado direito a divisar com Joaquim Bernardes [da Silva], por contravertentes; e segue divisando com Manoel Alves dos Reis, também por outro lado contravertente segue divisando com José Bernardes e segue dividindo por contravertentes com Francisco Joaquim, e segue divisando com José Belizario até encontrar as terras de Francisco de Paula e, por este, ao despejo do ribeirão onde iniciada as dimensões (AESP: RPT/BTCT nº 195: 75-v).
'Fazenda Santa Clara', aquisição por posse, principiando na "barra do Ribeirão de Santa Clara no Turvo, lado direito divisa com Joaquim Bernardes, por contravertentes, e segue divisando cm Manoel Alves dos Reis, também por outro lado contravertentes, segue divisando com Jozé Bernardes pelas divisas já tratadas e segue dividendo por contravertentes com Francisco Joaquim, segue dividendo com José Belizario até divisar com Francisco de Paula té fixar no Ribeirão onde teve principio esta diviza."
Pela imprecisão de informações, não identificado quem exatamente o divisante Francisco de Paula, se o Francisco de Paula Moraes, o Francisco de Paula Nunes, o Francisco de Paula Souza ou o João Francisco de Paula, todos com ou anotados em registros paroquiais de terras na região.

2.3. José Belizario [de Oliveira]
Na região do 'Santa Clara', no lugar denominado 'Tranqueira', aquisição por posse, divisas citadas com Joaquim Antonio, Joaquim Manoel e Francisco Joaquim (AESP: RPT/BTCT nº 215: 81-v). 
Belizario, apontado bugreiro, teve outras posses conforme citado como divisante em alguns registros paroquiais (AESP: RPT/BTCT), aparentemente seu nome vinculado no sistema de articulação de posses.

2.4. José Cubas ou José Cubas de Faria
José Cubas ou José Cubas de Faria foi apossador de terras no Turvo, dentro do todo de Manoel Alves dos Reis, região hoje denominada 'Ribeirão dos Cubas', município de Santa Cruz do Rio Pardo, arredando e exterminando povos originários para, em seguida, repassar as dimensões assumidas aos irmãos Domingos Pereira de Souza e José Custódio de Souza, este, em 1858 contado entre os dezoito primeiros moradores de Santa Cruz do Rio Pardo.
Memórias de família apontam que o mineiro de Cabo-Verde, Domingos Pereira de Souza, adquiriu terras em direção ao Ribeirão dos Cubas, desde as vertentes até a barra no Turvo, enquanto o seu irmão, José Custódio de Souza, assumiu as contravertentes a partir de divisa em comum entre eles (José Carlos Pereira de; colaborador, bisneto de Domingos Pereira de Souza, um dos pioneiros no Bairro dos Cubas; 2012: CD: A/A).
José Cubas, cujo sobrenome ainda prevalece como identificação para o 'Bairro Ribeirão dos Cubas', não permaneceu muito tempo no local, mudando-se para o outro lado do Turvo, nas cabeceiras do Ribeirão São João, citado divisante de terras com Salvador Antonio Leite (AESP, RPT/BTCT nº 492: 163-a, de 30/05/1856).

2.5. Joaquim Gomes de Souza 
Não consta propriedade alguma em nome Joaquim Gomes de Souza no Registro Paroquial de Terras para Botucatu, todavia se sabe possuidor de propriedade no Ribeirão do Barreiro do Turvo, adquirida de Manoel Alves dos Reis e repassada ao Joaquim José Botelho, no ano de 1867 (Cartório de Notas da Freguesia de São Domingos, Livro nº 3 - fls 78, em 29/11/1867, apud Luiz José Botelho e o Deolice Botelho, 'Genealogia e Reminiscências da Família Botelho, 1ª edição 2015: 93, CD: A/A).
Pela localização geográfica e anotações tal propriedade inserida na posse de Manoel Alves dos Reis, no Turvo à margem esquerda (RPT/BTCT, nº 475: 158-a, de 30/05/1856). 

2.6. João Rodrigues e Oliveira
Assumiu terras no 'Jacotinga' [Jacutinga], adquiridas de Manoel Alves dos Reis:
"(...) e suas divizas são as seguintes = divisando do lado de cima com Joaquim Pereira, e de um e outro lado do ribeirão tudo quanto verte, e do debaixo com Manoel Francisco Soares, e um e outro lado confrontados possuo, digo, lado tudo quanto verte, cujas terras assim divisadas e confrontadas possuo por compra que fiz livres de onus e aforamento do Senhor Manoel Alves dos Reis e sua mulher. (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 163: 65-a/v).

2.6.1. Sobre a fazenda Jacutinga no Turvo
Por interessar diretamente na história da formação santa-cruzense, é preciso compreender a territorialidade da fazenda Jacutinga de 1856, pelos documentos disponíveis (AESP: RPT/BTCT nº 163: 65-a/v), que a mesma se dividia em duas partes, uma de João Rodrigues e Oliveira adquirida do bugreiro articulador de posses, Manoel Alves dos Reis, entre os veios dos córregos Barreiro e Jacutinga; e a outra, posse primária de Manoel Francisco Soares, limitada pelos córregos Jacutinga e Onça.
As duas partes da Fazenda Jacutinga, às vertentes e contravertentes chegavam às divisas com a Fazenda Crissiumal, que outrora lhe integrava, a dar crédito numa publicação em jornal no ano de 1892 (Correio Paulistano, edição de 14/02/1892: 3, edital de protesto).
Ora, João Rodrigues e Oliveira e Manoel Francisco Soares foram sócios posseiros na denominada fazenda Crissiumal, e disto dão provas os documentos juntados em processo de ação divisória futura, entre condôminos daquela propriedade (DOSP, edição de 01/09/1895: 14.372-14.373), daí a concluir que ambos ou eram sócios no todo da fazenda Jacutinga, inclusa a Crissiumal, ou, então, associaram-se apenas nesta, distinguindo-a da Jacutinga.

2.7. Manoel Francisco Soares
Não existe nenhum registro paroquial de terras em nome de Manoel Francisco Soares, para o antigo município de Botucatu (AESP: RPT/BTCT). Os autores procuram, em vão, assentos em outros livros que pudessem servir para tais propósitos em toda a então província paulista.
Contudo, as citações para o Sertão Botucatu, em registros onde o Manoel Francisco Soares aparece como proprietário divisante, vendedor ou comprador, além de outros expedientes judiciais e eclesiásticos, permitem traçar as dimensões primitivas de suas posses dentro dos limites de Santa Cruz do Rio Pardo.
No Turvo, margem esquerda, no lugar denominado Jacutinga, as terras de Manoel Francisco Soares, originariamente divisas com Manoel Alves dos Reis, principiavam a partir da barra do mesmo Jacutinga, subindo por ele, pelo lado direito, até às cabeceiras, confinado pelos veios do mesmo Jacutinga e do córrego da Onça, e daí ao espigão, [e chega-se às terras para o Crissiumal], e, ainda a dividir com o mesmo Manoel Alves dos Reis a procurar pelas nascentes do córrego do Lontra - atualmente denominado Boa Vista, e pelo braço direito despassá-lo e descer rumo ao rio Pardo, onde aí o antigo limite da largueza da fazenda Santa Cruz - também do Soares, que se tornou São Domingos, e descer o Pardo até o despejo do ribeirão de São Domingos, pelo qual acima dividindo com Faustino Machado de Oliveira, a procurar pelo espigão, em sua parte mais elevada, e às direitas dividindo pelo alto com a denominada fazenda Onça até encontrar o córrego Onça, e por ele descer à sua embocadura no Turvo, de onde a subir até o tributário Jacutinga.
A Jacutinga, como um todo, sofreu outras divisões postas a vendas como fazendas menores, partes para José Aleixo de Morais, Rafael da Silva Franco, Antonio Aleixo e Salvador Garcia.
Rafael da Silva Franco, tem o nome lançado em diversos registros paroquiais, distintos e distantes, como proprietário ou na condição de divisante de terras (AESP: RPT/BTCT), possivelmente envolvido no sistema articulado de posses.
Os autores desconhecem se Rafael da Silva Franco é o mesmo da tradicional e rica família Lacerda Franco, cujo nome igual no trabalho 'A dinâmica do enriquecimento paulista no século XIX: das origens à diversificação do capital da família Lacerda Franco', (Apud Scielo: Estud. Econ. vol.45 no.2 São Paulo Apr./June 2015).
Também promovidas transações de propriedades reduzidas, extraídas da Jacutinga, citado o exemplo da fazenda de João Mariano ou Ribeiro da Silva, o João Grosso (DOSP, 03-10-1922: 6.400), herdeiros/sucessores, e outros, entre as vertentes do 'Córrego do Beato' e cabeceiras descendo o 'Córrego Pontesinhas', partes repassadas, segundo referências, ao chefe místico, Francisco Garcia - o Chico Gago, autointitulado 'São Sebastião' ou 'Missionário de Cristo', para a sede do 'Contingente de Reação', e a parte sobrante dividida entre as famílias de sectários que se avizinhavam por trilheiras e pequenas pontes, daí as referências 'Beato e Pontesinhas'.
O 'Contingente da Reacção', tratava-se de partido regional sublevador da ordem pública, comandado pelo místico Francisco Garcia (O Tempo, RJ, 30/12/1893: 1), sediado na zona rural de Santa Cruz do Rio Pardo.

