domingo, 27 de outubro de 2024

1872 - DAS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS

1. Freguesia de Santa Cruz do Rio Pardo
Acervo: Edwin Luiz Brondi de Carvalho
Na condição de freguesia, em cumprimento ao dispositivo da Lei nº 71, de 20 de abril de 1872, fez-se o primeiro registro oficial de divisas para Santa Cruz do Rio Pardo, descrito em documento da Câmara Municipal de Lençóis Paulista, Sessão Legislativa de 26 de outubro de 1872, encaminhado ao Governo da Província, e assim estabelecido:
"Principiando-se no rio Alambary, no logar chamado dos Cardosos, procuram o espigão e por este abaixo até frontear o ribeirão de Santa Clara. E por este ribeirão acima até ultimas cabeceiras e d’aqui, o rumo, ao rio Pardo por entre as terras de Manoel Baptista e Antonio de Oliveira Marinho e por estas, a rumo, até o rio Paranapanema, divisando sempre com a Freguezia de S. Domingos e pelo lado opposto com o sertão." 
O Governo da Província de São Paulo aprovou a decisão camarária lençoense, por Ato de 09 de novembro de 1872. 
Pela Constituição de 1824, o poder civil criava freguesias, pelas Assembleias Provinciais, cumprindo a Igreja confirmá-las, com o significado de povoação formada, organizada e territorialmente delimitada, urbana e rural, com suas divisas definidas e extensivas sobre os bairros e capelas que lhe seriam subordinados.
Aos 13 de janeiro de 1873 a Carta de Provisão Eclesial confirmava o ato da Lei nº 71, de 20 de abril de 1872, vigorando desde então as mesmas divisas:
"Aos que esta Provisão virem, saúde e paz para sempre em o Senhor.
Tendo a Assembleia Legislativa Provincial por lei n. 71 de 20 d’abril de 1872 elevado à Cathegoria de Freguesia (Paróquia) esta Capella de Santa Cruz do Rio Pardo do Município de Lençóis, e attendendo ao que me representou Joaquim Antonio da Silva por parte do povo d’aquele lugar, hei por bem pela presente confirmar como por esta Provisão confirmo, erijo e canonicamente instituo aquella Freguesia na forma do Sagrado Concílio Tridentino, concedendo-lhe todos os direitos, privilégios, honras, insígnias distinções que lhe pertencem como Egreja Parochial, que de hoje em diante fica sendo, vigorando as mesmas divisas pelo que diz respeito a Estolla, que pelo Poder civil lhe foram dadas. Esta será publicada à estação da Missa Conventual dum dia festivo e registrada no livro do Tombo da Matriz para a todo tempo constar. Dada na Câmara Episcopal de S. Paulo, sob meu signal e sellos das armas, aos 13 de janeiro de 1873." (Debate, 16/01/2005, Frei Lourenço Maria Papin, Festa de São Sebastião).
Na ocasião o Bispo Diocesano de São Paulo, Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, presente na solenidade, inaugurou o templo religioso, construído em 1862, como Igreja Matriz – pós reforma e adaptações, na antiga Praça Anchieta, e designou o Padre João Domingos Figueira como Vigário Encomendado (ALESP, CO. 73.1.1, de 15/01/1873).
 
2. Subdelegacia de Freguesia
Com a elevação político-administrativa santacruzense, a Secretaria de Polícia da Província de São Paulo criou-lhe a Subdelegacia – nível de Freguesia (RG, BN 1014, 1873/1873: A-17, Comunicado de 15/01/1873), e nomeadas como as primeiras autoridades: "Subdelegado Claudino José Marques. Supplentes: 1º o Capitão do Exército Joaquim Compton D'Elboux; 2º João Bonifacio Figueira; 3º Siryno Carneiro de Araujo." (O Vinte e Dous de Maio, 28/11/1872: 2; e Almanach para Provincia de São Paulo 1873: 448).
Santa Cruz tornava-se, desta maneira, apta para engajamento de praças [soldados], de acordo com o Relatório de Governo, nº 1014, e seu nome lançado no Mapa da Policia em 05 de fevereiro de 1873 (RG, BN 1014, 1873/1873: M-23). 
Para o funcionamento da Subdelegacia e Cadeia - conjunto designado Quartel, o Governo autorizou aluguel de imóvel (Correio Paulistano, 21/04/1873: 2), contrato celebrado com Valentim José Theodoro (RG, BMIP 1023, 1878/1879: S 2 – 61), lembrado pelo Deputado Emygdio José da Piedade (Correio Paulistano, Suplemento, 19/03/1882: 1 - encarte edição 7617, 12/04/1882).
Valentim consta na história como proprietário de imóveis alugados para repartições públicas, do outro lado do ribeirão São Domingos, no então 'Bairro Santo Antonio'.
Nas nomeações e exonerações de autoridades policiais, Joaquim Manoel de Andrade Junior foi nomeado Subdelegado de Polícia, aos 15 de março de 1875, em lugar de Francisco de Paula Martins (Diário de S. Paulo, 17/03/1875: 3).
Andrade Junior, o subdelegado nomeado - delegado em exercício, era filho de Joaquim Manoel de Andrade e Anna Rodrigues de Jesus [da Silva], nascido aos 20 de abril de 1833, em Pouso Alegre - MG; por conseguinte, primo em segundo grau, do homônimo capitalista santa-cruzense Joaquim Manoel de Andrade. 