2.8. Antonio José Pinto
Em 1909, Balthazar de Abreu Sodré, impôs domínios sobre terras na 'Fazenda da Onça', em território santa-cruzense, abarcando partes litigiosas, expulsando intrusos e aproveitando-se da ausência de descendentes herdeiros ou sucessores possíveis, à mesma maneira como se tornara proprietário de outras fazendas vizinhas, São Domingos e Crissiumal, valendo-se da sua proximidade com o juiz de direito da Comarca, dr. Augusto José da Costa, cunhado e tio por afinidade de seu irmão, o médico e chefe político local, dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré. Típicas 'grilagens de terras' juridicamente amparada.
A 'Fazenda da Onça', parte reivindicada por Balthazar, trazia o histórico do todo: 
"Que a fazenda da Onça foi aposseada em mil oitocentos e cincoenta e registrada em trinta de maio de mil oitocentos e cincoenta e seis, na forma da lei numero cento e sessenta [a lei é nº 601], de dezoito de Setembro de mil oitocentos e cincoenta e regulamento mil trezentos e dezoito de trinta de janeiro de mil oitocentos e cincoenta e quatro, por Antonio José Pinto (...)". (DOSP, 11/08/1898: [7] 24391 e [8] 24.392). 
Antonio José Pinto, em 01/03/1860, teria vendido a fazenda ao capitão Antonio Teixeira Lopes, cujas dimensões e divisas anotadas:
"(...) principiando na barranca do rio Turvo, dividido com a fazenda das Perobas, d'ahi segue dividindo com esta fazenda, até encontrar as divisas da fazenda e São Domingos, dahi segue dividindo com esta fazenda, até encontrar com as divisas da fazenda do Cressiumal [Crissiumal], d'ahi segue dividindo com esta fazenda até encontrar com as divisas da fazenda de Joaquim Pereira, d'ahi segue dividindo com esta fazenda até encontrar com as divisas da fazenda de João Mariano, vulgo João Grosso, e de outros, até o rio Turvo, d'ahi segue por este rio abaixo até o ponto onde teve começo abrangendo todas as vertentes do ribeirão da 'Onça', e todas as vertentes do corrego denominado outrora de Beato e um veio isto é, a metade até suas cabeceiras do corrego denominado das Pontesinhas conforme sua escriptura sob numero quatro." (DOSP, 11/08/1898: [7] 24391 e [8] 24.392). 
Não houve registro paroquial destas terras em nome Antonio José Pinto, para a região de Santa Cruz do Rio Pardo, no entanto, o mesmo Antonio José Pinto apossara terras no 'Ribeirão da Onça', às margens do Turvo [Grande], com o devido registro paroquial:
"(...), e suas divizas são as seguintes; principia do lado de cima divizando com Manoel Alves dos Reis, té encontrar com terras dos herdeiros e meeira do falecido José Alves de Lima, e com este até o rio do Turvo, e por este acima até onde fez principio esta diviza. (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 466: 155-a/v).
São propriedades distintas, distantes entre si, e a citação "aposseada em mil oitocentos e cinquenta e registrada em trinta de maio de mil oitocentos e cinquenta e seis", para o inexistente registro da fazenda em território 'santa-cruzense', demonstra ajeitação de documentos para aquelas partes de terras entre as fazendas Jacutinga e Perobas.
O esbulhador Balthazar de Abreu Sodré, ignorava quem efetivamente o primeiro posseiro, ou, se realmente havia algum. Numa ação de posse de terras na 'Fazenda São Domingos', em 1895 (DOSP, 17/05/1895: 8-9), apontara José dos Santos dono da 'Fazenda Onça', e, três anos depois, contrapôs-se citando como proprietário o Antonio José Pinto (DOSP, 11/08/1898: [7] 24391 e [8] 24.392). 
A fazenda, embora dentro da grande posse de José Theodoro de Souza, não teve um desbravador ou posseiro primitivo conhecido, associado ou não, daí o ardil de Balthazar em embaralhar documentos em cima de uma posse já existente no Turvo grande. 
Apenas, correto parece, que o capitão Antonio Teixeira Lopes por lá exerceu mando, sem antecessor primário conhecido ou identificado, até que lhe sobreveio o óbito, e, daí, a partilha da propriedade entre a viúva meeira e legatária com os herdeiros, seis filhos e quatro filhas, excluídas as alienações por vendas, e, ao longo de décadas, com as muitas transmissões, prosperaram os bairros rurais formados, 'Onça e Matão da Onça'. 

2.9. José Botelho de Souza 
A propriedade denominada 'Perobas' ou 'Santo Antonio do Turvo', sem o registro paroquial de terras, aparece em nome de José Botelho de Souza, casado com Luiza Thereza de Jesus, ele falecido em 1875. O todo, repartido entre herdeiros e/ou sucessores, recebeu diferentes denominações conforme as partes alienadas: Santa Izabel do Ipê, Gavirova, Santo Antonio e Estrela, além da própria Perobas.
No ano de 1894, os herdeiros, filhos e genros de José Botelho de Souza, foram representados por João Bonifácio Figueira, filho do padre João Domingos Figueira e casado com herdeira Maria das Dores de São José, num acerto de dívidas do falecido com o parente Gabriel Botelho de Souza (CD: A/A - Livro de Escritura nº 38: 9-91 do 1º Tabelião de Notas e de Protesto de Títulos da Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo - SP, cópia gentileza de Luiz Botelho).
O pagamento da dívida com Gabriel Botelho de Souza, em 1894, deu-se mediante cessão de parte da fazenda herdada - 'Perobas'.
O médico, político e fazendeiro Francisco de Paula de Abreu Sodré adquiriu uma porção de 202 alqueires na denominada 'Fazenda Santo Antonio', divisando com o coronel João Baptista Botelho, dono de outra parte da Santo Antonio e da Fazenda Estrela, num total de 409 alqueires, todas informadas por José Amandio Sobral, Inspetor da Secretaria dos Negócios da Agricultura, do Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo, 5º Distrito (Correio do Sertão, semanário santa-cruzense, 07/02/1903: 1-2; 14/02/1903: 1-2).
O dr. Abreu Sodré vendeu a sua 'Fazenda Santo Antonio' ao Carlos Egydio de Souza Aranha, que a denominou 'Santa Gema', posteriormente aquisicionada por José Maria Moreira de Moraes.
São conhecidas outras divisões do todo de José Botelho de Souza:
-'José Mathias de Almeida Barboza possuiu uma porção na denominada Santa Izabel do Ipê, iniciando-se no Turvo - margem esquerda, repassada a Arlindo Crescêncio Piedade e filhos, por penhora'. O quinhão de José Mathias confinava-se com a Fazenda Santo Antonio'.
-'Joaquim José Pinto assumiu porção divisando e acompanhando, por um lado a partir do Turvo, com José Mathias de Almeida Barboza'. -'Mathias Fernandes de Camargo adquiriu parte do outro lado da propriedade de José Mathias Barboza, também a partir do Turvo'.
-Fonte: O Progresso, semanário santa-cruzense, 14/10/1906: 3.
Ausentes documentos que possam melhor esclarecer quem o posseiro primitivo, embora as tradições informem que a propriedade foi adquirida pelo Botelho diretamente de José Theodoro de Souza, e não há razão para se duvidar, afinal alguns dos Botelho, Souza e Carvalho, integraram a primeira comitiva de desbravadores.
-o-
Excluso o processo civilizacional pelo rio Turvo, com características próprias voltadas para as regiões de São Domingos, Espírito Santo do Turvo, o avanço colonizador para São Pedro do Turvo, à margem direita do referido rio, centrou-se na pessoa do pioneiro José Theodoro de Souza, com as fazendas inaugurais e os primeiros divisantes na formação daquele povoado 'Capela São Pedro' (AESP: RPT/BTCT).

3. No espigão Pardo/Turvo e Pardo 'santa-cruzense' à direita
Na região são notadas as denominações das primeiras fazendas.

3.1. Fazenda Clarínia
Manoel Alves dos Reis possuiu terras no lugar denominado 'Santa Clara', nas vertentes divisando com Antonio Joaquim e Joaquim Antonio Oliveira, parentes associados, e, também nas contravertentes (AESP: RPT/BTCT nº 195: 75-v), abrangendo terras que formariam os termos de Clarínia e Fazenda Santa Clara, associada à fazenda Cocais, cujas dimensões chegavam ao Pardo.
José Custodio de Souza, de Cabo Verde - MG, assumiu terras, nas contravertentes, por volta do ano de 1857, enquanto seu irmão, Domingos Pereira de Souza, adquiriu posses a partir de divisa comum entre eles, pelo espigão, em direção ao Ribeirão dos Cubas, desde as vertentes até a barra no Turvo (Souza, 2012: CD: A/A).