3. Dados censitários
Fonte IBGE, exceto quando outra referência apontada.

3.1. Censo de 1872
O primeiro censo demográfico realizado no Brasil, ocorrido em 1º de agosto de 1872, não foi concluído na Província de São Paulo senão aos 30 de janeiro de 1874, e nele a Paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo apresentava população de 3.623 habitantes livres, sendo 1948 homens e 1675 mulheres, constando ainda 209 escravos – 109 homens e 100 mulheres. 
Antes de 1872 a Igreja era a única Instituição que melhor atingia a população, através dos registros paroquiais, e as Províncias valiam-se desses documentos para as estatísticas demográficas e ações políticas de governo. As autoridades civis recebiam dos padres, semestralmente, as ocorrências registradas: nascimentos, casamentos e óbitos, além das chegadas e partidas das famílias, modo de vida e riquezas do lugar – estrutura socioeconômica, para fins de impostos e recrutamento militar. 
O Censo de 1872 foi marcado pelos detalhamentos referentes à Paróquia de Santa Cruz, trazendo num só mapa os levantamentos para Santa Cruz e São Pedro do Turvo com as respectivas regiões.
Embora cabeça de paróquia, a população santacruzense era inferior a de São Pedro do Turvo, na proporção 41,40 e 58,60%, pela ordem, ou seja, a população de Santa Cruz e territórios incorporados era apenas de 1.500 habitantes livres, com aproximadamente 90 escravos, todos eles brasileiros e católicos.
Para a paróquia, dos 1.948 indivíduos livres, sexo masculino, 964 deles eram brancos, 581 pardos, 357 negros, 46 caboclos, 1885 solteiros, 476 casados, 137 viúvos, 1948 católicos, 1.075 analfabetos, 878 alfabetizados, 67 meninos de 06 a 15 anos instruídos e 447 não.
Das 1.675 pessoas livres, sexo feminino contaram 1.019 brancas, 426 pardas, 216 negras, 32 caboclas, 1.108 solteiras, 470 casadas, 07 viúvas, 654 alfabetizadas, além de 1.021 analfabetas, 51 crianças – de 06 a 15 anos instruídas e 888 não.
Dos 209 escravos, 109 eram do sexo masculino, sendo 41 pardos, 68 negros e nenhum caboclo. Dos cativos, 102 foram citados solteiros, 7 casados e nenhum viúvo, todos analfabetos e professadores do credo católico. Havia 04 deficientes físicos, sendo 3 aleijados e 1 alienado.
Das 100 pessoas cativas, sexo feminino, 29 delas eram pardas, 71 negras e nenhuma cabocla. Das mulheres cativas, 97 ditas solteiras, 03 casadas e nenhuma viúva, sendo todas declaradas católicas, de nacionalidade brasileira e sem alfabetização; duas delas eram cegas. 
O Censo de 1872 mostrou-se deficiente e não alcançou resultados satisfatórios na paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo, instalada em 1873. O questionário padrão para o Censo de 1872 não foi adequado para as povoações incipientes do sertão paulista.
Algumas impropriedades são notadas; no quadro de profissões são relatados dois magistrados, dois médicos, quatro oficiais de justiça, quarenta e três funcionários públicos e oito professores, num tempo que a paróquia, então dimensionada, não apresentava tal estrutura que o Censo faz crer.

3.2. Censo de 1890
Não aconteceu o Censo de 1880, por problemas políticos, e o seguinte, de 1890, acusou para a Paróquia população de 12.418 habitantes, computados 6.466 homens e 5.952 mulheres, compreendendo neste total os 6.889 residentes para São Pedro do Turvo e os outros 5.529 para Santa Cruz.
No censo de 1890, dos 5.529 habitantes exclusivamente para Santa Cruz, 5.222 deles eram católicos romanos, 48 evangélicos, 126 presbiterianos, 120 para outras seitas, incluso o kardecismo que ganhava adeptos, enquanto 13 pessoas se declararam sem cultos. Santa Cruz de 1890 contava, oficialmente, com 708 alfabetizados, sendo 525 homens e 183 mulheres, sendo apontados 4.821 analfabetos: 2.367 homens e 2.454 mulheres.
Outro interessante dado refletia o levantamento de filiações, quando encontrados: 5.342 legítimos, 180 ilegítimos, 4 legitimados e 3 expostos. 
Relatório de Governo de 1890 informa 536 eleitores na Paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo, sendo 336 inscritos na sede e 200 para São Pedro do Turvo (RG, U 1145, 1890/1890: A – 189) a despeito da população de São Pedro manter-se maior que a santacruzense.

3.3. Censo de 1900
O censo de 1900 apontou 4.964 habitantes para Santa Cruz do Rio Pardo, sendo 2.623 homens e 2.341 mulheres. Considerando que o valor populacional oficial em 1890 era de 5.529 residentes, entende-se queda numérica 465 pessoas, ou seja, população 10,21% menor.
Para São Pedro do Turvo, em 1900, foram registrados oficialmente 8.529 habitantes divididos em 4.164 homens e 4.425 mulheres. Foi o primeiro censo em separado para Santa Cruz do Rio Pardo, com o desmembramento de São Pedro do Turvo em 1892, mais populoso que a antiga cabeça paroquial.
Por problemas técnico-administrativos o censo de 1900 necessitou de reapuração quase integral, em todo o Brasil, todavia não houve prejuízos quanto às aplicações de programas e ações de governo para a região santacruzense. 
A baixa população registrada para Santa Cruz decorreu das divisões administrativas territoriais, apenas a posterior revistas e redefinidas. 

3.4. Censo de 1920
Não houve censo em 1910.
No ano de 1911 ocorreram, para Santa Cruz do Rio Pardo, desmembramentos, de Salto Grande (1911) com diminuições territoriais e de população, inclusive a região de Ourinhos; de Ipaussu em 1915, também com iguais perdas; Chavantes e Óleo no ano de 1917. Isto significava custos maiores para Santa Cruz e ausência de receita financeira, especialmente ferroviária. 
Ainda assim, a população santacruzense de 1920 seria, pelos cálculos da Municipalidade ou a vontade do Chefe do Executivo, de 39.427 moradores (A Folha, 31/01/1960 – retrospectivas), entretanto, o registro censitário apontou 32.456 habitantes, sendo 17.266 homens e 15.196 mulheres.
Percebe-se, a despeito dos desmembramentos territoriais, o real crescimento santacruzense em vinte anos (1900/1920), impulsionado pelas culturas cafeeira, algodoeira e da alfafa, com a entrada de 18.579 imigrantes, especialmente em 1914, quando registrados 11.114 deles, italianos em maioria, de acordo com o quadro distributivo da 'Secretaria de Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Públicas do Governo de São Paulo' (R.SNA, 1908-1920).

3.5. Censo de 1940
Não ocorreu o censo de 1930, porém em 1923 dera-se o desmembramento de Bernardino de Campos, com as consequentes perdas, e se passou o governo Abelardo Pinheiro Guimarães (1930/1935). 
Após Pinheiro Guimarães surgiu o ufano progressista Leônidas Camarinha (1938/1946), que dois anos após a posse, já afirmava: "A cidade de Santa Cruz do Rio Pardo acusa aproximadamente um total de 10.000 almas enquanto a zona rural do município é 'habitat' para outras 50.000" (Prefeitura, Índice de Avaliação e Estatísticas, 1940: 11). Seriam 60 mil habitantes.
Contraditando Camarinha o Censo de 1940 apresentou apenas 44.578 habitantes, o maior número para a história de Santa Cruz, incluso o levantamento de 2010.