3.2. Fazendas no Guacho, Capivari e Rico
Antonio de Oliveira Marinho adquiriu terras de José Theodoro de Souza, localizadas entre os ribeirões Guacho e Capivari, por onde as divisas oficiais de Santa Cruz do Rio Pardo - freguesia: "(...) por entre as terras de Manoel Baptista e Antonio de Oliveira Marinho e por estas, a rumo, até o rio Paranapanema, divisando sempre com a Freguezia de São Domingos e pelo lado opposto com o sertão" (Câmara de Lençóis Paulista, sessão de 07/11/1872, sobre as divisas para Santa Cruz do Rio Pardo, em cumprimento à Lei Provincial nº 71, de 07/04/1872).
Manoel Baptista, pelo sobrenome e localização de suas terras apresenta ser da família Dias Baptista, pioneira na região.
Pelas antigas transmissões, tal fazenda divisava-se com terras de José Belisario [de Oliveira], apossador entre os ribeirões do Capivari, Rico e uma parte no Capivara, margem direita do Rio Pardo, além de outro quinhão à margem esquerda, "volteando três cabeceiras, procurando o Pardo", todas elas repassadas a José Lourenço de Lima, em 28 de maio de 1855 (Pupo e Ciaccia, 2005: 201 - F 29 e mapa).
O José Lourenço de Lima adquiriu, ainda, a 'Fazenda Rio Pardo', de José Machado de Oliveira (AESP: RPT/BTCT nº 414: 139-a/v), vinculado ao Faustino Machado de Oliveira.

3.3. Fazenda Cachoeira ou Pica-pau
Terras originariamente apossadas por José Bernardo [ou Bernardes] Ferreira, no lugar denominado Pica-pau ou Cachoeira: "Principiando na mesma agua tudo quanto verte da mesma de um lado, e outro até os espigães [espigões] suas cabeceiras confrontando com quem direito for." (AESP: RPT/BTCT nº 257: 94-v).
A propriedade é atravessada pelo córrego de igual nome, de onde a denominação, e pelo caminho Santa Cruz do Rio Pardo/Espírito Santo do Turvo, com as seguintes descrições em 1910:
"Principia na beira do ribeirão da Caxoeira, do lado esquerdo, em um pau de guayuvira, sobe a rumo ao espigão confrontando com terras que foram ou são de Joaquim Ignacio Correia; depois, pelo espigão acima, confrontando com terras de João Francisco de Oliveira ou seus successores e com as da fazenda da 'Mandasaia', segue cercando todas as vertentes do dito ribeirão Cachoeira, a procurar o espigão do lado direito, pelo qual desce, divisando com a agua do Picapau, até frontear o dito pau de guayuvira, e dahi a rumo ao ponto de partida. (...)."(DOSP, 20/12/1910: 4.0594.060).

3.4. Fazenda Três Ilhas
O capitão João Vieira Teixeira e Silva, em 1891 provou ter posse primitiva e morada habitual no lugar na Fazenda 'Tres [Três] Ilhas', entre os ribeirões Água Limpa e Pica-pau, desde as nascentes com fundos para o Rio Pardo, nas divisas com a Fazenda Cocais:
"Vistos e examinados estes autos de expedição e legitimação de terras a requerimento de João Vieira Teixeira e Silva, que provou ter posse com morada habitual e cultura efectiva no logar denominado Tres Ilhas no municipio de Santa Cruz Do Rio Pardo, verifica-se que foram guardadas as disposições da Lei 601 de 18 de setembro e 1850 e regulamento n. 1318 de 30 de janeiro de 1854 pelo que, confirmo a sentença de fls. e mando que, publicada esta, e decorrido o prazo do artigo 53 do citado regulamento se expeça o respectivo titulo pagos os direitos devidos." (Correio Paulistano, 19/04/1891: 2). 
Não consta Teixeira e Silva ter sido eleitor em Santa Cruz do Rio Pardo ou que estivesse entre os primeiros posseiros e moradores na região (1858/1859 - CD: A/A), e somente participaria ativamente da vida social e política santa-cruzense no início dos anos de 1890: nomeado subdelegado de polícia em 1891; membro da Comissão Distrital pela Intendência de Santa Cruz do Rio Pardo, em novembro de 1891; membro do Conselho de Intendência do local - nomeação em 26/12/1891 e exoneração aos 10 de maio de 1892, por não mais residir no município. 
No ano de 1897, residente na então Campos Novos do Paranapanema, o capitão João Vieira Teixeira e Silva foi acusado de exercício ilegal da medicina, pelo médico Ernesto Torres Cotrim.

3.5. Fazenda Crissiumal
Propriedade de Manoel Francisco Soares em comunhão com João Rodrigues de Oliveira, vendida a Francisco José de Azevedo, etc, com as seguintes dimensões marcadas em 1895:
"(...) principiando no ribeirão da Lontra, dividindo com o mesmo comprador (Ignacio Fernandes) do lado esquerdo, seguindo em rumo a procurar, o espigão, abrangendo as vertentes do Crissiumal, por este espigão acima, dividindo com o mesmo comprador, quebrando às direitas e seguindo pelo mesmo espigão, abrangendo as aguas vertentes, dividindo com o mesmo comprador, quebrando outra vez às direitas, abrangendo as mesmas vertentes do mesmo ribeirão, dividindo com quem de direito for e com Joaquim Pereira, seguindo pelo espigão abaixo, dividindo ainda com quem de direito fôr e dahi a procurar o ribeirão da Lontra, saltando do outro lado, abrangendo as vertentes do mesmo e por estas abaixo a procurar a divisa do mesmo comprador e por esta abaixo até onde teve começo. (...)" (DOSP, 01/09/1895: 14.372-14.373).
A fazenda Crissiumal, se correta a informação, primitivamente integrava-se à Jacutinga (Correio Paulistano, edição de 14/02/1892: 3, edital de protesto); e, distinguida, iniciava-se no espigão divisor entre elas, de modo a procurar pelas nascentes do córrego Barreiro, daí a descer em direção às cabeceiras do ribeirão Mandassaia e, pelo veio, ultrapassar o ribeirão Lontra - depois chamado Boa Vista, até o córrego Crissiumal, subir por este e, depois, chegar aos limites com a fazenda Jacutinga.

3.6. Fazenda no lugar denominado 'Margem direita do Rio Pardo'
José Francisco Soares, aquisição por troca com Manoel Alves dos Reis, aos 17 de março de 1856, divisas naturais/geográficas e com José Vieira da Silva, João Rodrigues dos Santos e Manoel Francisco Soares:
"Principiando em baixo de fronte a uma lagrimal [olho d’água/mina] que está na margem direita do Rio Pardo, subindo a procurar o espigão mais alto fazendo divisa com José Vieira da Silva, cercando pelos altos do espigão, fazendo em cima divisa com João Rodrigues dos Santos pelas suas vertentes travessando o Rio Pardo, seguindo mesmo rumo ao alto do espigão da Serrinha divizando com mesmo João Rodrigues dos Santos e dobrando o dito espigão para o Ribeirão da Lontra [Boa Vista] onde faz divisa com Manoel Francisco Soares, e decendo pelo veio do dito Ribeirão da Lontra até o Rio pardo onde teve principio esta divisa." (AESP: RPT/BTCT nº 289: 104-a). 
Aparentemente o José Francisco Soares seria sobrinho de Manoel Francisco Soares.

3.7. Fazenda no lugar denominado 'Margem do Rio Pardo' 
José dos Santos Coitinho, genro de Manoel Francisco Soares, terras adquiridas de Joaquim José Martim e sua mulher, cujas divisas:
"Pelo Ribeirão abaixo até topar com duas aguas que tem do lado esquerdo, sobe pelo rumo do meio das duas aguas divizando com Manoel Alves Reis até alcançar as vertentes do Turvo, e sobe cercando a agua com todas as suas vertentes divisando com direito for até alcançar terras de José Francisco Soares, e desse divizando com dito acima pelo lagrimal [olho d’água/mina] abaixo até o Rio desse pelo Rio abaixo até topar com a barra onde teve principio esta diviza." (AESP: RPT/BTCT nº 290: 104-a/v).
Joaquim José Martim serviu como articulador de posse.