3.6. Censo de 1950
Santa Cruz teve registrado 32.158 habitantes em 1950. As saídas de famílias de imigrantes e os seus descendentes, após a 2ª Guerra Mundial, além dos próprios nacionais, para o estado do Paraná, região alta paulista e grandes centros, justificam menor população para o município em relação ao censo anterior, com diferença negativa de 12.420 pessoas entre 1940 e 1950.
No final do segundo governo Lucio Casanova Neto (1956/1959), novamente em pauta o crescimento de Santa Cruz, avocado o IBGE, estimando-se total de 56 mil residentes, distribuídos 22.500 habitantes na zona rural, 14.500 para a zona urbana, e mais os Distritos, de Caporanga com 5.100, Clarínia 5.800, Espírito Santo do Turvo 3.200, e Sodrélia 4.900 (O Regional, 31/01/1960: 5). 

3.7. Censo de 1960
Contraditando as ambições do governo Lucio Casonava Neto (1956/1959) e do sucessor Onofre Rosa de Oliveira (1960/1963), e mesmo a hipotética estimativa dita IBGE, de 56 mil residentes no município, o Censo de 1960 computou 38.046 habitantes, sem nenhuma justificativa para tal discrepância.

3.8. Censo de 1970
O Censo IBGE apontou população santacruzense de 34.412 habitantes para 1970, com diferença negativa de 3.634 pessoas em relação ao censo anterior, justificada pela saída de jovens e famílias, em busca de oportunidades nos grandes centros e onde as localizadas obras do governo federal, no período denominado 'milagre econômico brasileiro', marcado pela expansão da economia nacional iniciada em 1968. 

3.9. Censo de 1980
Pelo Censo de 1980 foram contados 33.645 residentes, população diminuída pelas consequências migratórias, ante ausências de empregos e de cursos universitários ou técnicos atraentes. 
Também se pode dizer do decréscimo populacional, a persistência do 'milagre econômico' voltado para os grandes centros e regiões remotas do país.
 
3.10. Censo de 1990
Dados censitários oficiais de 1990 apresentaram 39.516 moradores no município, com crescimento de 14,86%, correspondente a 5.871 pessoas, devido instalações e expansões da indústria sucroalcooleira.

3.11. Censo de 2000
Com apontamento de 40.919 habitantes no ano 2000, o baixo índice de crescimento caracterizou-se por população flutuante alternada, nos períodos de safras e entressafras nas diversidades agrícolas, além da perda territorial e de população para Espírito Santo do Turvo, elevado à condição de município. 

3.12. Censo de 2010
Em 2010 foram contados 43.929 habitantes, sendo 21.513 para o sexo masculino e 22.416 para o sexo feminino, em 13.986 domicílios particulares ocupados, com média de 3,14 moradores por residência. Contou-se, também, 40.161 residentes urbanos na sede do município e 3.768 rurais concentrados nos Distritos. 
O Censo de 2010 refletiu real espalhamento urbano – residencial, e crescimento vegetativo positivo numa década, com número de nascimentos maior que o de mortes. 
O expansionismo urbano número crescente de imóveis, desde os anos de 1960, não significa aumento populacional considerável, e sim filhos constituindo novas famílias permanecendo no município e gerando crescimento vegetativo para mais.

3.13. Censo de 2020
O Censo não ocorreu em 2020 por recomendações do Ministério da Saúde, ante o quadro de emergência de Saúde Pública, pandemia COVID 19, adiado para 2021, o que também não aconteceu por conta do corte de gastos públicos, em consequência da crise gerada pela pandemia. O Censo teve início em agosto de 2022 com encerramento previsto para outubro do mesmo ano, no entanto prorrogado e só concluído no final de fevereiro de 2023.
Santa Cruz apresentou em 2022 população de 46.442 habitantes - estimativa para 2024 de 47.677, densidade demográfica 41,66 hab./km², taxa de escolaridade, dos 13 aos 14 anos de 96,3%, com 
IDEB de 2021 para o ensino fundamental era de 6,2 - anos iniciais, e 5,4 para os anos finais. PIB per capta, 2021, R$ 57.811,23 
Taxa de mortalidade infantil de 10,5 para 1.000 nascidos vivos. O município apresentou 89,8% de domicílios com esgoto sanitário adequado, 93,4% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 29,8% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada, com bueiros, calçadas e meios-fios.
Área do município, 1.114,747, 26º em tamanho no Estado e 1306 no Brasil

4. Dos nascidos livres de mães escravas
Termo de 30 de junho de 1873 deu abertura de Livro na Paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo, para o registro dos nascimentos dos filhos das escravas nascidos desde 28 de setembro de 1871, data da Lei nº 2.040, comumente chamada de Lei do Ventre Livre:
"Servirá este Livro na Parochia acima declarada para o registro dos nascimentos dos filhos das escravas nascidos desde 28 de setembro de 1871 data da Lei nº 2.040. Suas folhas vão rubricadas pelo funcionário a quem authorisei. Thesouraria da Fazenda de S. Paulo, 30 de junho de 1873. a) O Inspector." (Eclesial, SCR. Pardo, Livro Provincial, Lei 2.040/1871 – Cd: A/A). 
O livro servia para o controle governamental quanto do número de crianças livres nascidas em cativeiro, após a implantação da referida lei 2.040. Na Paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo ficou encarregado do preenchimento o vigário, padre João Domingos Figueira, um escravagista.

5. Dos aforamentos
A povoação de Santa Cruz formou-se pelos patrimônios de Santa Cruz e do Santo Antonio, administrados pela Igreja, através de aforamentos, como direito transferível de ocupante de terreno aos herdeiros e sucessores.
A 'Fábrica', como administradora dos bens eclesiásticos na localidade, retribuía os recolhimentos através de criações, melhorias e manutenções de serviços públicos, antes da emancipação política.
A despeito das ausências descritivas de arruamentos e modelos das primeiras construções, Santa Cruz teve o expansionismo urbano a partir da sede de fazenda, no pontal do Pardo/São Domingos, acompanhando sinuosidades de ambos os acidentes geográficos, com demarcações de quadras e ruas em forma de xadrez, corrigidas onde necessário com fixações de largos e praças, ou por desvios de trajetos.