3.8. Fazenda Santa Cruz/São Domingos
No ano de 1895 o Diário Oficial do Estado [de São Paulo] publicava "Edital de Citação de Condôminos, interessados ausentes e desconhecidos da denominada «Fazenda S. Domingos», também conhecida por «Santa Cruz»", petição de Balthazar de Abreu Sodré e outros, incluso seu irmão Francisco de Paula de Abreu Sodré, provando serem donos de umas partes de terras na «Fazenda São Domingos» ou «Santa Cruz», para tanto anexando documentos, expedientes diversos e testemunhos, que tal fazenda foi primitivamente apossada por Manoel Francisco Soares (DOSP, 17/05/1895: 8-9). 
Publicação por objeto ação divisória entre os condôminos da dita fazenda, sem excluir a parte doada por Soares ao Patrimônio da Santa Cruz, a compreender que a tal fazenda principiava na barra do ribeirão de São Domingos, e, por ele subindo, todas as terras do lado direito, divisando, sempre, pelo veio do ribeirão com Faustino Machado de Oliveira, a procurar o espigão e, no cimo, quebrar às direitas dividindo com terras da fazenda Onça, sempre pelo espigão, abrangendo todas as vertentes do ribeirão de São Domingos, até encontrar as divisas da fazenda Crissiumal na contravertente da fazenda Santa Cruz, descer pelas divisas com a mesma Crissiumal compreendendo as vertentes do ribeirão São Domingos, a procurar o braço direito do ribeirão da Lontra, atravessando a rumo ao seu desague no Mandassaia, em direção ao córrego da Serrinha, assomando as vertentes e divisando com a fazenda Barreiro do Rio Pardo, córrego do mesmo nome - depois denominado 'Barreiro dos Andrades', para chegar ao Pardo, e, por ele abaixo, ao despejo do São Domingos onde o início das demarcações. 
Desta fazenda, Soares doou cem alqueires ao Patrimônio da Santa Cruz, para formação de um povoado, iniciado na barra do ribeirão São Domingos, e por ele subia até o encontro com as águas do ribeirão Mandassaia, de onde o valo em direção ao Pardo, passando quarenta metros acima da atual rua Conselheiro Saraiva, e, chegando ao Pardo e por este seguir abaixo até onde o início da descrição.
Excluída a parte doada ao patrimônio, a fazenda Santa Cruz o restante tornou-se a 'Fazenda São Domingos', dividida em duas partes e vendidas, uma a Ignácio Fernandes Garcia, a partir das divisas com o patrimônio e outra a Cyrino Pinto da Fonseca.
A parte de Ignacio principiando abaixo da estrada Santa Cruz/Espírito Santo do Turvo - altura das atuais ruas Conselheiro Saraiva com a Euclides da Cunha, daí rumo ao ribeirão e atravessá-lo para seguir limites com o córrego de São Domingos, prosseguindo até encontrar com os limites - parte da Onça, quebrar à direita e seguir até confrontar com a propriedade de Cyrino Pinto da Fonseca (DOSP, 17/05/1895: [8] 13.584 e [9] 13.585), limitada com a Fazenda Crissiumal.

3.9. Fazenda 'Rio Pardo'
Faustino Machado de Oliveira, sem nenhum registro paroquial em seu nome, foi dono de terras do outro lado do ribeirão São Domingos, divisando rumo ao espigão Pardo/Turvo, em extensão à direita, com a fazenda São Domingos - originariamente Santa Cruz, de Manoel Francisco Soares (DOSP, 17/05/1895: 8-9). 
O Registro Paroquial de Terras nº 414, de 28 de maio de 1856 (AESP: RPT/BTCT), em nome de José Lourenço de Lima, na paragem 'Rio Pardo' - Santa Cruz do Rio Pardo, consta adquirida de José Machado de Oliveira na mesma data da registração, sendo as descrições da fazenda, ainda que vagas, enquadradas como aquela propriedade de Faustino Machado de Oliveira.
'Paragem' tem por significação conjunto de moradias.
A fazenda teve o nome primeiro de 'Rio Pardo', consoante registro, e logo foi dividida e posta a vendas em fazendas menores, cada possuidor colocando nome próprio em sua fração, a descaracterizar logo a denominação original dada.
O bauruense alferes engenheiro Ismael Marinho Falcão, declarado mentecapto em 22 de setembro de 1909 (Correio do Sertão, 03/10/1909: 8) e falecido no início de outubro do mesmo ano, fizera anunciar antes, no Correio Paulistano, edição de 08/02/1906: 5, edital de venda de sua fazenda denominada 'Ribeirão de São Domingos', de duzentos ou trezentos alqueires, em partes que foram adquiridas de Faustino Machado, Joaquim Garcia de Almeida, Manoel Alves da Cunha e Nicolau José Barreiro.
A designação 'Ribeirão de São Domingos' para esta fazenda é particular do proprietário Falcão.
Sabe-se que no ano de 1868 o casal José dos Santos Coitinho e Rita de Sene [Senne], genro e filha de Manoel Francisco Soares e Ignacia Porcina de Sene, adquiriu de João Paulo Garcia vinte alqueires de terras para doação ao Patrimônio do Santo Antonio, conforme escritura lavrada em São Domingos (Livro de Notas - nº 3, fls. 59-v a 60-v, aos 09 de março de 1868, consoante 1º traslado pelo Tabelião da então Santa Bárbara do Rio Pardo, aos 04 de dezembro de 1891). 
Joaquim Pio da Silva, em algum tempo e por compra, alienou fração da antiga posse de Machado de Oliveira (Mapa do Patrimônio de Santo Antonio, 1900), denominada fazenda [do] Monjolinho, depois dividida em três porções conhecidas, uma repassada ao coronel João Baptista Botelho - atual Vila Fabiano nos tempos de Antonio Fabiano nos anos 1950/1960, e, depois, as adjacências; outra a Mathias Ban, cujas posses abrangiam a Fazenda São Domingos; e o que restou ao Joaquim Pio denominou-se fazenda União.
O croata Mathias Ban, nos anos de 1950, fracionou parte de sua aquisição para formar o loteamento urbano Vila [do] Matias.
Ainda, de uma parte da fazenda de Faustino Machado de Oliveira, formou-se a conhecida fazenda Santa Cecília, atual Jamaica.

3.10. Fazenda do Embiraçu 
A Fazenda do Embiraçu ou 'Imbiruçu/Imbiriçu' a divisar com a Fazenda São José do Rio Pardo e partes da Fazenda Água das Pedras, abrangendo o Córrego do Imbiraçu [Embiraçu] (DOSP, 16/02/1908: 451).
O nome da fazenda o foi pela quantidade de 'paineiras do cerrado', então comum naquela região, de cujos frutos extraíam-se a lanugem para encher travesseiros, almofadas, colchões e acolchoados. 
Sofreu desmembramentos originando fazendas menores diversas a exemplo da Grumixama. 
Uma parte, 2.090 alqueires, foi adquirida pelo português Joaquim Alves da Silva, morador em Machado - MG por cinco mil contos de réis, sob a garantia de terra boa; chegou com a família em 1864 e, "Ao descobrir um cerrado, onde é hoje o Posto Cruzadão [Rodovia Orlando Quagliato Km 16], recebeu de volta 500 mil réis" (Família Santos Silva, Encontro, 2000: 2).

3.11. Fazenda 'Tres Barras'
Antonio Manoel de Oliveira, adquiriu de José Theodoro de Souza e registrou a fazenda 'Tres Barras', divisas primárias com Salvador Ferreira, Manoel Alves [dos Reis], Eugenio Vieira da Rocha, Joaquim Rodrigues, Antonio Innocencio de Barros, Francisco de Paula Souza e Salvador Teixeira (AESP: RPT/BTCT nº pgs. 3-v/4-a).

3.12. Fazenda São José do Rio Pardo
José Theodoro de Souza repassou imensa gleba de terras, inserida dentro da grande posse, a Francisco Rodrigues de Freitas, que a dividiu em três partes, a primeira delas originando as fazendas de Joaquim José Martins - negociante de terras, talvez prestamista; João Rodrigues de Oliveira; Joaquim Manoel de Andrade; Francisco Ignácio Borges e Manuel da Silva, este nas confrontações com a Fazenda Furnas - atual região de Ourinhos, onde os limites formados com os antigos proprietários daquela região, entre os quais, Dona Maria Valéria; certo Francisco; Antonio Graciano e Escholastica Melchert da Fonseca - viúva de João Manoel da Fonseca Junior, conforme edital expedido pelo Juízo da Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo de 20 de novembro de 1911, onde exequente o Jacintho Ferreira e Sá (A Ordem, 25/11/1911: 2).
Das outras duas porções lhe foram oficializadas as confrontações em 1908:
"Principia na margem direita do rio Pardo, limitando-se com a fazenda o 'Embiraçú', dahi segue até dividir com a fazenda das 'Tres Barras'; dahi segue dividindo com esta fazenda, até dividir com a fazenda da 'Agua Branca'; dahi segue dividindo com esta fazenda, até dividir com a fazenda da 'Barra do Turvo'; dahi segue dividindo com esta fazenda, até dividir com a 'Água da Furna'; dahi segue até dividir com a fazenda denominada 'Poção de Baixo', dahi segue dividindo com esta Fazenda, até dividir com a Fazenda do major Firmino Manoel Rodrigues, depois o rio Pardo; dahi segue dividindo com esta fazenda até a margem esquerda do rio Pardo; e dahi atravessando este rio, até o ponto onde tiveram começo (...)" (DOSP, 16/02/1908: 451).
A fazenda do citado Firmino era conhecida por Ribeirão Grande de São José (Correio do Sertão, 26/04/1902: 2).