6. Santa Cruz melhormente
6.1. Perímetro urbano
Elevada a freguesia em 1872, Santa Cruz manteve a mesma configuração urbana, cujas construções mais concentradas nos arredores do chafariz, depois rareadas e distribuídas em grandes lotes ou datas, à medida dos afastamentos.
Santa Cruz desenvolveu-se de 'costas para o Pardo', por razão do aclive íngreme em direção ao planalto que não favorecia a entrada da casa, por isso o 'alinhamento com a rua de cima'.
Não diferente de outras localidades da época, as primeiras construções santacruzenses foram levantadas em madeiras ou tijolos de barro cozido, estilo quatro águas, outras em pau-a-pique e barreadas com misturas de sangue animal no melhor estilo da época. 
As coberturas das residências, postas sobre tesouras de sustentação em madeirames e ripamentos, apresentavam-se cobertas por telhas de barro enformadas e levadas ao forno, produção em série, e aquelas feitas mais artesanalmente e secadas ao sol, uma e outra no estilo capa/canaleta.
As construções tinham paredes pintadas, geralmente, a cal e algum tipo de mistura mineral ou vegetal, como o pó do óxido de ferro - de coloração vermelha, ocre, castanho e preto; de óxido de cromo – verde; de óxido de cobalto – azul. Também as tintas com anil (vegetal) - azul; urucum (vegetal) - vermelho ou cor aproximada; e outras tinturas obtidas de cascas e raízes de árvores.
O pó de óxido de ferro tornou-se conhecido como 'vermelhão' pelo uso em larga escala no sertão, e depois, com as demais cores foi apelidado de 'pó xadrez' em razão dos estilos - em xadrez, dos primeiros pisos com as tinturas. Para melhor fixação da caiação misturava-se gordura animal, e algumas pinturas usavam substância corante sintetizada, a partir do benzeno, comumente conhecida como anilina, misturadas com pó de óxidos. 
Demolições feitas nos anos de 1960/1970, de algumas antigas construções, revelaram, sob caiações, pinturas de qualidade superior que aparentavam tinta a óleo. A tinta a óleo era cara para os padrões iniciais, fabricada a partir de misturas de pigmentos corantes, em suspensão num óleo secante, mais usualmente de linhaça, cuja viscosidade podia ser alterada por solventes, além de acréscimos de vernizes para o brilho.
Restos de construções santa-cruzenses, vistas nos anos de 1970, mostravam tijolos cujas peças mediam em torno de 24 x 12 x 6 cm (comprimento, largura e altura), e peso aproximado de 2,700 kg, como padrão comum para aqueles tempos. Alguns antigos telhados do tipo capa/canal - conhecida como telha paulista, apresentavam tamanhos uniformes por olarias, daí as desigualdades de tamanhos, além das 'francesas', mais uniformes, como tipos mais populares. 
Nos anos de 1970 era possível encontrar edificações 'populares ou de trabalhadores' do século XIX, algumas mais bem solidificadas, que ainda permanecentes no século XXI, embora descaracterizadas em maior ou menor grau, pelas tantas reformas e adaptações, e até estilos desvirtuados.
Entre os anos 1978/1986 se podia observar nas periferias, hoje centro expandido, lotes com construções pobres, em madeiras ripadas ou não, cobertas com telhas capa/canal. Nas saídas da cidade algumas chácaras apresentavam edificações sopapeadas e em madeira, com coberturas de zinco, sapé ou mesmo telhas capa/canal.
Editais feitos publicar pelo Juízo de Direito, ainda que décadas depois, descreviam tamanhos de terrenos e tipos de construções então existentes.

6.2. Sinopse de 1872
O comércio santa-cruzense evoluiu a partir das proximidades do Rio Pardo, e os prédios propositados destacavam-se pelo mesmo tipo de fachadas para todos os estabelecimentos, diferenciando-se quanto às tantas portas em função da atividade exercida, ou conforme as posses dos proprietários. 
O Almanaque da Província de São Paulo (1873: 448) informa a Santa Cruz de 1872, freguesia, com suas autoridades, comerciantes e os artistas, industriais e ofícios. 
No comércio, em 1872 eram conhecidas a "Loja de fazendas e armazém de molhados", de Joaquim José de Paes, e o "Armazém de molhados e gêneros do paiz", de Valentim José Theodoro. 
No centro comercial existia a oficina de carpintaria, de Felippe José de Castilho; a fábrica de imagens sacras, de João Aureliano; a ferraria de Francisco Martins; e a sapataria e oficina de calçados de José Raphael de Andrade. Candido Rodolpho da Cruz e Salomão Rodrigues da Costa exerciam a profissão de tropeiros.
Figuravam como autoridades constituídas o Padre João Domingos Figueira; o Subdelegado Claudino José Marques; os Suplentes de Subdelegado: 1º – Capitão Joaquim Compton D'Elboux; 2º – João Bonifácio Figueira; 3º – Siryno Carneiro de Araujo. 
O comércio e as demais profissões concentravam-se nas ruas Visconde [depois Barão] do Rio Branco, Visconde de Pelotas [Dr. Alziro de Souza Santos] e Santa Cruz [depois Senador Euzébio de Queiróz e agora Catarina Etsuko Umezu], além da Rua do Andrade – depois Saldanha Marinho, e a do Coronel Piedade oficializada Coronel Emygdio José da Piedade. As tradições apontam uma pousada com potreiro na Rio Branco, entre as atuais ruas, Farmacêutico Alziro de Souza Santos e Catarina Etsuko Umezu.
O núcleo comercial delineado ainda seria considerado, trinta ou mais anos adiante, como "centro do conglomerado: o ponto de convergência dos meios de transportes do tempo" (Oliveira Zanoni, 1976: 67), mudando o aspecto apenas quando o comércio já atingia quadras acima da Rua 8, atual Conselheiro Antonio Prado, na denominada Vila Nova, e lojas e casas de comércio instaladas na Rua 13 – conhecida por Rua do Meio, atualmente Conselheiro Dantas, em direção ao Largo do Rosário – atual Praça Octaviano [Otaviano] Botelho de Souza. 
Em 1887 o negociante italiano Moyses Nelli concluiu um edifício que lhe serviria de comércio e moradia, um "enorme sobrado na praça [atual Deputado Leônidas Camarinha], trazendo da Itália pedreiros para levar avante tão grandiosa obra" (Rios, 2004: 42). 
Trata-se do mais antigo prédio santacruzense, que passou por processo de revitalização sem perdas das principais características, em 2014, através da Empresa Special Dog de propriedade dos Irmãos Manfrin, sendo o local destinado para Centro Cultural.