3.13. Fazenda Salto da Boa Vista
José de Camargo Boeno [Bueno] do Prado adquiriu do primitivo posseiro Manoel Francisco Soares uma fazenda, no lugar denominado 'Margens do Rio Pardo - Salto da Boa Vista', e dela promoveu o registro paroquial:
"Principiando na boca da corredeira do lado de cima que vai cair no salto atravessando o rio a rumo a procurar o espigão mais alto do lado direito, rio abaixo por este rumo diviza com Manoel Alves dos Reis, segue pelo espigão adiante fazendo contravertente com Turvo até frontear outro salto que tem no mesmo rio pardo pelo espigão divizando com quem direito for faz quebrada ao lado esquerdo, e desse a rumo a procurar o rio entre meio de uma barra com um salto chamado dourado, atravessando na mesma endireitura em linha recta a procurar o espigão de outro lado que faz contravertente com o Paranapanema por este a rumo divizando com terras de José da Cunha faz quebrada ao lado esquerdo, e segue o espigão adiante, rodeando as vertentes de uma barra que vai no Rio Pardo fazendo contravertente com o Paranapanema até frontear a mencionada corredeira pelo espigão do Paranapanema divizando com direito for faz terceira quebrada e desse procurar a corredeira onde se deo principio a diviza." (AESP: RPT/BTCT nº 534: 175-v).
A fazenda por muito tempo teve continuidade do outro lado do rio Pardo acompanhando o ribeirão Grande, por isto o nome composto, Salto da Boa Vista/Ribeirão Grande.
Entre 1861/1862 a fazenda estava em nome de Joaquim José Martins, quando Manoel Francisco Soares a readquiriu para repassar ao padre João Domingos Figueira, conforme documentos creditados e juntados em ação divisória requerida e comunicada aos condôminos, aos ausentes e aos desconhecidos interessados (DOSP, 19/03/1898: 23.174).
O comprador Bueno do Prado é visto titular de registro paroquial de terras também no 'Bairro do Lençoes - cabeceiras do Ribeirão Pouzo Alegre', adquirido de Salvador Vieira de Andrade em data de 05 de abril de 1856 (AESP: RPT/BTCT nº 523: 172-a).

3.14. Fazenda Rio Pardo - Salto do Dourado
Joaquim Bernardes da Silva, apossou terras em 1849, ano informado, divisando com Manoel Francisco Soares, pelo lado de cima entremeio do salto com uma água, pelo veio, com tudo quanto verte, e, rodeando, encontrar as terras de José Francisco Soares e descer até o Pardo, e passando do outro lado buscar as vertentes, dividindo com o mesmo José Francisco até o limite com Manoel Francisco Soares em rumo ao Pardo aonde o principio (AESP: RPT/BTCT nº 245: 90-v e 91-a).
Neste registro as terras de Manoel Francisco Soares correspondem à fazenda Salto da Boa Vista.

3.15. Fazenda 'Salto do Turvo'
Francisco Joaquim Theodoro, registrou terras adquiridas por troca com José Theodoro de Souza, no lugar denominado 'Salto do Turvo', na confluência Pardo/Turvo, abrangendo corredeiras de ambos os rios (AESP: RPT/BTCT nº 307: 109-a).

3.16. Fazendas na região de atual Salto Grande
Euzebio [Eusebio] da Costa Luz, mandador botucatuense na década de 1840, partícipe bugreiro no bando de José Theodoro de Souza, ocupou terras no Paranapanema, citado em documentos, sem registros de posses diretamente em seu nome: -'Ribeirão dos Bugres': de Euzebio da Costa Luz alienada a Damazo Barboza de Araujo, o registrador paroquial, entre as barras do Pardo e Ribeirão dos Bugres, parte do atual município de Salto Grande, abrangendo espigão e vertente do Paranapanema paulista (Pupo e Ciaccia, 2005: 228 F 68), divisado com Antonio Bento Alves e Innocencio Vieira da Rocha (AESP: RPT/BTCT nº 285: 102-v).
Outras referências:
-'Margens do Rio Paranapanema': terras que José da Cruz Pereira, o registrador, adquiriu de Custodio José Monteiro, com divisas naturais/geográficas e João Delgado Leal, João Marianno, José Pinto de Lima e Euzebio da Costa Luz (AESP: RPT/BTCT nº 204: 78-a).
-Margens do Rio Paranapanema': terras que José Francisco Mendonça "houve por posse, há 3 anos, mais ou menos (c. de 1851). Divisando pelo veio da Água com Euzebio da Costa Luz (...) e por cima, na frente do Espigão, com João Mariano." (Pupo e Ciaccia, 2005: 163, E 65).
-'Córrego dos Bugres': no Paranapanema, que Innocencio Vieira da Rocha adquiriu de Ignacio Pereira d’Assis e sua mulher, divisas naturais/geográficas e com herdeiros do finado Felisberto Rodrigues do Valle (AESP: RPT/BTCT nº 305: 108-v).
-Fazenda Santa Thereza: de José Theodoro de Souza, repassada por venda ao major Romão Carlos Nogueira e Joaquim Gomes Nogueira, aos 11 de agosto de 1863. A propriedade principiava na barra do Rio Pardo no Paranapanema (DOSP, 16/06/1908: 1869-1870).

3. Entradas pela margem e vertentes do Pardo à esquerda

3.1. 'Fazenda Rio Pardo - Olio' [Óleo]
Bernardino Dutra Pereira adquiriu terras de Antonio Luciano Dutra e as registrou:
"Um citio de terras de cultura no lugar denominado Rio pardo duas aguas hua de monjolo e outra mais piquena todas duas verte para o Rio pardo, no lugar denominado corgo do Amado outro da Jacotinga, mais outro que tem para cima das posses [de]Valentim [...] no lugar denominado barra do Olio, vertentes para o mesmo Rio pardo declaro que todas divizão [divisam] com Valentim duas para baixo e hua para cima de hua posse do Valentim de um lado, e do outro lado com quem direito for (...)." (AESP: RPT/BTCT nº 12: 6-v).

3.2. 'Ribeirão do Olio' [Óleo]
Maria Joaquina de Jesus, 'Ribeirão do Olio' [Óleo], aquisição por posse, compreendendo divisas naturais/geográficas e com João Antonio da Silveira Junior, Jeremias José de Toledo, José Nunes Barboza, Lucio Francisco da Silva, Joaquim Nogueira de Carvalho (AESP: RPT/BTCT nº 476: 158-a/v).
Jeremias José de Toledo foi posseador de terras - citado como divisante, nas localidades 'Rio do Peixe' e 'Bofete'; José Nunes Barboza: 'Cabeceira do Rio Pardo', 'Ribeirão São Bartholomeu' [São Berto] - com o aparentado Custodio José Barboza e 'Cabeceiras do Peixe' (AESP: RPT/BTCT).

3.3. 'Fazenda Barra Grande' ou 'Fazenda do Óleo'
Propriedade de João Alves Braga, por ele apossada e depois alienada a Joaquim Marques do Valle e Joaquim Luiz Dutra:
"Que as divisas da fazenda do 'Óleo' sempre respeitadas desde 1852, são as seguintes: Principiando no primeiro Salto, no logar denominado - Barra Grande e seguindo pelo veio da Água acima do lado direito, divisando com tres florestas, constando de tudo quanto vérte até divisar com Daniel (ou seus successores) e seguindo pelo espigão abaixo até a dita Barra Grande e por ella - abaixo divisando com Antonio Pedro (ou seus successores) até onde tiveram principio estas divisas" (DOSP edição de 17/05/1896: 10).
As terras da outrora Fazenda do Óleo estão inseridas no município de igual nome.
João Alves Braga foi, ainda, posseiro na fazenda Jaboticabal, em associação com Maximiano Antonio, Francisco José Jesus do Nascimento e Joaquim Cardozo de Lima, vendida ao coronel Francisco Dias Baptista, que figura como registrador da propriedade, citando divisantes, sem melhor informar a região (AESP: RPT/BTCT nº 104: 44-a/v).