6.3. As primeiras ruas
As ruas, sem uniformidade padrão e simetria ausente, eram conhecidas por números ou pelos nomes dos moradores mais antigos ou influentes, antes de se homenagearem personagens da República [a partir de 1890], os cidadãos ilustres e os membros de famílias bem relacionadas economicamente.
Nos tempos republicanos identificadas algumas ruelas nos patrimônios Santa Cruz e Santo Antonio:
-A hoje rua 'Conselheiro Antonio Prado' atrelava-se a uma estrada, adiante do 'Largo do Jardim' [atual Praça Deputado Leonidas Camarinha] com destino ao Paraná passando por algumas fazendas aquém e além do Pardo, até o Paranapanema, para seguir adiante. Tinha uma via perpendicular no denominado 'Altos do São José' rumo aos cemitério e isolamento para vítimas de epidemias e doenças infectocontagiosas - este isolamento onde, por tempos, a 'Antena da Rádio Difusora'.
Anos depois, na área urbana, a estrada teve o nome de Rua Paraná, com outras modificações nominais mais porvindouras.
-Uma travessa, posteriormente com o nome de Julio de Castilho – possível homenagem ao chefe político gaúcho republicano Julio de Castilho, morto aos 24/10/1903 (Correio do Sertão, 31/10/1903, óbito citado), unia as atuais praças 'Major Antonio Alóe e a Sete de Setembro' e nesta última a bifurcação da citada Julio de Castilho com a rua 'Duque de Caxias' - antes a estrada para a 'Olaria do Valentim'.
Desde a 'Praça Major Antonio Alóe - antiga Rui Barbosa', abriu-se a 'Rua Coronel Emygdio José da Piedade'.
Posteriormente o prosseguimento da Julio de Castilho teve a denominação de Afonso Pena.
-Uma travessa, depois denominada 'General Gurjão', atual 'General Argollo', unia o núcleo Santo Antonio à estrada para o Paraná.
-Uma travessa, entremeio às futuras 'Julio de Castilho e Afonso Pena', que depois se cognominou 'Thomaz Junior' - agora 'Gildo Menon', acessava-se a 'Chácara de Maria Caetana'.
-A hoje 'Rua General Osório' acostava-se à margem do rio Pardo, e a 'Barão do Rio Branco' até a beira do ribeirão São Domingos; e, no cruzamento das duas vias públicas formava a Praça Santa Cruz, onde existiu uma capela.
Citações de 1909, Código de Posturas pela Lei Municipal nº 143, de 03/11/1909 – Título IV, Capítulo I – Da Cidade e Vilas, Seção I revelam o perímetro urbano iniciado na barranca do Rio Pardo no ponto fronteiro a ponta dos trilhos da estrada de ferro Sorocabana e até frontear a barra do Ribeirão São Domingos, e desse ponto, segue até o Rio Pardo até a divisa do patrimônio de S. José, hoje a rua Coronel Arlindo Crescêncio da Piedade até frontear o pasto de Dona Guilhermina Brandina da Conceição, onde a atual Vila Fabiano e adjacências, e desce pela divisa até o ribeirão São Domingos, por este acima até a divisa do patrimônio – referência ao valo até o Rio Pardo onde iniciada as dimensões.
Nas descrições da citada lei o artigo 337 designa as ruas da época, entre outras, que chegaram aos dias atuais ou acrescidas gradativamente:
-Rua 1: aquela "que partindo da rua Saldanha Marinho [por de trás da casa do Dr. Olympio Pimentel] vai ter á rua Conselheiro Antonio Prado", ou seja, a 'Rua Dr. João Pinheiro', cuja denominação em homenagem ao estadista e presidente mineiro João Pinheiro [da Silva], falecido em 1908. A tal rua teve, depois, prolongamento até a atual rua Coronel Julio Marcondes Salgado, valendo-se de pequeno trecho da ruela desaparecida.
-Rua 2: Barão do Rio Branco, antes 'Visconde do Rio Branco' e era conhecida como a 'Rua que começa no ribeirão São Domingos passando em frente da 'chacrinha' do Dr. Olympio Pimentel segue rio Pardo acima até morrer no mesmo'.
-Rua 3: Duque de Caxias, 'Rua que partindo do largo onde morava José Bispo, segue em paralelo ao rio Pardo, em direção a Olaria de Valentim José Theodoro'. Foi antes, ou assim conhecida, como a 'Estrada da Olaria do Valentim'.
-Rua 4: Coronel Emygdio José da Piedade, a 'Rua da casa do Coronel Piedade', desde a Rua General Ozório à Avenida da Intendência, agora Avenida Dr. Cyro de Mello Camarinha.
-Rua 5: General Ozório [Osório], 'a rua que partindo da casa de D. Rita Borges vai ter ao matadouro'.
-Rua 6: Joaquim Manoel de Andrade. Segundo a tradição, Joaquim Manoel de Andrade residia numa esquina, com a então 'Rua 7 que foi Rua do Andrade e depois Saldanha Marinho', ficando a Rua 6 com o nome de Joaquim Manoel de Andrade, por algum tempo, também, Rua do Andrade.
—Em 1926, o prolongamento da rua Andrade [atual Joaquim Manoel de Andrade], a partir da praça hoje Deputado Dr. Leônidas Camarinha rumo ao ribeirão São Domingos, foi denominada rua Amazonas, consoante Lei Municipal nº 377 de 16 de julho de 1926, com nominação como rua Rio Grande, a qual em 1932 oficializada Coronel Julio Marcondes de Salgado - Lei Municipal nº 80 de 12/09/1932.
-Rua 7: Saldanha Marinho, antes a 'Rua do Andrade' também chamada de 'Rua da Ponte Nova', nas proximidades do Pardo.
-Rua 8: Conselheiro Antonio Prado, ainda com atual denominação, mas, em 1926, abaixo da Praça da República [Deputado Dr. Leônidas Camarinha], em direção ao Bairro de São José, teve denominação alterada para Rua Paraná (Lei Municipal nº 377), depois tornou-se rua Mario Bastos Cruz - Lei Municipal 459, de 15;01/1931, voltando a ser Conselheiro Antonio Prado, hoje rua Coronel Antonio Evangelista da Silva.
—Nos tempos como rua Paraná, foi mencionado uma pedreira às margens do  ribeirão São Domingos, desativada em 1927: "extincção da pedreira na rua Paraná, junto ao ribeirão S. Domingos (A Cidade, 06/02/1927: 1)".
-Rua 9: Farmacêutico Dr. Alziro de Souza Santos, antes Visconde de Pelotas, conhecida como Rua do Hotel Filandro. Em 1899 o Correio Paulistano citou reforma da ponte sobre o Rio Pardo, em fase de conclusão de serviços, "situada na Rua Visconde de Pelotas - que sobe em direção á cadêa velha, tendo espaço para tres cavaleiros juntos" (21/04/1899: 2).
—Pela Lei Municipal 377, de 16 de julho de 1926, a rua Visconde de Pelotas, abaixo da Praça Ataliba Leonel [Marechal Deodoro e hoje Praça Dr. Pedro Cesar Sampaio], em direção ao ribeirão São Domingos, recebeu nome de Ladeira São Paulo, agora Rua Frei Marcos Righi, com sequência, pós ribeirão, nominada Avenida Fabiano Pereira da Silva. 
-Rua 10: Ruas Luiz Gama, 'que começa no ribeirão São Domingos e vai até o Largo da Igreja', ou 'Páteo da Igreja'. A Luiz Gama teve denominação alterada para Ladeira de São Domingos pela Lei Municipal nº 377, de 16 de julho de 1926, a partir da rua Saldanha Marinho, denominação ainda conservada, enquanto a sua extensão, entre o pátio da Igreja - hoje Praça Dr. Pedro Cesar Sampaio até a rua Saldanha Marinho, tornou-se [início da] Avenida Tiradentes.
—O nome de Luiz Gama foi transferido para uma via pública no Bairro São José.
-Rua 11: Rua Santa Cruz, depois Rua 'Senador Euzébio de Queiróz', hoje Catariana Etsuko Umezu.
Pela citada Lei Municipal 377: "O prolongamento da rua Euzebio de Queiroz a partir da praça Ataliba Leonel [antes Praça Marechal Deodoro e atualmente Dr. Pedro Cesar Sampaio] passou a denominar-se rua José Theodoro de Sousa", voltando à denominação anterior, Euzebio de Queiroz, até sua modificação para Rua Catarina Etsuko Umezu.
-Rua 12: Benjamin Constant, início a partir da Rua Saldanha Marinho rumo à Praça da Igreja e adiante; depois foi aberta até o ribeirão São Domingos.
Atualmente, a parte iniciada no Ribeirão São Domingos, até a Rua Farmacêutico Alziro de Souza Santos, tem a denominação de Frei Marcos Righi.
-Rua 13: Conselheiro Dantas, conhecida como 'Rua do Meio', foi via de entrada e saída para São Pedro do Turvo e sertão.
-Rua 14: Prudente de Moraes atual José Epiphânio Botelho.
-Rua 15: Marechal Bittencourt, anteriormente denominada 'Avenida da Independência'.
-Rua 16: Quintino Bocaiuva, nome ainda hoje conservado.
-Rua 17: Rangel Pestana paralela à avenida precedente que é a Coronel Baptista Botelho e esta paralela à atual Avenida Cyro de Mello Camarinha, antes a 'Avenida Silva Jardim' e, mais antigamente, a 'Avenida da Intendência', ambas as avenidas ausentes das demarcações.
-Rua 18: Euclides da Cunha, parte onde, após a Conselheiro Saraiva, a a estrada com destino a Espírito Santo do Turvo.
—Antes da estrada ser ligada à Euclides da Cunha, iniciada nas proximidades da atual Avenida [João] Baptista Botelho, ela passava por entre as quadras da mesma Euclides e a atual Antonio Mardegan.
-Rua 19: Regente Feijó, antes Senador Feijó.
-Rua 20: Rua José do Patrocínio teve denominação alterada para Antonio Mardegan.
-Rua 21: Conselheiro Saraiva, o antigo limite urbano de Santa Cruz do Rio Pardo, no final do século XIX e início do XX, aonde existia o valo divisor com as terras do engenheiro 'Henrique Kruzmann' futura Fazenda do Peixe, partes hoje da 'Chácara Peixe'.
-Rua 22: Coronel Marcello Gonçalves de Oliveira, que foi a 'Rua do Pio' ou a 'Rua que começa no Ribeirão São Domingos e chega ao Largo do Rosário'.
-Avenida Marechal Floriano Peixoto, iniciada no Largo do Rosário, inicia-se em continuação da precedente, Coronel Marcello Gonçalves de Oliveira.
O Largo do Rosário tornou-se Preaça Octaviano Botelho de Souza, pela Lei Municipal 689/1976, e a rua oficializada pelo nome Travessa 'Otacílio Ramos', pela Lei Municipal 1471, de 22 de fevereiro de 1994, por entender os políticos que se tratava de via pública sem denominação.
-Rua 23: inexistente à época.
-Rua 24: Rua General Carneiro, denominação modificada para Cônego Joaquim Bueno de Camargo.
Esta rua atualmente tem nomes diferentes ao longo de seu curso, como exemplo a 'Rua Padre Figueira'.
-Rua 25: inexistente à época.
-Rua 26: Carlos Gomes, a última rua no limites urbano, com chácaras à beira do Ribeirão São Domingos, e acima a confrontar com a Rua Porto Alegre, antes Rua Sidéria (APESP, Carta 001-0033-001-001), e foi conhecida como Boiadeira, com denominação alterada para Rua Simão Cabral, pela Lei nº 20 de 26 de dezembro de 1956.
Na margem direita do ribeirão São Domingos, proximidades do Chafariz, além da estrada até a Olaria de Valentim José Theodoro, a hoje Rua Duque de Caxias, citam-se as ruas: General Argollo, depois General Gurjão, conhecida em 1909 como a 'Rua que partindo da Rua Conselheiro Antonio Prado - [parte atual Coronel Antonio Evangelista da Silva], e passando pela frente da casa da viúva de Jacob Molitor, vai até a esquina da casa de Antonio Alves da Silva Leandro', no dito ribeirão.
Outras vias públicas santa-cruzenses são mencionadas na 'Lei Municipal nº 143, de 03/11/1909'.  