3.4. Fazenda do Lageado ou Lajeado
Salvador Ortiz de Oliveira foi posseiro de terras adiante das cabeceiras do Ribeirão do Lageado [Lajeado], sem registro paroquial, no lugar denominado 'Córrego Salvador Ortiz', abrangendo as vertentes de ambos os lados até o Rio Pardo, sendo aquele acidente mencionado diviso com então criado distrito de Mandaguahy (DOSP, edição de 18/08/1905: 1).
Ortiz tem registro histórico no sertão em 1858 atestados por assentos eclesiais da Igreja Católica Apostólica Romana para Santa Cruz do Rio Pardo; depois 'adquiriu' terras de José Theodoro de Souza, em Conceição de Monte Alegre - Sapé, atual município de Paraguaçu Paulista, no ano de 1867.
Nos anos de 1870 fez-se presente na região o Antonio de Oliveira Mattosinho e Silva, mais conhecido como 'Capitão Mattosinho', em Santa Bárbara (Almanak da Província de São Paulo, 1873: 448), depois morador em Piraju ainda nos tempos São Sebastião do Tijuco Preto, formando a fazenda Barra Grande, iniciada no ribeirão Barra Grande até a barra do ribeirão do Óleo, compreendendo todas as suas vertentes, daí à esquerda pelo espigão, seguindo as divisas da Freguesia de São Sebastião do Tijuco Preto, atual Piraju, até frontear a barra do rio Itararé no Paranapanema, conforme a Lei Provincial nº 51, de 11 de maio de 1877, que decidiu as divisas municipais de Santa Cruz do Rio Pardo.
A fazenda Barra Grande tornou-se Lageado, propriedade do mesmo capitão Mattosinho (DOSP, 24/04/1895: 13359), território atual integrado ao município do Óleo.
Ainda em 1890, as famílias e os agregados de Salvador Ortiz de Oliveira e de Antonio Soares Monteiro residiam no lugar, além de Francisco Ignácio Borges, Egydio
Martins, Silveira e Andrade (AESP, Alistamento de Eleitores, Santa Cruz do Rio Pardo, 1890 - CD: A/A).
O território do Lageado pertence atualmente ao município do Óleo.

3.5. Fazenda Mandaguahy
Francisco Martins de Azevedo, adquiriu terras de Francisco Gonçalves da Silva e as registrou na Paróquia de Botucatu, sendo a propriedade à margem esquerda do Pardo desde o Mandaguay [Mandaguari] pelo divisor do ribeirão Dourado, à direita, e ribeirão do Lajeado à esquerda, até o espigão do Pardo com o Paranapanema, dividindo dimensões com o próprio Francisco Gonçalves da Silva e Joaquim Cardozo (AESP: RPT/BTCT nº 535: 176-a).
Francisco Martins de Azevedo e sua mulher Guilhermina Claudia de Oliveira repassaram a propriedade a Francisco José Paulino, com documentação de compra e venda datada de 03 de março de 1861. Consta, a seguir, em documento de 29 de dezembro de 1862 que Francisco José Paulino e sua mulher America Maria de Jesus, alienaram sua propriedade, por permuta, a Francisco Ignácio Borges e sua mulher Anna Rosa de Oliveira, com as seguintes confrontações na vertente do Rio Pardo que:
"Principiam na barra do Ribeirão do Mandaguay no Rio Pardo, subindo pelo veio do dito Ribeirão acima até à primeira barra, que é a barra do Ribeirão da Barra Funda, atravessando o ribeirão do Mandaguay, procurando e abrangendo os espigões que vertem para ambos os lados do ribeirão do Mandaguay até as suas ultimas cabeceiras, dahi torcendo à esquerda, cercando cabeceiras e vertentes do Córrego do Meio, hoje conhecido por Corrego da Barra Suja, e dahi descendo pelo espigão que faz contravertente com o ribeirão do Dourado, dividindo com Joaquim Cardoso e outros, até o rio Pardo, e dahi descendo por este Rio abaixo, até a barra do ribeirão do Mandaguay, onde tiveram principio estas divisas ..." (Juízo de Direito, Comarca de SCR Pardo, publicação Correio do Sertão, 14/11/1903: 3).
Grande parte da Fazenda Mandaguahy tornou-se propriedade do célebre 'coronel santa-cruzense' Antonio Evangelista da Silva, o Tonico Lista.

3.6. Fazenda 'Douradão'
José Cardozo de Lima, adquiriu e registrou terras no lugar 'Barra do Dourado', adquirido do aparentado Joaquim Cardozo de Lima, divisas naturais/geográficas e com Antonio Luciano Dutra e Francisco Gonçalves (AESP: RPT/BTCT nº 209: 79-v/80-a).
A propriedade primária apossada pelo vendedor Joaquim Cardozo de Lima era maior e abrangia a 'Vertentes do Rio Pardo', repassada a Antonio Joaquim dos Santos (AESP: RPT/BTCT nº 238: 89-a), fazendo divisas com Manoel Rodrigues do Nascimento, Joaquim Marques e José dos Santos.
O Registro Paroquial de Terras apresenta várias declarações de posses fracionadas, como 'Vertentes do Rio Pardo', entre os ribeirões Dourado, Douradinho e Lageado, ou, melhor definido, desde as divisas com a Fazenda Mandaguari ou Mandaguahy, sem prejuízos de outras citações 'Vertentes do Rio Pardo' para lugares diferentes ao longo do rio (Mapas IBGE - diversos).
Algumas citações peculiares para a territorialidade municipal de Bernardino de Campos quanto a sua formação indica a presença de Francisco Fernandes, nas cabeceiras do Douradão ou Água de Chico Fernandes, e Joaquim Pereira nas vertentes até a barra da água do mesmo ou denominada Joaquim Pereira, aonde seria erguido um bairro rural por nome Douradão.
Em 1879 chegava à região o comprador de terras Manoel Joaquim de Lemos, vindo de Avaré, para se fixar na região, fracionando a propriedade adquirida para vendas de porções menores, e, assim, atrair interessados em estabelecer fazendas para as primeiras grandes lavouras e criação de gado.
O Lemos teria doado uma porção de terras, cinco alqueires, para a expansão do bairro (Biblioteca IBGE: Bernardino de Campos - SP). Com o anúncio da passagem da Estrada de Ferro as famílias deixaram o Douradão e se transferiram para a Figueira, aonde seria a gare, que se tornou Bernardino de Campos.

3.7. Fazenda [Água] do Pires
O capitalista, arquiteto e entalhador José da Costa Allemão Coimbra (Correio Paulistano, 1863: 3), em 1857, adquiriu de Francisco de Paula Moraes, genro de José Theodoro de Souza, gleba de terras à margem esquerda do Rio Pardo (DOSP, 18/09/1909: 4310-4311). A propriedade estava dentro da grande posse de Theodoro.
Citação em edital de 1909 revelava as dimensões da propriedade, atualizada com os novos divisantes proprietários:
"Principiando na barra do Rio Pardo, dividindo com Silvestre de Andrade, dahi segue pela linha de perimetro da divisão, passa o rio por Tolle Irmão e Comp, na qual, além de Henrique Hardt e outros, foi condonimo o mesmo Silvestre até encontrar as divisas da sorte de terras pertencente a Delfino de tal, já fallecido, e outros, entre os quaes Luiz Marciliano da Silveira e Joaquim Ricardo Marques; dahi segue dividindo com essa sorte de terras, até encontrar as divisas da sorte de terras pertencente aos herdeiros ou successores de Delfino da Cunha, fallecido e outros; dahi divizando com essa sorte de terras, segue até encontrar as divisas da fazenda Boa Vista, de propriedade de D. Guilhermina da Conceição; dai, divizando com esta fazenda, segue até encontrar a linha de perimetro da divisão da fazenda Barreirinho, promovida pelo coronel Antonio Martins de Oliveira; dahi segue pela linha do perimetro desta fazenda até encontrar, cercando as cabeceiras do 'Ribeirão dos Pires', a linha do perimetro da demarcação e divisão a fazenda 'Figueira', promovida por Antonio Rabello; dahi segue por essa linha até o Rio Pardo, abrangendo uma pequena agua com todas suas vertentes que existe para baixo da barra do Ribeirão dos Pires, dahi segue Rio Pardo acima até o ponto de partida". Allemão Coimbra, muito rico e com outras atividades, deixou nesta fazenda o agregado Francisco Pires de Souza, "que desde na maior parte das águas foi morar" deuse ao lugar a denominação 'Água dos Pires' (DOSP, 18/09/1909: 4310-4311).
Allemão também foi dono de uma fazenda denominada Coimbra – em atual município de Ibirarema, e é entendido como um dos financiadores do bandeirismo de José Theodoro de Souza em troca de terras.
Em 1863 Allemão Coimbra colocou as duas fazendas a vendas, conforme publicações no Correio Paulistano (01/08/1863: 3 e outras edições), e, antes de firmar negócios, empreendeu viagem ao exterior, vindo a falecer em África Portuguesa, e os bens ficaram para sua viúva, meeira e coerdeira com os filhos, à exceção da Henriqueta da Costa Allemão Coimbra moradora no exterior, que repassaram a fazenda em Santa Cruz do Rio Pardo à empresa 'Alves de Azevedo e Companhia', e deu-se longa disputa judicial com o agregado Francisco Pires de Souza que para si reivindicava a propriedade.
No ano de 1921 o hebdomadário 'Cidade de Santa Cruz' anunciava: "Fazenda dos Pires - (Villa Zerrener) - Comunico aos pretendentes que já estão sendo cortados pelo agrimensor os lotes de terrenos da fazenda dos Pires e que restam poucos à venda. Americo França Paranhos." (edição de 13/03/1921: 6).
Os lotes ofertados eram datas, chácaras e sítios, destacando-se proprietários Albino Trevisan - nome agregado à história santa-cruzense, e Francisca de Assis Schramm - a viúva citada em Edital do Juízo de Direito da Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo (A Cidade, 22 de abril de 1928: 3).
Zerrener ou, mais propriamente, 'Zerrener - Bülow e Cia', de sociedade entre o dinamarquês Adam Dimitrik von Bülow e o alemão João Carlos Antônio Frederico Zerrenner - nome abrasileirado, atuava no ramo de exportação de café, especulação imobiliária e exploração capitalista, bastante conhecida por assumir o controle acionário da 'Cervejaria Antarctica [Antártica]'.