6.4. Praças e Largos
'Largo' era área pública de parada servindo, muitas vezes, como atalhos entre ruas, e identificação de endereços ou ponto de referências, enquanto 'praça', espaço público ajardinado, destinado ao descanso e congraçamento de famílias, com bancos, passeios e coreto para apresentações culturais. Em regra, ainda são assim, não excluindo as áreas particulares para o mesmo fim.
Os largos e as antigas praças, algumas ainda atuais, foram as seguintes:
-Praça Santa Cruz: nas proximidades do cruzamento entre as vias públicas 'General Ozório [Rua 5] e Barão do Rio Branco [Rua 2]', onde a 'Capela de Santa Cruz', "ha muitos anos iniciadas e inteiramente abandonadas" (A Cidade, 18/07/1926: 2).
Contada entre as três mais antigas praças urbanas de Santa Cruz, durante algum tempo, também foi denominada Praça Barão ou Visconde do Rio Branco.
-Praça Conselheiro Ruy Barbosa: assim mencionada em 1909 (Lei Municipal 143 de 03/11/1909) e depois Major Antonio Alóe.
A Lei Municipal nº 21, de 16 de abril de 1937, desapropriou parte do imóvel do advogado Celso Vieira, à Rua Saldanha Marinho, nº 282, para anexação à Praça Rui Barbosa, existente (Correio Paulistano, 23/06/1937).
Tradições indicam que esta praça existiu desde o início de Santa Cruz do Rio Pardo, sem denominação, até que lhe foi dada por nome 'Conselheiro Ruy Barbosa'.
Nos tempos da servidão, antes de ser oficialmente denominada, os escravizados enfrentavam publicamente o tronco, assim como os praticantes de crimes aguardavam ali, amarrados, o destino para as cadeias de São Domingos, Lençóis Paulista ou Botucatu, até que a localidade foi provida de cela provisória para seus detentos.
-Praça Anchieta: conhecida como 'Praça da Matriz' ou 'Largo da Igreja'.
Já existente em 1862 quando concluída o primeiro templo religioso, situava-se entre as atuais Rua Dr. Alziro de Souza Santos, Avenida Tiradentes e a Rua Benjamin Constant, limitada por imaginário prosseguinte da Travessa [do] Manoel Herculano; a Praça seria, depois, ampliada e sob o nome de 'Praça Marechal Deodoro', depois 'Deputado Ataliba Leonel', voltando ao nome anterior até a atual 'Praça Dr. Pedro Cesar Sampaio'.
A nominação Praça Anchieta foi posteriormente transferida para defronte o Colégio Companhia de Maria e, hoje, é a praça defronte à Igreja Católica Santa Cruz, na Vila Mathias.
-Largo da Matriz: que somente passou a existir no tamanho atual a partir de 1902, quando o território da atual Praça Dr. Pedro Cesar Sampaio, com propriedades particulares e do Estado, foi agregado à Igreja, com o nome de 'Praça Marechal Deodoro', e, aos 24 de maio de 1924, teve denominação alterada, durante algum tempo, com a "inauguração da placa nominativa da PRAÇA ATALIBA LEONEL antiga Largo da Matriz, assim mudado pela Câmara em honra do prestigioso chefe e amigo de Santa Cruz." (A Cidade, 31/05/1924: 1).
A então Praça Ataliba Leonel tornou-se Praça João Pessoa - Lei Municipal 458, de 15/01/1931, para, pouco depois voltar à denominação Marechal Deodoro, hoje Pedro Cesar Sampaio.
-Largo da Independência: hoje inexistente, com raras citações, no início da atual Rua Marechal Bittencourt.
-Largo do Jardim: existente desde os primórdios de Santa Cruz, documentalmente citado em 1890 citado como Largo da Liberdade (Alistamento de Eleitores para Santa Cruz do Rio Pardo), até quando a inauguração do jardim público a sete de setembro de 1904 ano (Correio Paulistano, edição de 12/07/1904: 2), com a denominação Praça da República, e o nome Liberdade levado ao Largo de Santo Antonio, conforme citação em Lei Municipal nº 143, de 03 de novembro de 1909.
O jardim foi projetado pelo engenheiro da municipalidade dr. Lars Swenson, vinculado aos Sodré, sob a denominação Praça da República, posteriormente remodelada pelo autodidata Américo Roder nos anos de 1930, inclusive o coreto, no governo municipal de Abelardo Pinheiro Guimarães - 1930/1935 (Debate, 15/02/2015 - Caderno D), mantida a mesma denominação até a substituição por Praça Deputado Dr. Leônidas Camarinha, pela Lei Municipal nº 746, de 14 de dezembro de 1977.
-Largo Santo Antonio: tornou-se a Praça da Liberdade e depois Praça Domingos Gabriel, onde a Igreja de São José.
-Largo do Rosário: destinado aos descendentes negros, teve nome alterado oficialmente para 'Praça Coronel Marcello Gonçalves de Oliveira', depois 'Praça 13 de Maio' - mais conhecida por 'Largo São Benedito', até sua denominação alterada para 'Praça Otaviano [Octaviano] Botelho de Souza', pela Lei Municipal nº 689, de 14 de abril de 1976.
-Praça Coronel Antonio Evangelista da Silva: mencionada na Lei Municipal nº 274, de 17 de outubro de 1919, como "o Largo fronteiriço ao Grupo Escolar, que divide com as Avenidas Tiradentes [fundos], Silva Jardim, as ruas Marechal Bittencourt e Benjamin Constant [frente], chama-se Praça Cel. Antonio Evangelista da Silva."
Teve expropriação legal por utilidade pública, isentando os descendentes do coronel Antonio Evangelista da Silva dos impostos sobre os terrenos, e dando-lhes, por permuta, os terrenos municipais no antigo cemitério confinados pelas avenidas Silva Jardim - atual Dr. Cyro de Mello Camarinha - e Baptista Botelho, entre as ruas Quintino Bocaiuva - atual José Epiphanio Botelho e Euclides da Cunha (Lei Municipal nº 419, 30/12/1927).
A praça expropriada foi dividida em lotes alienados a particulares.
-'Largo da Chegada' hoje 'Praça dos Expedicionários' ou 'Coronel José Eugenio Ferreira': como referência a antiga parada na estrada entre a sede do município, Santa Cruz do Rio Pardo, e a Fazenda Mandassaia, mais ou menos quarenta metros entre as ruas que viriam ser denominadas Euclides Euclides da Cunha e Antonio Mardegan, a partir acima do velho cemitério, terreno onde presentemente o fórum, até ultrapassar o valo que dividia a zona urbana santa-cruzense da rural, rumo às proximidades das contemporâneas ruas Simão Cabral, Euclides da Cunha, Avenida Cel Clementino Gonçalves e Travessa Marechal Deodoro, nas partes faceando com terreno da futura escola Leônidas do Amaral Vieira, um espaço arborizado, ponto de parada para os chegadores com famílias, que antigas tradições lembravam como lugar com algumas mesas e bancos em madeira, sombreadas por árvores, pequeno chafariz ao fundo, além das latrinas e dos bebedouros para os animais. 