3.8. Fazenda Barra da Figueira
José Francisco [de] Chaves, adquiriu de Joaquim José Martins a fazenda Barra da Figueira, sendo "suas divisas pelo Norte, pelo Rio Pardo, Poente com Manoel Francisco [Soares] e Manoel Romão, pelo Sul com quem direito tiver pelo Leste com Joaquim José Martins." (AESP: RPT/BTCT nº 365: 125-a/v).
Nome fortemente ligado a Manoel Francisco Soares, Chaves foi o pai de José Domingos ou Domingues de Chaves, casado com Anna Porcina de Senne, filha do Soares; também pai de Antonia Maria dos Santos, casada com Justino Soares, outro filho do cofundador santa-cruzense.

3.9. Fazenda Salto da Boa Vista
Manoel Francisco Soares foi o posseiro inaugural desta fazenda e a repassou por venda a José de Camargo Bueno do Prado (AESP: RPT/BTCT nº 534: 175-v), e este ao Joaquim José Martins, antes que o Manoel Soares, entre 1859/1861, a readquirisse para repasse em 1861/1862 ao padre João Domingos Figueira, por isso conhecida, além de Salto da Boa Vista/Ribeirão Grande, também por 'Fazenda do Padre'.
Com a morte do padre Figueira, em 1878, a fazenda foi repartida entre seus seis herdeiros, sabidamente filhos e filhas, e, posteriormente o acréscimo de uma alforriada.
No ano de 1898 o capitão Martinho Dias Baptista Pires, requereu regularização da parte de terras por ele adquiridas de Luiz Antonio Rodrigues, tutelado [genro] do padre e, também, já finado; com a ação do capitão deu-se as descrições:
"A) pertenceu outrora a Joaquim José Martins e a sua mulher [Maria Francisca da Conceição], os quaes, conforme se vê do documento sob numero seis, venderam-na a Manoel Francisco Soares. B) Que Manoel Francisco Soares e sua mulher, conforme se vê do documento sob numero cinco, por sua vez venderam dita fazenda ao padre João Domingues Figueira. C) Que por fallecimento do padre João Domingos Figueira foi a mencionada fazenda avaliada pela quantia de dez contos e quinhentos mil réis, conforme se vê do documento número quatro, e partilhada entre os herdeiros legatarios seguintes: João Bonifacio Figueira; Manoel Gomes Nogueira, por cabeça de sua mulher Bemvinda Carolina do Espirito Santo; Luiz Antonio Rodrigues, por cabeça de sua mulher Mariana Rosa do Amor Divino, documento numero tres; José Joaquim Gomes, por cabeça de sua mulher Maria Innocencia da Conceição; José Chrisante Figueira, hoje mais conhecido por José Baptista; Antonio Emilio Rodrigues, tambem hoje mais conhecido por Antonio Baptista, e Rosalia de Tal. D) Que as divisas da fazenda sempre respeitadas por todos, desde mil oitocentos e cincoenta e seis, são as seguintes: - Principiando na [nesta] comarca de [no] Salto da Boa Vista, para o lado direito, subindo a rumo até o espigão até vencer o alto, fazendo divisa com José Ferreira Pinto, fazendo quadra, descendo pelo espigão abaixo até confrontar entre meio da barra e do Salto do Dourado, descendo a rumo, atravessando o Rio Pardo, sóbe o mesmo rumo até vencer o alto, dividindo de um lado e outro do Rio Pardo com João Baptista Negrão, subindo sempre pelo meio do espigão, ficando comprehendidas todas as vertentes para o ribeirão das Pitangueiras, descendo pelo espigão abaixo até o Rio Pardo, divisando com José Ferreira Pinto, atravessando o rio Pardo até onde tiveram principio estas divisas, conforme se vê dos documentos numeros cinco e seis" (DOSP, 19/03/1898: 6).
O capitão Martinho Pires, no início do século XX, colocaria à venda sua fazenda, que abrangia parte dos Pires e do Salto da Boa Vista.

3.10. Fazenda 'Aquem e Alem' do Paranapanema
Manoel Martins da Costa, com fundamentos e satisfeitas as exigências legais, oficialmente registrou em 1858, uma porção de terras 'Aquem e Alem do Rio Paranapanema':
"Eu Manoel Martins da Costa possuo umas terras aquem e alem do Rio Paranapanema por mim apossadas a muitissimos anos e suas divisas são as seguintes. Alem do Paranapanema principia abaixo da barra do Rio Itararé onde a serra faz pico de um lado e outro, seguindo pelo lado esquerdo terra acima pelo Espigão, divisando com Daniel Delgado, circulando todas as vertentes do Ribeirão Claro, divisando com quem direito tiver até encontrar com terras de João Roque Teixeira, decendo pelo Espigão abaixo, sempre divizando com o dito Teixeira até o barranco do Rio Paranapanema do lado de baixo subindo este acima até confrontar com um morro do lado esquerdo aquém do Rio Paranapanema, e seguindo pelo o Espigão do dito morro que é do lado de cá acima divizando sempre com o dito Teixeira, circulando todas as vertentes de um corrego que se acha do mesmo lado, decendo o espigão abaixo a onde diviza com terras de José Luiz Correa Dutra, subindo pelo dito Paranapanema acima divizando sempre com o dito Dutra até onde teve principio a diviza no pico da serra ja mencionada." (AESP: RPT/BTCT, pelo Ofício-Circular [Imperial] 22/10/1858 - Registro nº 23: 211-a/v e 212-a).
Martins da Costa, registrador de posses articuladas e divisante em outras (AESP: RPT/BTC), não procedeu diferente ao se declarar posseiro primitivo no registro paroquial das terras que pertenciam a Maria Prudencia de Oliveira, sertaneja conhecida pela alcunha de Maria Ferreira, pioneira nas regiões paulista e paranaense do rio Itararé, nas confluências com o Paranapanema.
Maria Ferreira, alcunha de Maria Prudencia de Oliveira, sobrinha de Euzebio da Costa Luz , foi pioneira no Sertão de Timburi-SP e Espírito Santo do Itararé-PR: 
https://celsoprado-razias.blogspot.com/2009/12/maria-ferreira-mulher-simbolo-do-sertao.html
Típico registro por combinações entre partes interessadas, para que as posses intentadas não voltassem à condição de terras devolutas, pois se temia restrições ao nome de Maria Ferreira, então viúva com filhos menores e amancebada com um fugitivo da justiça, procurado em todo o Império.
Outras propriedades menores na territorialidade do atual município de Timburi são anotadas desde o início do bandeirismo (AESP: RPT/BTC). 
Para Timburi constam assentados, sob a liderança de Maria Prudencia de Oliveira - a Maria Ferreira, os irmãos Joaquim e José Ribeiro Tosta; Pedro Rodrigues, João Antonio Leal - conhecido por João Delgado, e seu irmão Daniel; João Rodrigues, Salvador Rodrigues e Juca [Joaquim] Euzébio, juntamente com Victoriano Garcia, desde o Rio Itararé, além de Benedito de Tal, vulgo Chapéu de Couro, que repassou terras a João Baptista de Paiva.
Algumas citações para o histórico timburiense: 
"A posse de Água Preta foi feita por João Antônio Leal; a água do Poço do Dourado foi apossada por Domingos Antônio de Lima e da Areia Branca por João da Cruz Pereira. A Água do Palmital pertenceu, inicialmente, a José Alves Machado, do Rio de Janeiro, que por sua vez foi vendida a Domingos Pereira Fernandes, de Botucatu, a cujos herdeiros pertenceu a maior fazenda deste Município. Um deles, o Major José Pereira Fernandes, deu ao Retiro o nome de Santa Cruz do Palmital. Estava, assim, estruturada a povoação do nascente Distrito" (Melo apud Prefeitura Municipal de Timburi, 1973: 1).