Sem qualquer documento, apenas lembranças dos que viram ou ouviram dizer, o lugar parece ter existido desde 1870, talvez antes, como 'Largo da Chegada'. A certeza documental, todavia, apenas quando da expansão urbana de Santa Cruz, para além do valo, com as formações das vilas Sidéria e Santa Aureliana.
Após o término a 2ª Guerra Mundial, pessoas se reuniam naquele Largo para ouvir histórias dos ‘expedicionários santa-cruzenses’, além dos jogos de cartas - truco, caxeta e outros, sendo ali conhecido como 'Praça dos Expedicionários', singela e espontânea homenagem popular santa-cruzense aos seus heróis de guerra.
Aos 24 de agosto de 1960, através da Lei nº 99, o prefeito Onofre Rosa de Oliveira deu ao lugar a denominação ‘Praça Coronel José Eugenio Ferreira’ (Câmara Municipal - Arquivos) , mas o povo continuou chamá-la 'Praça dos Expedicionários'.
O prefeito Carlos Queiroz, em 1967, nomeou uma Comissão para estudos e levantamentos históricos da participação santa-cruzense na Segunda Guerra Mundial, intentando instalar naquela praça o ‘Monumento aos Soldados Expedicionários’, sem qualquer ato oficial localizado, exceto a Comissão por ele nomeada, cujo trabalho, concluído às pressas, trouxe biografias erradas dos soldados partícipes da Guerra.
Do que se tem lembrança, o prefeito Carlos Queiroz denominaria o local ‘Praça dos Expedicionários’, todavia, alertado que ela já tinha por designação ‘Coronel José Eugenio Ferreira’, apenas fez colocar o marco dedicatório, inaugurando-o aos 20 de janeiro de 1968.
O prefeito Aniceto Gonçalves, pelo Decreto nº 328, de 31 de agosto de 1982, fez colocar e inaugurou, na mesma Praça, um obelisco, com placa de bronze, em memória aos 
‘Soldados Constitucionalistas de Santa Cruz do Rio Pardo’.
No início do governo Adilson Donizeti Mira (2001/2008), uma placa publicitária do Supermercados Carrer, no topo de uma grande estrutura em ferro – poste, tombou sobre o obelisco constitucionalista destruindo-o, jamais reformado ou posto outro no lugar, e a placa desapareceu.
A praça se transformou em ‘lanchódromo’, comércio sem infraestrutura e em péssimas condições no decorrer dos anos até 2021, quando o então prefeito, Diego Henrique Singolani Costa, com a ‘saída forçada’ dos comerciantes, deu início à revitalização da Praça, nomeando ‘Comissão de Resgate Histórico e Fotográfico de Santa Cruz do Rio Pardo’, para corrigir os erros biográficos dos heróis homenageados, dar nome efetivo à Praça e repor o obelisco do Soldado Constitucionalista. A praça, no andamento das obras, seria constantemente avaliada pela Comissão, inclusive a aprovação de sua finalização.
Comissão cujos membros sem remuneração, porém, suas atividades consideradas relevantes serviços para o Município, no entanto, foram gastos dinheiro público desnecessariamente.
Meses antes da conclusão das obras, o Presidente da Comissão, empregado público municipal, designado em chefia, deixou de marcar reuniões, alheando os membros das sequências das obras, assim mantidos alguns erros anteriores e a não colocação do obelisco constitucionalista, portanto, revitalização mutilada, apesar de onerosa.
A Comissão continua existente, inoperante, e a praça já apresentando, em outubro de 2024, sinais de abandonos, lamentável destino de um lugar com tantas histórias e memórias vividas.
-o-
A cidade tinha, ainda, o 'Beco do Coronel Moyses Nelly', chamada 'Travessa da Cadeia Velha',
depois oficialmente 'Travessa Manoel Herculano', nome substituído por 'Travessa 23 de Maio' em homenagem aos estudantes paulistas, 'Martins, Miragaia, Drausio e Camargo - o MMDC', mortos numa manifestação anti-Vargas em 23 de maio de 1932, estopim para a Revolução de 1932, porém retornando ao antigo nome, 'Travessa Manoel Herculano', pela Lei Municipal nº 46 de 22 de dezembro de 1949, homenagem ao morador Manoel Herculano Leite.
A referência 'Travessa da Cadeia Velha' se deu que, por algum tempo entre a desativação da cadeia de madeira (1895) e inauguração de novo edifício para aquele fim (1901), os presos foram abrigados numa casa de esquina pertencente a Manoel Herculano Leite, na dita travessa (DOSP, 29/03/1896: 3).
As praças e os largos sob responsabilidades da Igreja Católica, foram ideados por padres, onde edificados os templos religiosos, remodelados pelo engenheiro Lars Swenson, por Américo Roder e José Acácio dos Santos, este um projetista, segundo memórias envolvido na construção da atual Matriz.
Muito se dizia, também, de Elias Vezevit, hábil construtor e reformador de prédios públicos e praças, envolvido numa das reformas da antiga Matriz antes da demolição. 

7. Contestações de divisas
Santa Cruz reagira negativamente às suas divisas territoriais dadas pela Câmara Municipal de 'Lençóes' e aprovadas pelo Governo Provincial em Ato de 09 de novembro de 1872, por objeto  reaver toda a bacia do rio Alambari desde as cabeceiras, vertente e contravertentes, daí a divisar pelo arroio Vermelho e não pelo ribeiro de Santa Clara, conforme definido pelo legislativo lençoense.
Sem Câmara Municipal, a Igreja representava os interesses da coletividade, e o então vigário João Domingos Figueira, redigiu e assinou um documento datado de 02 de julho de 1875, encaminhado Presidente da Província de São Paulo, propondo e requerendo novas e urgentes divisas entre Santa Cruz do Rio Pardo e São Pedro do Turvo.
No pedido o padre solicitava a solução para os problemas de travessia do rio Turvo em direção a São Pedro:
"(...) defrontando os interesses temporaes e espirituaes dos habitantes da Freguesia de Santa Cruz, redusindo-os a uma catastrophe de pluvial máxima, quantas a espiritual, com dois rios a atravessar para São Pedro, sem pontos, onde tem naufragado viajeiros com seus animaes. (...)." (ALESP, EE 73_27.1).
-o-