3.11. Fazenda Ilha Grande
Os avanços pelo Paranapanema, nos tempos do bandeirismo de José Theodoro de Souza, atingiram a região de atual Ipaussu, com Florencio José Rodrigues, conforme declarou e registrou aos 03 de dezembro de 1855 o Bernardino Dutra Pereira, informando aquisição feita por ele da propriedade denominada Ilha Grande, por permuta com o primitivo posseiro, em data informada de 05 de dezembro de 1853:
"Um citio de terras, campos e mattos, mattos de culturas, campos de criar no lugar denominado Ilha-grande no Rio Paranapanema, tres aguas com suas vertentes de um lado, em outro do Rio, sendo duas do lado esquerdo e decendo o rio abaixo, e do lado direito hua, as divizas são as seguintes, do lado esquerdo diviza com Francisco Pereira da Silva, e subindo pelo espigão acima divizando com o mesmo Senhor Pereira, por cima as contra-vertentes com o [Inho?] Moço até confrontar com um pau de que tem no barranco do Rio com hua Cruz defronte, e [que] tem outro pau de outro lado e cortando a rumo direito a um espigão, segue pelo espigão rodea até procurar o rumo da barra do lado esquerdo, e fixando estas divisas." (AESP: RPT/BTCT nº 11: 6-a/v).
Bernardino, político em Botucatu, teve seu nome como registrador e divisante em algumas propriedades estratégicas, no sistema de posses articuladas, juntamente com Florêncio José Rodrigues - comprando e vendendo entre si na região, a favor do bandeirante José Theodoro de Souza, o titular das posses (AESP: RPT/BTCT nº 516: 169-v e 170-a), documentalmente comprovado no processo de ação divisória entre condôminos da Ilha Grande e adiante (DOSP, 03/08/1909: 23-24).
A região assentava-se, do lado paulista, onde a 'Sesmaria das Antas', quando ainda vivo o tenente Urias Emygdio Nogueira de Barros, que a herdara do avô materno. Tratava-se, portanto, de esbulho contra a parte legítima, ou, que fosse por desinteresse do sesmeiro, e, nesse caso, as terras seriam ou voltariam à condição de devolutas, então a necessidade de articulação de posses em sucessivas transações. 
O sertanista, tenente Urias Emygdio Nogueira de Barros (1790-1882), "foi senhor das seguintes sesmarias: (...); Rio Verde, na Faxina; Antas, em Lençóis, onde hoje está a povoação da Ilha Grande no município de Santa Cruz do Rio Pardo (...)" (Leme, 1905: 403 - Volume VI). As tais sesmarias foram outorgadas em 30 de abril de 1725 e 9 de dezembro de 1725, respectivamente, a Luiz Pedroso de Barros, com propósito de povoamento e desenvolvimento da agricultura e criação.
À esquerda do Paranapanema é citado diviso certo Francisco Pereira da Silva e, nas contravertentes, o tal Moço; em território paulista, diz a descrição, a fazenda seguia, em largueza, ao espigão e por ele abaixo, dividindo com quem fosse de direito, até onde a propriedade contida em sua extensão, para então se dirigir rumo ao leito do Paranapanema.
No comprimento os limites seriam com o João Antonio Leal ou João Delgado Leal, sem registro paroquial, sabendo que o Leal permutou sua posse "no lugar denominado Ilha Grande, nas margens do Paranapanema", com o João da Cruz Pereira dono de "Uma sorte de terras na barra do rio Itararé, que houve de Vitoriano Garcia" (Pupo e Ciaccia, 2005: 168 - Mapa E 72, 30 de dezembro de 1854).
A fazenda Ilha Grande abrangia terras hoje partes dos municípios de Ipaussu e Chavantes -Distrito de Irapé.
Por volta de 1860, segundo as tradições, estabeleceram-se na região, mais propriamente para a história de Ipaussu, João Antonio Justino, vulgo João dos Santos, e João Correa de Miranda.

3.12. Fazendas Jacu, Furnas, Paredão e Chumbeada
Na mesma região de Ilha Grande [Ipaussu] na parte compreendida entre o rio Paranapanema e o espigão, em direção à atual Ourinhos, consta:
"[A] fazenda denominada Jacú sita no districto de paz de Ilha Grande e faz parte da grande posse feita por José Theodoro de Sousa, em mil oitocentos e cincoenta e quatro (...). Que a fazenda 'Jacú' divide com o rio Paranápanema de um lado, de outro com a fazenda 'Furnas', e de outro com as fazendas 'Paredão' e 'Chumbiada'-" (DOSP, edição de 03/08/1909: 23-24).
Partes das mencionadas fazendas situavam-se divisas ou mesmo inseridas na antiga 'Sesmaria das Antas', inclusas com os demais registros paroquiais na posse maior de José Theodoro de Souza (AESP: RPT/BTCT nº 516, 31/05/1856), sendo a fazenda Furnas também conhecida por Salto do Turvo e chegava à margem esquerda daquele rio, acima de sua barra no Pardo, nas divisas com Manuel da Silva (5.12. Fazenda São José do Rio Pardo - 5.12) e Francisco Joaquim Theodoro (Fazenda Salto do Turvo - 5.15). Em 1882 o coronel Francisco Dias Baptista requeria "processo de medição de terras no lugar denominado Salto do Turvo, no districto de Santa Cruz do Rio Pardo" (Correio Paulistano, Atos da Presidência da Província de São Paulo, de 04 e publicado aos 08/03/1882: 3).
A Fazenda Jacu, após fracionamento e das transmissões 'intervivos e causa mortis', pertenceu parte ao fazendeiro Joaquim Antonio Graciano e sua mulher Maria Sabina de Jesus, conhecidos doadores de terras para a formação de Jacarezinho - PR, e outra porção ao dr. Antonio José de Macedo Costa Junior, mantida a denominação Jacu.

3.13. Fazenda Cachoeira
A fazenda Cachoeira, Cachoeirinha ou Igarapé da Cachoeira, originou-se das divisões e subdivisões da fazenda Ilha Grande à qual complementava o todo.
No ano de 1887 uma porção foi adquirida por João Ignácio da Costa Bezerra, negociante em São Sebastião do Tijuco Preto - Piraju (A Província de São Paulo, depois 'O Estado de S. Paulo', 30/10/1883: 1), e outras por João Francisco Machado, Joaquim Custódio de Souza e mais famílias, para se formar um povoado, visto em 1900 como Santana da Cachoeira, já conhecido por Irapé - 'Tapi'irape - Caminho das Antas'. 
Custódio de Souza foi o doador de terras para o patrimônio.
O bairro em 1909 teve reconhecimento oficial como Distrito de Paz, sob o nome Irapé, no município de Santa Cruz do Rio Pardo, com previsão de ali passar a estrade de ferro, todavia, pelas dificuldades topográficas, se construiu uma gare, dita provisória, alguns quilômetros atrás denominada 'chave antes' que, efetivada, se tornou Chavantes.

3.14. Fazenda Monte Alegre ou Coimbra
Certo Pedro Alves de Moraes assumiu terras de José Theodoro de Souza no Turvo/Alambari, e depois a trocou com o mesmo Theodoro por uma porção denominada 'Monte Alegre no Paranapanema' - região atual de Ibirarema, por escritura particular datada de 25 de junho de 1849 - data retroativa, lavrada em Botucatu.
Pedro Alves de Moraes, por sua vez, alienou a propriedade ao capitalista e arquiteto português, José da Costa Allemão Coimbra, e desde então tornou-se conhecida como Fazenda Coimbra e, muito depois, 'Fazenda Pau-d'Alho':
"Começa para baixo de uma ilha que tem no rio Paranapanema, perto do ribeirão do Palmital e subindo e cercando todas contravertentes deste ribeirão, até seu cimo seguindo e cercando todas as vertentes do rio Paranapanema, neste circulo até as contravertentes do rio Novo sempre divisando com o mesmo José Theodoro de Souza e cercando todas as contravertentes deste <<rio Novo>>, até cair no <<Paranapanema>>, abaixo do salto Grande, e por este rio abaixo até onde teve principio e fim estas divisas da ilha referida (DOSP 19/07/1908: 2184 e outras inserções)." 
Allemão Coimbra é o mesmo adquirente de terras em atual Santa Cruz do Rio Pardo, pertencentes a Francisco Paula de Moraes - genro de Theodoro, no lugar conhecido com Água dos Pires.
A fazenda foi colocada à venda direta (Correio Paulistano 01/08/1863: 3), depois aos cuidados de dois procuradores e o proprietário viajou para o exterior - em África Portuguesa, em agosto de 1863 (Correio Mercantil, RJ, 14/08/1863: 3), onde lhe ocorreu óbito.
A viúva, Maria do Carmo Coimbra, meeira e herdeira alienou a propriedade à empresa Alves Azevedo e Companhia (DOSP, 19 de julho de 1908: 2184); e, em consequência aos acontecimentos, a propriedade foi invadida e motivo de demandas judiciais em causas de 'grilos', falsificações de títulos de posses e esbulhos. 
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